Análises

The Legend of Zelda: A Link to the Past

A lenda retorna nos 16 bits


“Noite de tempestade. A voz de uma garota o faz despertar.

“Você salta da cama sem saber se a voz é real ou apenas parte de um sonho. Deixando a cama, você encontra seu tio, que deveria estar dormindo a essa altura da noite, preparando-se para sair.
‘Estarei de volta pela manhã.’, ele diz, despedindo-se. ‘Não
deixe a casa.’

Você o observa sair, empunhando a espada da família e o escudo. Esta é uma noite incomum… Quem é
‘Zelda’? Para onde seu tio foi e por que razão?

E assim, em uma noite de tempestade, tem início um novo capítulo na lenda do herói de Hyrule — o novo capítulo da
‘Lenda de Zelda’…”

Traduzido do manual de “The Legend of Zelda: A Link to the Past”

“I am in the dungeon of the castle. Please help me…” – Princesa Zelda.

Poucas vezes na história da indústria dos videogames, um único personagem ou franquia conseguiu, por si só, tornar-se uma designação própria da indústria do entretenimento. Mario, Sonic The Hedgehog, Donkey Kong, Pac Man e Alex Kidd são alguns dos poucos exemplos de personagens que se fizeram distinguir como ícones ativos da indústria, simbolizando toda uma geração de jogadores de videogame e exercendo papel muito significativo para o futuro do entretenimento eletrônico. Assim também, Zelda é uma dessas poucas franquias, contadas nos dedos, que conseguiram a proeza de funcionar como representação visual e simbólica de uma indústria de proporções gigantescas.



Assinalado em 21 de novembro de 1991 (92 nos EUA e Europa), o clássico “The Legend of Zelda: A Link to the Past” é o terceiro game da antológica série “The Legend of Zelda”. O jogo fora lançado no sistema Super Famicom ou SNES (“Super Nintendo Entertainment System”), e é o único jogo da série lançado no sistema. Muitas pessoas consideram “Zelda: A Link to The Past” como o melhor game já desenvolvido pela Nintendo. Esse game foi considerado pela revista oficial Nintendo Power como o melhor game da Nintendo por mais de cinco anos consecutivos (mesmo após o encerramento das vendas do Super Nintendo).

Conheça agora os motivos que fizeram de “A Link to The Past” um dos mais memoráveis e divertidos games da série (e de toda a história dos games).

O Legado da Série

Falar sobre Zelda (série nascida em 1987 com o clássico “The Legend of Zelda”, dirigido por Shigeru Miyamoto) é também fazer um estudo das origens e progressos obtidos pelo mercado de produção de jogos no percurso do tempo. O impacto causado pelo lançamento de “The Legend of Zelda” no universo dos games não apenas marcou o avanço de um degrau a mais no desenvolvimento gradual da indústria (não em termos de avanços gráficos, mas no conceito que se tinha sobre o quesito diversão), mas também marcou muitas pessoas que ainda conservam as aventuras de Link na memória mesmo após a passagem de uma década inteira desde seu surgimento. O primeiro Zelda do NES (nintendinho) também é considerado o precursor espiritual do estilo usado nos RPGs de visão isomérica.



Link, no primeiro game da série. A visão isomérica deste game inspirou muitos RPGs que futuramente viriam a usar
do mesmo recurso.

Nem sempre é fácil analisar um game lançado no início da década de 1990. Por isso, antes de iniciar a crítica propriamente dita da obra “A Link to The Past”, cabe-nos fazer uma contextualização do perfil crítico dos jogadores e fãs de Zelda na época, a fim de fazermos uma reconstrução mais fiel daquilo que o game representou para o seu tempo. Então, mãos à obra:

1990. Um ano bem marcante para os fãs de videogame em geral. Havia começado a guerra pela liderança do mercado 16-bits e muitos games legais não paravam de aparecer. Dentro desse contexto, fãs da Nintendo e donos de SNES questionavam quando a empresa lançaria um novo capítulo de sua célebre franquia: “The Legend of Zelda” — já fazia anos desde que o último game da série fora lançado no nintendinho. Os jogadores da época aguardavam aborrecidos e desgostosos, uma vez que o estilo side-scrolling de Zelda II – último game de Link até então — não havia agradado os fãs do primeiro “The Legend of Zelda” original.

Foi então que surgiu a boa notícia: o produtor Shigeru Miyamoto, junto com o diretor Takashi Tezuka, começou a desenvolver um novo título da série — dessa vez seguindo os padrões clássicos do primeiro game. Um pouco de júbilo e uma nova esperança de um bom game tomavam conta dos fãs de Link, que já prenunciavam o surgimento de uma nova obra-prima. Realmente, o lançamento de “A Link to The Past” foi um acontecimento muito feliz no mercado de videogames.


O Retorno da Lenda

Conforme a opinião da maioria dos fãs da série, já convictos de que a Nintendo fora malsucedida ao adotar o modelo side scrolling para o segundo Zelda do NES, era uma necessidade presumível e natural que o estilo de gameplay em visão isomérica fosse adotado novamente. A necessidade de acertar dessa vez e de fazer um ótimo game, portanto, fez com que o estilo de jogabilidade do primeiro “The Legend of Zelda” fosse espontaneamente retomado.

Em “A Link to the Past”, o jogador ganha o consagrado panorama de visão elevado, mostrando de cima os personagens, o conjunto de bastidores e cenários, e vistas apropriadas aos fatos que se representavam no jogo — tudo era visível em uma condição superior, que se costuma chamar de “visão isomérica”. Isso ajudou a tornar o gameplay mais dinâmico (condição fundamental de jogos divertidos), possibilitando o aparecimento de um número maior de personagens e adversários simultâneos e outros mecanismos de jogo no geral muito criativos.

A qualidade gráfica do jogo era excelente, o que serviu apenas para avigorar a boa impressão já causada pelo game, em relação ao primeiro Zelda do NES. Todos os cenários tinham uma aparência muito bem detalhada. Embora o quesito gráfico, frente ao altíssimo nível de diversão, não seja o mais importante — nem o mais relevante — do game, a parte técnica de “A Link to the Past” alentava os fãs do Super Nintendo e já mostrava bem o que o sistema da empresa podia fazer na época.

No enredo, um feiticeiro chamado Agahnim ganha domínio sobre Hyrule e usa seus poderes malignos para libertar Ganon de sua prisão. Controlando Link, você deve salvar a princesa Zelda das garras de Agahnim, libertar os descendentes dos “Seven Sages” e impedir que Ganon seja libertado de sua prisão em Dark World.


Marco Obrigatório do Super Nintendo

O gameplay era muito divertido, singelo, sem complicações e muito fácil de acostumar — a Nintendo soube fazer muito bom uso dos botões múltiplos do controle do Super Nintendo, o que tornava a jogabilidade ainda mais eficiente em relação aos Zelda’s do NES. Havia um botão para usar a espada, um para uso do item, outro para ativar o mapa etc. Aqui, a aptidão de Miyamoto para formular idéias criativas ficou muito evidente, mostrando que o game foi esmerado com muita originalidade e engenho. O designer da Nintento conseguiu tornar ainda mais diversificado o número de power ups vistos no jogo, que realmente apresentavam formas e utilidades diversas e de participação constante: quatro upgrades para a espada, três upgrades para o escudo e a túnica, um número imenso de power-ups, e mais de 20 itens úteis e novos. O jogo esbanjava uma invejável diversidade de aspectos criativos, mas sem distanciar-se da saudosa simplicidade dos games da era 16-bits.

As músicas, compostas pelo artista Koji Kondo, possuíam uma qualidade que espantava por sua riqueza e por uma fabulosa combinação de sons, que harmonizava perfeitamente a atmosfera do jogo. Muitos consideram o tema da série — a música “Hyrule Overture” (aquele tema bem legal que toca quando você anda pelo modo overworld) — é um dos temas mais formidáveis e marcantes dos games de aventura, ficando ao lado de outras pérolas musicais do universo dos games (como o tema da série Dragon Quest, por exemplo) – essa música captava muito bem todo o ambiente moral do jogo. Para os jogadores mais jovens, vale lembrar que muitas músicas de “A Link to The Past” foram reproduzidas no “Ocarina of Time”. Portanto, se você curtiu o “Zelda: OoT”, vai ficar emocionado ao ouvir aquelas mesmas músicas tocando em estilo “SONY SPC700” (chip de som de 8-bit usado no Super Nintendo — criado por Ken Kutaragi). Não há como descrever, simplesmente fantástico. Nota máxima para a qualidade sonora do game.

Kazin Mage

Amante de RPGs japoneses.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!