Análises

The Amazing Spider-Man 2

 O jogo, desenvolvido pela Beenox, mostra uma história paralela ao filme e promete um sistema maior de habilidades e upgrades, além de uma progressão com maior liberdade, em relação ao título anterior.

O super-herói, um dos mais adorados por crianças e fãs de quadrinhos, ganhou bons jogos no passado como “Spider-Man”: Shattered Dimensions“, “Spider-Man: Edge of Time” e “The Amazing Spider-Man“, todos também produzidos pela Beenox. Mas será que a empresa conseguiu manter o alto nível de qualidade? Sim e não. Continue nos acompanhando e veja os pontos que gostamos, ou não, do jogo.

Fãs dos quadrinhos vão apreciar

O jogo possui uma narrativa que deve agradar aos fãs do aracnídeo, com algumas influências dos filmes e mais ainda dos quadrinhos. Dois anos se passaram desde a morte de Tio Ben e Peter Parker continua na caça do seu assassino, como o espetacular Homem-Aranha. A medida que o jogo avança, novos perigos e super-vilões surgem, deixando a vida do herói ainda mais complicada. Para quem acompanha o personagem nos quadrinhos, vai gostar de saber que temos presenças ilustres que não aparecem nos filmes, como Shocker, a Gata Negra, Kraven, Carnificina e o Rei do Crime, além dos Electro e Duende Verde, que estão no longa-metragem.

A história é bem amarrada e une todos os vilões de forma bem eficaz, como numa grande saga nos quadrinhos. Um dos pontos fortes do jogo é o de ter as missões principais bem variadas, com objetivos como derrotar capangas, desativar equipamentos, tirar fotografias, chegar em determinados lugares e infiltrar-se sorrateiramente em bases inimigas – e nesse último o seu sentido de aranha funciona como um excelente radar para detectar a presença de inimigos ou objetos importantes, bastante similar ao modo detetive da série “Batman”.

Herói ou ameaça em uma grande cidade para explorar

Outro fator que se destaca é a cidade muito bem construída, com vários tipos de prédios, carros e pessoas andando em uma Nova York colorida, viva e bonita. O Aranha possui uma série de movimentos e acrobacias ao balançar entre os arranha-céus que são um espetáculo na tela da TV, passando uma experiência muito emocionante e divertida.

A cidade possui várias missões paralelascomo capturar bandidos, tirar fotos, salvar reféns, perseguir carros em fuga – usadas para o sistema “herói ou ameaça“, que classifica o jogador de acordo com as suas ações: impeça crimes e veja sua popularidade aumentar; deixe os criminosos à solta e veja J.J. Jameson massacrar com a sua reputação e ser considerado uma ameaça à cidade. Isso garante uma boa longevidade para o game após terminar a campanha principal, além de ter vários colecionáveis para os jogadores que gostam de caçar tesouros, como uniformes especiais, revistas em quadrinhos e até estatuetas, disponíveis na loja de quadrinhos de Stan Lee, criador do personagem – e com dublagem do próprio.

Não tão espetacular assim

O jogo possui um sistema de evolução, em que o jogador vai ganhando pontos de experiência que podem ser usados para melhorar o sistema de combate, o lançamento de teias e os uniformes utilizados, deixando o personagem mais forte e ágil. Mas de forma geral, a mecânica de combate ficou simplista, não necessitando grandes estratégias ou comandos complexos para derrotar os inimigos – basta dar porrada e se esquivar de vez em quando. E se a coisa ficar preta (o que é raro acontecer), é possível usar a teia nos ferimentos para recuperar energia.

E já que começamos, vamos falar dos outros pontos negativos: o principal deles é o de ser muito parecido com o jogo antecessor, “The Amazing Spider-Man”, de 2012. A Beenox pegou toda a estrutura original e a usou de novo, aumentando as áreas, deixando cenários mais bonitos, adicionando algumas pequenas novidades, mas no fim o que temos aqui é um grande “deja vu“. É verdade que o sistema de teias e de se balançar está mais fluído do que antes, usando os dois analógicos como os braços direito e esquerdo –  ao usar os dois ao mesmo tempo é possível lançar o Aranha como um míssil em grande velocidade no ar. Temos também o sistema de moralidade e a possibilidade de se jogar  pela primeira vez como Peter Parker (seu alter eg0 é uma parte importante na mitologia do Homem-Aranha), fazendo missões investigativas, o que é até bastante interessante e cheio de potencial, mas que infelizmente teve um resultado final superficial. No geral, o nível de criatividade e originalidade ficaram abaixo do esperado, com ideias boas que podiam ter sido melhor aproveitadas.

Apesar de apresentar uma cidade com um belo visual, o jogo não possui gráficos que impressionem, especialmente para os novos consoles. Os visuais de áreas fechadas, como o interior de prédios, bases e laboratórios inimigos são genéricos e sem inspiração, mas ao menos oferecem pontos estratégicos para se usar os poderes do Aranha, especialmente no modo furtivo, que está mais arrojado do que antes.O destaque fica para o design do Aranha, com uma movimentação de corpo bastante fluída e realista, com várias animações diferentes para as acrobacias mirabolantes do personagem. Tanto se balançando no ar como combatendo inimigos, o herói se destaca elegantemente na tela. Por outro lado, sua contraparte Peter Parker se apresenta de maneira estranha, pouco lembrando o ator Andrew Garfield nos novos filmes e sua namorada, a bela Gwen Stacy, um dos elementos de maior destaque dos longas, foi completamente ignorada neste jogo. 

Já os inimigos seguem um estilo basicão e repetitivo, como capangas com visuais parecidos ao longo de todo o jogo. Ao menos os chefões possuem um visual mais elaborado, porém as batalhas contra eles não exigem muita estratégia. Além disso há alguns bugs como o personagem atravessando paredes, parando no meio do ar e em algumas cutscenes podemos perceber falta de sincronia no som com as imagens. Sem falar que as vezes durante as animações de diálogos, o Cabeça de Teia fica se remexendo enquanto fala, como se estivesse apertado para ir ao banheiro. A impressão que dá é que o jogo foi feito as pressas para coincidir com o lançamento do filme. Quem sabe se estivesse livre de amarras cinematográficas, o resultado final fosse bem melhor.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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