Análises

Super Mario Sunshine

As encrencas de Mario

Princesa Peach resolve tirar férias e viaja para Delfino Island, levando Mario consigo. Porém, ao aterrisar, os dois se deparam com uma situação caótica – um sujeito parecido com Mario, chamado de Shadow Mario, está sujando toda a ilha com seu enorme pincel de tinta. Após conhecer uma espécie de bomba-esguichadora-de-água-portátil chamada FLUDD, Mario decide ir ao encontro do criminoso, que espalhou grandes “M”s por toda a cidade. Porém, é surpreendido pelos guardas locais, e é detido, confundido com o Shadow Mario. Após algum tempo ele é solto, mas não pode sair da ilha. É aí que começa a aventura em busca do malfeitor.

Uma boa história para um Mario cansado de castelos intermináveis lotados de tartarugas espinhudas, fantasmas e Goombas.

Graficamente falando

Super Mario Sunshine realizou diversas proezas até então na época não encontradas nos consoles. Trouxe diversos efeitos só vistos em jogos de PC, com destaque para a água, o fogo e o desfoque de distância. A água é excepcional – não tem muito a ver com as águas dos Far Crys da vida – mas não deixa de ser belíssima à sua própria maneira de ser, pois há diversas pigmentações diferentes, e a visão da água muda de acordo com o Zoom, tendo uma visão muito bonita daquela praia vista ao longe. É um dos grandes atrativos gráficos do jogo, aparece em boa parte dele seja nas ilhas cercadas dela ou da arma principal de Mario, que solta belos esguichos de água (ou o também belo vapor d’água). A iluminação não é grande coisa, mas dá um clima legal pro jogo, ajudando um bocado na imersão do jogador ao ambiente. A outra grande conquista técnica de Sunshine foi a “distance view”, que é no mínimo estonteante. Em qualquer área aberta do jogo, você pode enchergar visivelmente TODAS as outras localidades, ou seja, em qualquer ponto do jogo, você pode ver realisticamente, como na vida real, ilhas distantes, portos, cidades, e todos são acessíveis para se jogar. É algo impressionante, eu mesmo nunca tinha visto um jogo que desenhasse literalmente todos os “mundos” de uma só vez.

Se tecnicamente Mario Sunshine é espetacular, artísticamente ele dá um show. Traz um novo estilo à série Mario, refrescando o antigo estilo “castelo-dominado-por-bowser” usado desde Mario Bros 1 até Mario 64. Este tema é baseado na ilha tropical, portanto nesse Mario vai ser mais fácil achar bonitos coqueiros e plantas tropicais do que cogumelos. É difícil ver algo que fuja do tema, que se destaque demais, tudo se encaixa perfeitamente e o visual é muito harmônico. Todos os estágios têm seu própio tema, como praia, hotel, porto, parque de diversões, cidade nas montanhas, e todos são muitíssimo bem trabalhados e detalhados minunciosamente. Há uma grande variedade de obstáculos típicos da série Mario, e todos têm texturas de boa resolução. Enfim, há uma imensa quantidade de terra por se explorar, e toda ela é extremamente detalhada graficamente, tanto nos polígonos quanto nas texturas.

Os personagens também têm excelência no acabamento gráfico. Mario tem texturas em altíssima resolução, muito bonitas e críveis, e muitos, muitos polígonos. Tem polígono até pro bigodão dele. Sua animação também é sensacional, ele se move de maneira bem fluída e realista. Seus pulos, cambalhotas e capotes também estão muito bons. Fora isso, só a tradicional canseira que dá quando Mario está com energia baixa, e a soneca que ele dá quando o jogador não o movimenta por algum tempo.

Resumindo, Super Mario Sunshine tem gráficos belíssimos, tanto do ponto de vista técnico – trazendo várias inovações, como a água e o imenso distance view – quanto do artístico, com um tema novo e muito bem executado, quase de maneira infalível. Não chega a espantar por todas essas proezas, mas mesmo assim Sunshine é um belo banquete para nossos olhos.

“Its Me, Mario Sunshine”

Mario Sunshine conta com bons efeitos sonoros – genéricos talvez, mas ainda assim bons. Achei particularmente legal o som de Mario andando em cima do telhado, e o “splash” de quando ele pula na água. Na verdade, todos os efeitos sonoros relacionados à água estão muito bons em Sunshine. Os demais sons se encaixam com perfeição, ambientando com maestria os cenários.

As músicas de cada estágio são adequadas a cada situação. São longas e não cansam o ouvido, sendo até bem agradáveis. Elas se misturam bem ao som ambiente, contribuindo para a imersão do jogador na nova temática Mario.

O áudio em Mario Sunshine não é nada demais, mas também não deixa a desejar. É de boa qualidade, não deixando nenhum problema sério ou irritante.

O jeito é “mandar água” nos inimigos!

A grande diferença na jogabilidade do Mario Sunshine para o seu antecessor, Super Mario 64, é o uso intenso de F.L.U.D.D. (Flash Liquidizer Ultra Dousing Device) – através dele você faz praticamente tudo no jogo. Atacar, correr, navegar, flutuar, e lançar Mario ao alto são apenas algumas das utilidades do pequeno esguichador de água. Com ele, o jogo ficou completamente diferente do Mario 64, agora é mais difícil errar um pulo, já que você pode flutuar alguns segundos no ar. Porém, essa nova habilidade foi aproveitada para criar novos desafios, envolvendo muitos pulos e uso intensivo do FLUDD.

Há 4 bocais diferentes para o FLUDD, dos quais você começa com os dois primeiros e habilita os outros dois no decorrer do jogo:

Squirt Nozzle: O bocal do qual você vai usar mais, serve para atacar inimigos tanto em terra quanto na água ou céu, derrubar objetos, navegar em botes e apagar as pichações. Não pode ser trocado.

Hover Nozzle: O coadjuvante em terra, mas protagonista nos saltos. Você vai usar esse daqui boa parte do jogo, enquanto pula entre plataformas, cordas, árvores etc. Também te salva um bocado de vezes quando aquele salto não deu muito certo, pois você pode simplesmente flutuar de volta pra onde estava.

Rocket Nozzle: Lança Mario no céu como um foguete. É mais ou menos útil, já que você praticamente só usa ele quando quer alcançar um ponto alto rapidamente, sem ter que “escalar”, ou alcançar um ponto muito alto que só é acessível desta forma mesmo. Fora isso, esqueça este bocal.

Turbo Nozzle: Mario utiliza este bocal para correr e nadar bem mais rápido – ele forma uma espécie de turbina que esguicha água por trás de Mario, o impulsionando pra frente. Um pouco mais inútil que o Rocket Nozzle, pois na prática só serve para abrir algumas portas e alcançar alguns pontos elevados no mar. Mas fora isso ele tem um papel secundário muito importante no final do jogo, que é de acelerar o rítmo das coisas, já que convenhamos, é um saco andar de lá pra cá várias vezes num mesmo local procurando alguma coisa.

Como podem ver, vão esquecendo os socos e pulos sobre inimigos, que em Sunshine você vai usar mesmo é o FLUDD.

Mario Sunshine conta com uma boa dose de desafios secundários: são os famigerados estágios cheios de obstáculos que Mario deve enfrentar sem o FLUDD. A maioria desses estágios são fáceis ou moderados, bem divertidos e agradáveis, mudando um pouco a rotina do jogo. Mas, outros são infernais, onde se chega a arrancar os cabelos de frustação. Esses sim, são extremamente frustantes e irritantes, já que dependendo da ocasião você pode perder dezenas de vidas num único estágio, num único ponto, por um único motivo que você pode saber ou não. Recomendo que, quando puder, fujam como diabo da cruz desses mini-estágios que tenham mais dificuldades, porque o tanto que alguns podem divertir e agradar, outros irritam e frustam.

Explicado os side-quests e a nova forma de se jogar, posso falar agora do principal. A maior parte de SMS é a tradicional busca por items da maioria dos jogos de plataforma; você deve realizar diversas tarefas para conseguir os Shine Sprites, que são as “estrelas” deste Mario. Na maioria são tarefas-padrão como escalar até um ponto alto, achar uma entrada para um mini-estágio dentro do estágio principal, coletar 8 moedas vermelhas, coletar 100 moedas amarelas, derrotar o chefe, derrotar Shadow Mario, etc. Essas compõem cerca de 70~80% de todos os Shines. Mas, há um bocado de tarefas um tanto estranhas – uma particularmente bizarra (e chata!) é a de rolar uma melancia gigante montanha abaixo para vencer uma competição de melancias.

A jogabilidade em Super Mario Sunshine mudou a fórmula tradicional de Mario, mas nem tanto quanto parece. Apesar de inovar com o uso inteligente e criativo do FLUDD, o básico de qualquer Mario ainda permanece intacto. Apesar disso, a jogabilidade não é perfeita, há consideráveis momentos de frustação, e o uso dos dois Nozzles adicionais é no mínimo falho. Há alguns bugs horrorosos que aparecem aqui e ali, não chegam a ser problema sério no jogo, mas são feios e toscos. Bem que a Nintendo podia ter testado o jogo exaustivamente antes de colocá-lo no mercado.

Diversão à toda prova

Mario Sunshine não traz lá muitas “recompensas” para quem termina o jogo, na verdade não traz nada a mais depois de acabar o jogo, apenas mínimas mudanças estéticas. Porém, ele não precisa tanto desses extras, pois é um jogo sólido o suficiente para instigar jogadores a acabar ele várias vezes. Por ser um jogo aberto, sem muitas obrigações, quase sempre na primeira vez que terminar, você vai esquecer vários Shines, e pode ter certeza que vai querer os encontrar na segunda ou até terceira “zerada”.

Podia ter trazido alguns adcionais simples como mudança de dificuldade, mudança na potência do FLUDD, etc, mas infelizmente não tem nada disso. Porém, isso não é tão grave – o mesmo acontece com Mario 64 – não se tem muito mais o que fazer depois de terminar todos os desafios, mas é aí que está o fator replay. É muito difícil achar todos os sprites de primeira, assim como era difícil achar todas as estrelas de primeira. Aí é que está o segredo do bom replay da série Mario.

Como na imensa maioria dos jogos nintendo, é na diversão que Shigeru Miyamoto se baseou ao criar Mario Sunshine. Que o cara é um gênio todos sabem – foi o criador de Zelda e Mario – só pra citar os mais famosos. Mario Sunshine faz justiça ao nome de seu criador, sendo um jogo extremamente divertido e agradável, com pequenos inconvinientes aqui e ali, que não tiram o mérito da grande diversão propiciada de um modo geral.

Mario Sunshine é aquele jogo que você sente prazer em jogar – é um Mario! E um bom Mario, muito proveitoso, com uma boa quantidade de elementos extras bem divertidos.

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