Street Fighter: A Lenda de Chun-Li

Uma Lenda que ninguém merece ver
Street Fighter: A Lenda de Chun-Li (Street Fighter: The Legend of Chun-Li, EUA, Japão, Canadá, India, 2009)
Gênero: Ação
Direção: Andrzej Bartkowiak
Duração: 96 minutos
Censura:
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Site Oficial: Clique aqui

Aproveitando o embalo da crítica do game baseado no filme de Street Fighter: A Batalha Final, resolvi fazer uma dobradinha trash com o segundo longa-metragem da franquia: Street Fighter: A Lenda de Chun-Li. Você que não é tão ligado no universo do famoso jogo de luta, talvez nem saiba que existe um segundo filme, que estreou em 2009 e foi um completo fracasso, nem chegando a passar nos cinemas brasileiros, foi direto pro DVD.

Sim, ele existe. E sim, ele é tão ruim quanto o filme estrelado por Jean-Claude Van Damme, de 1994. Ainda não foi desta vez que a turma de Ryu e cia se acertaram nas telonas. Talvez a Capcom devesse contratar os caras que fazem adaptações de super-heróis para o cinema, como o Sam Raimi (Homem-Aranha) ou Brian Singer (X-Men e Super-Homem: O Retorno… pobre zulão, merecia coisa melhor), já que os heróis geralmente possuem boas adaptações.

isso é o mais próximo da Chun-Li que pode ser visto no filme

Para começar o filme foi dirigido por um cara que eu não consigo nem falar o nome, um tal de Andrzej Bartkowiak (santo Google!), que como o nome já acusa, é polonês. Ao olhar o currículo do cara, me surpreendo com alguns filmes como Advogado do Diabo, Máquina Mortífera 4 e US Marshals, que não são lá essas coisas mas divertem. Então eu vejo outro filme lá, de 2005: Doom: A Porta do Inferno. Pois é, ele não ficou satisfeito em estragar apenas uma franquia de games no cinema, então partiu pra outra. E o pior, a Capcom aceitou. Porra meu, esses japas não pesquisam não? Vão pegando qualquer um. Só colocar o nome do cara no Google e ver que ele fez a porcaria do Doom! Pé na bunda do otário e chama o próximo. Mas não…

E o trabalho do nosso amigo polonês em adaptar uma história centrada em apenas uma, das milhares de personagens da série, não podia ser pior. É tão complicado assim contar a história da Chun-Li? Um breve resumo: Ela é chinesa, gostosa, excelente lutadora que busca vingança pela morte de seu pai, um agente policial, pelas mãos da Shadaloo/M. Bison. Pronto.

Favelas do Rio de Janeiro? Não, Bangkok mesmo

Chun-Li vai para as favelas para aprender o significado da vida e encontrar o seu “eu”

como encontrar informações de uma organização criminosa que nem a Interpol tem informações?

Só ir numa lan-house e procurar no google

O filme tem um pouco disso. Chun-Li (que em mandarim significa “Bela flor da Primavera”) é interpretada pela gracinha Kristin Kreuk, famosa por seu papel de Lana Lang na série Smallville (o qual ela largou para fazer o filme…). Mostra-se um pouco da origem dela e de seu relacionamento com o pai. Anos depois, após Bison (Neal McDonough) e Balrog (Michael Clarke Duncan) sequestrarem o pai de Chun-Li, ela vai em busca do mestre Gen (Robin Shou – mais conhecido como Liu Kang de Mortal Kombat e um pirata  que apanha em Dead or Alive) para aprender mais a fundo os segredos das artes marciais e vingar o sumiço de seu pai. Claro que para isso ela teria que largar da sua vida de madame e pianista de sucesso para virar uma pessoa qualquer nas favelas, passando fome, frio e vendo as injustiças do mundo (que poético).

Em uma história paralela, temos os policiais Nash (Chris Klein) e a deliciosa Maya (Moon Bloodgood) investigando as ações da organização criminosa Shadaloo, comandada por Bison (vilão dos tempos modernos, que usa terno e gravata, empresário bem sucedido… igual os nossos políticos), que obviamente de forma muito criativa, planeja conquistar o mundo. Seus principais capangas são o já citado Balrog e Vega (vergonhosamente interpretado por Taboo da banda Black Eyed Peas). A Shadaloo, que domina a região de Bangkok, na Tailândia, faz a violência aumentar e quer ferrar com os inocentes cidadãos, coisa que a Chun-Li não curtiu nem um pouco.

o imponente vilão nos games

e sua versão “made in Brasília” no filme, mas…

… até que está melhor do que o outro…

… ou esse belo Vega…

Lendo assim até parece bacana não? Mas não é. O filme é chato e enrolado, o roteiro fraquíssimo se concentra em coisas banais, como o longo treinamento de Chun-Li ou aquelas cenas dela andando pelas ruas e favelas, não empolga em nada e tem muitos furos. O “treinamento” se resume ao seu mestre Gen dizendo que ela “ainda não está pronta” e que “deve dominar sua raiva” e aquele blá blá blá de sempre.

A caracterização dos personagens é péssima, com atores ruins e no geral que nem lembram os personagens originais. McDonough não convence como Bison (e o que aquela relação com a filha dele? nonsense), Taboo é uma piada como Vega, Chris Klein tentando ser engraçadão (de filmes como American Pie) não tem nada a ver como Nash (que nem devia estar no filme), a tal da detetive gostosona Maya, nem existe nos games (colocassem a Cammy então!). O Gen “Liu Kang” até que está bacana, apesar de muito novo, mas poderia ter sido melhor aproveitado. O grandalhão Michael Clarke Duncan também ficou bom como Balrog, mas o problema é a sua personalidade, que nada lembra um boxeador (no game inspirado em Mike Tyson) e mais parece um guarda-costas triplex de Bison que adora sair atirando.

o que fazer quando vários bandidos te cercam? Spinning Bird Kick na fuça deles

A Kristin Kreuk até segura bem a onda como Chun-Li, e impressiona em algumas cenas de ação, bem diferente da delicadinha Lana Lang que sempre  é salva pelo Clark. Se o roteiro estivesse melhor elaborado, com certeza ela teria se destacado no papel de Chun-Li. Claro que, apesar do bom preparo físico de Kristin Kreuk (que já praticou ginástica e Karatê – e possui ascendência chinesa, para quem não sabe) ela está longe de ser uma Zhang Ziyi (essa sim, chinesa “completa”, que já fez vários filmes de ação, como O Tigre e o Dragão e O Clã das Adagas Voadoras) e suas impressionantes performances acrobáticas (e com certeza uma escolha melhor para interpretar Chun-Li – apesar de eu achar a Kristin bem mais bonita).

Além dos nomes dos personagens, temos algumas poucas referências aos games, como o cabelo “Star Wars” da Chun-Li na boate, ou o beco de Gen, estágio do personagem em um dos games da série Alpha. Rola até um Spining Bird Kick da Chun-Li, em uma cena tosquíssima que dá vontade de chorar e umas tentativas de Kikouken. Podiam ter feito a alegria dos fãs e colocado a Kristin usando a clássica roupa azul da Chun-Li. Não é difícil, até uma criança consegue!

uma das melhores partes do filme, afinal ver duas gatas quebrando o pau sempre é muito bom em qualquer filme

Mas enfim, para não me alongar mais, o filme é ruim, podre, chato e falha vergonhosamente em adaptar e captar a essência de uma das mais queridas personagens do mundo dos videogames. Infelizmente nem todo o carisma e beleza de Kristin Kreuk salva essa bomba, que tentou pegar carona no sucesso de Street Fighter IV. E podem aguardar uma sequência, pois no final do filme conta com o clássico ganchinho, inclusive com uma micro participação de Ryu.

Qual o melhor filme de Street Fighter então? Bom, vocês podem escolher entre o curta Street Fighter Legacy ou esta belíssima e impagável cena com Jackie Chan (tem até ele vestido de Chun-Li).

E como aviso para os curiosos que ainda não viram o filme, o pequeno aviso abaixo em forma de vídeo:

Kikouken só nos momentos finais do filme

fica aqui a sugestão para a próxima Chun_li…

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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