Análises

Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game

1989! Eu era um molequinho, rato de fliperama!
E como todo bom rato de fliperama, nada melhor do que reunir os amigos para uma jogatina em conjunto. Nessa época, nenhum jogo foi melhor para reunir a galera em comum jogatina do que o game Teenage Mutant Ninja Tutles: The Arcade Game. Com a possibilidade de chutar bundas dos ninjas do Clã do Pé com até três amigos simultaneamente, a diversão era garantida!

Entretanto, e toda história tem um entretanto, quem possuía um console de mesa e não podia ir a um fliperama (antigamente o Arcade era fliperama “mermão!”) como ficava? Ficava chupando dedo sem poder experimentar as Tartarugas Mutantes?

Jamais!

E é sobre o jogo para console de mesa das Tartarugas Mutantes, baseado em Teenage Mutant Ninja Turtles: The Arcade Game, que venho aqui tratar hoje.

Me lembro como se fosse ontem: Eu e meu pai fomos a uma loja comprar umas fitas para o saudoso sistema de 8 bits da Nintendo, carinhosamente conhecido por Nintendinho, o NES. Compramos algumas fitas que por certo me fizeram muito feliz, com uma ou outra ocupando um lugar especial em meu coração. Dentre as fitas lá estava ela, Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game.

E vontade de arrumar um “Delorean” agora….

Paremos de falar de mim e voltemos ao assunto que interessa.

Após o estrondoso sucesso que TMNT fez nos Arcades, a conseqüência lógica era que a Konami lançasse o game também para algum sistema caseiro para lucrar mais e mais, entretanto naquela época a história era bem diferente de hoje. A diferença de poder entre uma máquina de fliperama e um console caseiro era abismal. Games como Final Fight, Cadilac and Dinossaurs e o prórpio TMNT eram games que JAMAIS poderiam ser concebidos para uma plataforma de mesa sem que perdas homéricas de qualidade ocorressem.

Apesar disso, a Konami bateu no peito e fez sim uma versão de TMNT para um console caseiro, e assim, em 1990, nasce Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game. A inclusão do número II faz referência a esse ser o segundo game das Tartarugas Mutantes para o Nintendinho. O primeiro era tão ruim que não merece sequer uma menção honrosa.

Tendo em vista esse abismo entre Arcades e o Nes se esperava o pior, mas a Konami tirou leite de pedra, fazendo da versão do jogo para NES um clássico. Um game que para quem vivenciou essa época e teve a chance de experimentá-lo, está com certeza no coração.

A história da versão do game para NES é a mesma da versão para Arcade. Tudo começa com o prédio onde reside April, eterna companheira das Tartarugas, ardendo em chamas. Do topo de um prédio mais alto, vizinho do edifício em chamas, está Splinter e as Tartarugas. Ao comando de Leonardo as Tartarugas saltam para o prédio de April com o intento de salvá-la e a partir daí o game se desenrola. Tudo bem simples, bem palatável, assim como era o desenho animado, base para os games da série.

Passando essa apresentação inicial, o restante do game é tudo o que um bom e velho Bean´t Up tem de ser: hordas de inimigos lhe atacando sem dó durante toda a fase e ao fim, um chefe de tirar o fôlego o aguarda.

Como tinha de ser, o inimigo aqui é ninguém menos do que Destruidor e o seu Foot Clan. (Clã do Pé). Ninjas e mais ninjas lhe atacando, seja no braço, com estrelas ninjas, com armas e até mesmo com Hovercrafts (?!). A briga é braba. O trem é feio!

Passada toda a encrenca, no fim da fase é necessário descer o pau (opa!) em um dos chefes de fase do game e é claro que os chefes não poderiam deixar de ser cativantes. Os inimigos mais clássicos e poderosos das Tartarugas estão lá lhe aguardando. Claro destaque para os lendários Beebop e Rocksteady e, evidencialmente, para o Destruidor, que proporciona tanto do NES quanto nos arcades uma das batalhas mais memoráveis e criativas contra um final boss da história dos games.

A trilha sonora maravilhosa do game em sua versão para Arcade foi, na medida do possível, muito bem representada em sua versão caseira. As músicas da versão do Nintendinho são as mesmas da versão Arcade, dada a obvia diferença de qualidade sonora entre a máquina gigantesca e o console de mesa. Pense bem, se o Mega Drive (Genesis), que possui um chip sonoro MUITO superior ao do NES, já foi muito criticado por falta de qualidade, imagine o que o ínfimo poder sonoro do NES poderia fazer com músicas. Apesar dessa mazela, Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game pode se gabar no quesito sonoro. As músicas não irritam os ouvidos do jogador, ao contrário, são bem agradáveis. Destaque para a música tocada durante as batalhas contra os chefes de fase. Tanto no NES quanto no Arcade é a melhor do game. Os efeitos sonoros também não fazem feio, com destaques como o efeito de quebra de vidro muito bom e o rugir dos tigres na Last Stage.

Visualmente falando o game é LINDO. Nesse game a paleta de cores do 8 bits da Nintendo foi muito bem utilizada e nada parece deslocado do cenário como um todo. As Tartarugas, os Foot Clã Ninjas e os chefes são muito bem representados, bastando um relance nos mesmos para imediatamente identificá-los. Somente nunca entendi o porquê de Beebop e Rocksteady serem compostos somente por tons de cinza, mas enfim…. Em resumo, um dos melhores trabalhos que o NES já recebeu visualmente falando. Um deslumbre.

A jogabilidade, ponto mais marcante do game nos fliperamas, foi a que mais sofreu. Não que seja ruim, mas a farra de se jogar em quatro companheiros se foi, adaptando-se a dois jogadores simultâneos. Tecnicamente falando, o game para NES era muito competente, não apresentando bugs graves. Simples como foi a versão de Arcade, a jogabilidade do jogo é composta por somente dois botões, o de ataque e o de pulo. Pressionando ambos juntos, a Tartaruga selecionada realiza um golpe especial, que é mais poderoso que os ataques normais. “Sistema Final Fight” mesmo. Alias, é claro que o item para recuperação de vida durante o jogo é uma deliciosa pizza!

Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game é um game difícil na medida certa. Nada que um pouco de treino não o faça pegar a manha dos inimigos e dos chefes do game até culminar no Destruidor e mostrar com quantos cascos se faz um Cowabunga. E aqui abro uma aspas para falar dessa luta.

Você derrota tudo e todos até enfrentar o Destruidor em pessoa. O mano, a lenda, o mito. Assim que a luta começa, ele se clona. Sempre que se bate muito em um deles o capacete dele cai. Não muito depois, mais algumas pancadas e ele morre, ficando somente um em pé. Esse Destruidor que sobrou se clona novamente, e assim a coisa vai. Você mata um e o outro se clona. Você mata o outro e o restante se clona.

“WHATAHELL?!?!?!”

Para derrotar o Destruidor é necessário que o jogador bata em um Destruidor até que o capacete caia da cabeça dele e em seguida não se deve matá-lo, direcionando toda a fúria e os ataques no outro Destruidor ainda com o capacete. Somente quando todos os Destruidores da tela estiverem sem capacete, é possível matá-los sem o risco de mais clones surgirem.
E isso foi fabuloso! Lembro-me da primeira vez que joguei esse game no Arcade. Derrotamos Destruidores a perder a conta, até que, por iluminação divina, ou desespero por não mais saber o que fazer mesmo, um de nós sugeriu tirar o capacete de todos e assim a coisa fluiu. Tempos depois descobrimos que era esse realmente o truque da Final Battle do game e que muita gente custou a captar isso.

De repente, você leitor, nesse momento pode pensar “que bobeira, isso é tão evidente.”. Mas para a época, um chefe de fase em que deveria se fazer algo a mais além de dar-lhe pancadas até o fim simplesmente era algo inovador e não conheço um amigo que não se emocione em um bate papo informal ao se lembrar da primeira batalha contra o Destruidor em TMNT: The Arcade Game, seja na versão para Arcade, seja na versão para Nintendinho.

Não contente em conseguir operar um milagre, trazendo esse game com tanto primor para o NES, a Konami, para compensar as perdas óbvias na “transmigração” do jogo para o console caseiro, ainda adicionou elementos ao game!

A principal adição, sem dúvidas é uma fase integralmente nova. Nessa fase enfrentamos os Foot Ninjas em uma Nova York completamente coberta por neve. Ao fim dessa fase, temos de descer o cacete em um chefe de fase criado exclusivamente para o game, o lobo das neves mutante Tora. Um personagem interessante e que proporciona uma batalha agradável, apesar de ser uma das lutar mais fáceis do game.

Entre outras adições vale mencionar que todas as fases originais do Arcade foram extendidas para maior diversão do jogador. Outra mudança interessante se dá na fase em que enfrentávamos como chefes de fase, no Arcade, Beebop e Rocksteady juntos. A dupla foi substituída pelo doutor Stockman em sua versão Mutante. Uma das batalhas mais interessantes do game por certo. Na última fase do game, em sua extensão, foi-se criado um ambiente oriental em que pinturas de tigres saiam da parede para atacar as Tartarugas.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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