Análises

Tekken 3

Tekken 3

Nos anos 90 os jogadores sempre contaram com muitas opções no ramo de jogos de luta, inclusive com algumas grandes séries, tais como The King of Fighters e Street Fighter, só para citar algumas. Em 1994, coincidentemente no ano do nascimento da série da SNK, a Namco colocou a disposição dos amantes de lutas mais uma excelente série de luta em 3D, que ganhou espaço nos ringues mundo a fora e protagonizou sequências tanto nos Arcades quanto no Playstation, chegando finalmente ao último título da série para o console da Sony, Tekken 3, que é considerado como o melhor jogo de luta para a plataforma.

 

E lá vamos nós outra vez

Após a longa batalha no torneio anterior (Tekken 2), Heihachi Mishima consegue derrotar e matar seu filho Kazuya Mishima, retomando o controle da gigantesca companhia Mishima Zaibatsu e, como seu primeiro ato, cria uma força paramilitar chamada de Tekken Force que fica responsável pela segurança de sua megacorporação.

Quinze anos mais tarde, Heihachi ouve rumores sobre um templo asteca que possuí uma poderosa criatura derrotando e assassinando vários lutadores habilidosos. Guiado pelos rumores, Heihachi manda uma equipe da Tekken Force investigar mais a fundo, porém todos eles são destruídos pela misteriosa criatura, que pouco tempo mais tarde é reconhecida como Ogre, o deus asteca da luta. Alguns dias mais tarde Heihachi recebe a visita de Jin Kazama, filho de Kazuya Mishima e Jun Kazama, e possuí dentro de si um poderoso demônio que alimenta sua busca por vingança, uma vez que Jin acredita que sua mãe foi morta por Ogre. Vendo uma oportunidade para alcançar seus objetivos, Heihachi toma Jin como seu aprendiz.

Alguns anos mais tarde, após finalizar o treinamento de Jin Kazama, Heihachi anuncia o terceiro torneio King of Iron Fist Tournament (Torneio Rei dos Punhos de Ferro), motivado pela ambição de capturar e tomar para si o poder de Ogre e assim está aberta mais uma temporada das mortais lutas de Tekken.

Resumidamente, é plausível o esforço de alguns estúdios em tentar elaborar histórias trabalhadas e com um enredo coerente, mas infelizmente essas tentativas em grande parte fracassam por um motivo ou outro, sendo o principal deles a falta de foco na história para não tornar o jogo maçante ou a inaptidão de seus desenvolvedores para trabalhar a história com tantos personagens disputando o protagonismo, assim como acontece em Tekken 3. O enredo é mais fácil de digerir que nos jogos anteriores, mas está longe de merecer uma atenção especial por parte dos jogadores; caso estejam procurando um jogo de luta com uma boa história, aventurem-se na série BlazBlue, que possui um universo rico e com histórias bem mais trabalhada.

 

Tornando-se rei das lutas

Tekken 3 conseguiu milhares de fãs, tanto nos Arcades quanto no PS, por um simples motivo, é fácil de jogar sem abrir mão de uma mecânica complexa de combos, inclusive possibilitando que o jogador encaixe combinações originais. Qualquer pessoa pode experimentar algumas lutas e pegar gosto pelo jogo, já que há uma boa quantidade de combos fáceis de serem executados que, em muitas situações, podem ser tão úteis quanto os complexos golpes.

Não é necessário ser um mestre para conseguir encarar seus amigos ou o computador nas partidas de Tekken, bastando ter um pouco de frieza e agilidade além de estar ciente dos conceitos básicos de todos os jogos de luta, como conhecer os botões de esquiva, defesa, chutes, socos entre outros. A grande quantidade de lutadores ajuda ainda mais aos iniciantes ou jogadores menos competitivos, com muitos personagens fáceis de dominar e que oferecem grandes combos com o simples toque de poucos botões, como nos casos de Eddy Gordo e Hwoarang. Também vale ressaltar que os lutadores de Tekken costumam apresentar um grande equilíbrio entre eles, com todos eles apresentando pontos fortes e fracos, cabendo a cada um explorá-los da melhor maneira possível.

Os jogadores hardcore podem ficar tranquilos, Tekken 3 também abre muito espaço para eles com combos arrasadores, inclusive com alguns deles que tiram muito dano derrotando seus inimigos com poucos golpes, destacando um poderoso combo de “agarrar” do lutador King (representante do estilo Luta Livre), que consegue infligir um dano absurdo em uma sequência impressionante de agarrões e torções. Aos mais criativos é possível criar algumas sequências de combos originais, garantindo o elemento surpresa em partidas contra seus amigos ou desatenciosos que cruzarem seus caminhos em uma máquina de Tekken 3. O jogo ainda disponibiliza um robusto modo de treinos para praticar os vários tipos de combos disponíveis ou até mesmo inovar e tentar novas combinações.

As lutas em si são muito bonitas, graças ao excelente trabalho na animação dos personagens, que as deixam com uma pegada bem mais realista que em outros jogos do gênero, garantindo não só a diversão de quem joga, mas também de quem está assistindo as partidas. Para completar o pacote, além de ter muitos personagens com vários estilos de luta diferentes, é possível sempre adotar um ritmo muito pessoal durante as partidas de Tekken, já que o game permite várias abordagens diferenciadas, deixando a critério do jogador qual a melhor escolha, seja ela de partir para cima sem deixar o adversário respirar ou jogar no contra-ataque por exemplo. Com isso, além de deixar as partidas dinâmicas e sempre com um ar de novidade, Tekken 3 consegue ser um dos jogos que apresentam as mais belas lutas do console da Sony e nos Arcades, inclusive com alguns embates de fazer inveja até nos melhores filmes de Hollywood.

 

Boas opções para divertir

Tekken 3 apresenta ainda alguns incentivos bacanas para continuar jogando por muito tempo. Há vários personagens para desbloquear, inclusive alguns secretos como o dinossauro Gon, que é o tipo de personagem feito apenas para “zuar” com seus amigos; Gon é muito baixo, logo a maioria dos golpes não consegue acertá-lo, tornando os embates contra o carismático dinossauro um verdadeiro martírio. Alias, é bom zerar com todos os personagens já que cada um deles possuem CG’s finais diferentes um dos outros, com algumas bem engraçadas e outras mais relevantes à história do jogo, apesar de nenhuma delas contarem com dublagem.

Há ainda alguns outros modos de jogo para se divertir, como Tekken Force Mode que traz a velha mecânica dos Beat ‘em up, onde o jogador escolhe um personagem e deve percorrer por várias fases enfrentando diversos inimigos e chefes; essa é uma modalidade divertida, mas bem difícil.

Outro que merece uma menção honrosa é o Tekken Ball Mode, com os lutadores posicionados em uma espécie de quadra de queimada e devem usar uma bola (igual aquelas de praia grande) para tirar dano um do outro. Golpes diretos não funcionam e somente com a bola é possível tirar a vida do adversário e, dependendo do golpe que usar é possível dar efeitos à bola, que tiram mais vida e desviam para evitar que seus adversários a defendam; chutar a bola na marcação retangular da quadra também tira dano de seu adversário. Temos ainda outros modos de jogo, porém são apenas variações dos modos clássicos VS Mode e Arcade Mode, como o Team Battle Mode, onde é possível escolher até oito lutadores, Survival Mode e Time Attack Mode, presentes na grande parte dos jogos de luta.

Rei nos gráficos e sons também

Tekken 3 para Playstation é mais uma daquelas conversões heroicas, já que os Arcades ainda costumavam apresentar gráficos melhores que os consoles de mesa. Os lutadores receberam muita atenção, com modelagem e texturas de alta qualidade, revelando muitos detalhes nas roupas e músculos realistas, inclusive com todos os personagens tendo duas opções de roupagens com algumas que mudam até mesmo o personagem (casos de King e Mokujin, que muda de sexo), tudo isso sem parecerem desproporcionais ou exagerados, como acontece em Street Fighter com lutadores exageradamente musculosos. Outro ponto que realmente impressiona é que os lutadores são enormes na tela, ocupando praticamente toda ela e ajuda a mostrar muitos detalhes do excelente trabalho da Namco nos lutadores, com mais uma menção honrosa à câmera, que se distância de uma forma natural e confortável à medida que os personagens separam-se, sem atrapalhar ou incomodar os jogadores. As cenas em CG também são bem trabalhadas e ficaram muito boas e, apesar de serem curtas, aparecem em boa quantidade.

Há ainda muitos efeitos bonitos, como sangue que espirra ao acertar os rostos dos personagens e efeitos de raio e energia envolvendo os golpes mais poderosos dos lutadores, sombra e luz competentes, sem contar a fumaça que levanta ao fazer esquivas ou cair no chão. Outro fator nota 10 do trabalho da empresa japonesa é nas animações que são excelentes, com lutadores executando golpes, rolamentos, saltos e quedas em um grau de realismo impressionante, deixando as lutas bem naturais e lindas de serem assistidas. O ponto negativo fica por conta dos cenários, que possuem caracterizações diferentes para cada personagem, no entanto pecam pela falta de capricho, com texturas em baixa resolução e sem muita criatividade.

A parte sonora é outro exemplo de qualidade, a começar pelos efeitos sonoros, que contam com gritos de dor e força na hora de golpes, apesar da ausência de dublagens. Os efeitos de socos, quedas, golpes sendo defendidos e entre outros foram bem trabalhados para tentarem transmitir fidelidade e ajudar na “naturalidade” das lutas. A trilha sonora é outro show a parte, com ótimas músicas que misturam rock com batidas eletrônicas, que devem agradar mesmo quem não é chegado em nenhum dos dois estilos musicais, destacando que cada personagem tem uma música dedicada para si.

 

Curiosidade

Dentre as muitas “curiosidades e peculiaridades” do jogo, uma delas que se destaca é a de tentar adivinhar as referências a grandes personagens e atores de filmes famosos que os lutadores de Tekken 3 fazem referência, como Forest Law que presta homenagem a Bruce Lee e Lei Wulong, que faz referência a Jackie Chan.

 

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