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Street Fighter 3: 3rd Strike Online Edition

Após os sucessos comerciais e de críticas de Street Fighter 2 (e seus inumeráveis upgrades) e da série Street Fighter Alpha / Zero, a Capcom teve sérios problemas com Street Fighter 3.

Com uma proposta de renovação de elenco, evolução tecnológica em animação e aumento da exigência técnica nas mecânicas de luta, Street Fighter 3 não agradou os jogadores de início. Em suma, grande parte do novo elenco não teve o mesmo apelo para com os fãs e as mecânicas de combate do game eram muito complexas para que um jogador casual de fighting games pudesse realmente se divertir ao longo da jogatina.

O primeiro jogo da série, Street Fighter 3: New Generation, possui dentre os lutadores da velha guarda somente Ryu e Ken em seu elenco. Posteriormente foi lançado Street Fighter 3: Second Impact, que trouxe mais personagens novos e o retorno de Akuma, mesmo que somente como personagem secreto.

As particularidades de mecânicas de luta desses dois games foram levadas posteriormente para o último e definitivo game da série Street Fighter 3, Street Fighter 3: 3rd Strike.

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3rd Strike incluiu ainda mais novos personagens no elenco e trouxe de volta a eterna musa dos jogos de luta Chun Li. Esse jogo foi o primeiro Street Fighter que trouxe com mais evidência a cultura competitiva profissional dentro do gênero fighting game ao ocidente e mesmo passando longe do sucesso de Street Fighter 2, foi de longe o game da série Street Fighter 3 mais bem sucedido.

Em 2011 a Capcom lançou para Playstation 4 e Xbox 360 Street Fighter 3: 3rd Strike Online Edition. Parecia o momento perfeito para um lançamento desse, uma vez que Street Fighter 4 gozava de enorme popularidade em ambiente competitivo. O review aqui presente se foca justamente nessa versão do game, mesmo que abarque questões inerentes da versão original.

Street Fighter 3: 3rd Strike Online Edition traz absolutamente tudo o que o original trazia em suas conversões para consoles (Dreamcast e Playstation 2). Ademais, adicionou novas opções interessantes como trials para cada personagem e gerais, que auxiliam no aprimoramento e compreensão das mecânicas de jogo e é claro o modo online que estampa o nome do game.

O visual do game não ganhou alterações estéticas como ocorreu com Super Street Fighter 2 Turbo HD Remix, ou seja, são os sprites de animação do game original que são mostrados na tela. Existem alguns filtros visuais, mas que são meras perfumarias para suavização de pixels e afins.

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É possível adequar a tela para o padrão widescreen, mas isso “expicha” tudo verticalmente o que deforma os personagens e cenários e por isso não é nada recomendável que se utilize desse recurso.

É admirável notar o quanto as animações dos personagens ao longo das lutas são fluídas e detalhadas. Cada movimento executado possui uma altíssima quantidade de quadros de desenho o que impressiona até hoje, mesmo sendo um jogo dos anos 90. Tem muito fighting game 2D atual que não possui uma qualidade de animação tão boa quanto Street Fighter 3 possui.

Felizmente nada foi alterado no que cerne ao gameplay. Street Fighter 3: 3rd Strike é um game que preza pela finesse técnica do jogador e assim ele se mantém nesse Online Edition. O game continua não sendo para um jogador casual de fighting game, exigindo um parrudo conhecimento de suas mecânicas e experiência com games do gênero para começar a ser aproveitado.

Dentre as questões que fazem desse game um jogo de luta tão técnico, destaco o fato de não haver mecânicas de comeback e o parry.

Técnicas de comeback são recursos que permitem que um jogador basicamente vire a luta de maneira brutal. Normalmente são mecânicas que permitem remover muita energia do oponente sem o mesmo esforço que isso teria regularmente. Exemplos de mecânicas assim são o “Rage” de Tekken e o “Pandora” de Street Fighter x Tekken.

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Street Fighter 3 não possui nenhum tipo de técnica de comeback, o que faz que cada ação do jogador seja mais pensada e calculada, uma vez que um erro punido pelo adversário tenha de ser compensado “na unha”. Além disso, no caso de um round que esteja quase perdido, será necessário correr atrás do prejuízo sem o auxílio de nenhuma técnica que o auxilie nessa questão.

Errar em Street Fighter 3 é muito mais problemático para um jogador do que na maioria dos jogos de luta do mercado.

Unido a isso temos o sistema de parry. Essa é uma técnica de defesa mais agressiva que bonifica o usuário por não ficar em blockstun após sua execução. Com isso é possível contra-atacar imediatamente após o parry.

O xis da questão do parry é que para sua execução é necessário projetar o personagem em direção ao ataque recebido. Como sabem, a defesa em Street Fighter demanda um movimento oposto a esse. Ou seja, para tentar executar o parry é necessário abdicar da possibilidade de se defender. Erre e será punido severamente por isso.

Para complicar ainda mais a questão, no caso de o golpe aplicado pelo adversário ser multi-hit, é necessário efetuar o parry em todos os hits para depois contra-atacar. Some isso ao fato de a janela de execução do parry ser minúscula e você possui aí uma mecânica poderosa, mas com uma exigência de execução absurda.

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Para se utilizar a contento do parry é necessário possuir além de um conhecimento absurdo do match contra todos os personagens, de uma leitura de jogo enorme.

A diferença entre um jogador que conheça bem as mecânicas de Street Fighter 3: 3rd Strike e um que não as conhece é abismal. Jamais o segundo conseguirá chegar perto de derrotar o primeiro em um combate.

O online funciona muito bem e uma vez que ambos os jogadores possuam boa conectividade, problemas não ocorrerão. Caso não, o rollback será constante e em um game tão tecnicamente exigente isso de antemão já impossibilita uma boa experiência de jogo.

Inexplicavelmente não existe filtro por região no matchmaking. Essa opção é muito útil pois facilita o encontro de dois jogadores o mais próximos quanto possível geograficamente e isso minimiza problemas de conectividade entre ambos.

Caso possa escolher, vá de Xbox 360 para as jogatinas online. A inquestionável maior estabilidade e qualidade de serviço da Live é com certeza necessária aqui.

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As opções para jogatinas online são as básicas, permitindo partidas ranqueadas, casuais e montagem de um lobby com vários amigos, por exemplo.

As músicas de menu foram remixadas e isso gerou certa controversa na época do lançamento, pois muita gente alegou preferir as versões originais. Quanto as músicas de cada cenário, nada foi alterado aqui, seja na composição ou mesmo na estrutura de execução das mesmas. Cada cenário possui três músicas, cada uma a ser executada em um round da luta.

Todos os menus do jogo foram completamente refeitos, se adequando a estética e design atuais e tudo em alta definição.

Caso você seja um entusiasta dos fighting games e tenha deixado Street Fighter 3: 3rd Strike passar na época de seu lançamento, aconselho a dar uma chance a Online Edition. Permita-se conhecer um dos melhores e mais exigentes jogos de luta 2D da história. Atualmente a comunidade online do mesmo nos consoles não é muito grande, mas o game está a um valor muito acessível na Live e na PSN.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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