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The Surge

Atualmente uma das manias adotadas por algumas desenvolvedoras é criar jogos que sejam parecidos com Dark Souls, para pegar carona no sucesso da aclamada franquia. Contudo, se você está achando que The Surge é simplesmente uma versão Sci-Fi do título da From Software, está redondamente enganado. Ele possui aspectos na sua jogabilidade que o fazem ganhar sua própria identidade.

A história do game começa com você na pele do protagonista, um sujeito chamado Warren, no seu primeiro dia de trabalho em uma empresa multinacional chamada CREO, que é, resumidamente, responsável por todos os mais recentes avanços tecnológicos da humanidade. Um deles foi a criação de exotrajes, que servem para facilitar a execução dos mais diversos tipos de trabalhos. Parecia tudo normal até que um evento catastrófico te deixou inconsciente e fez com que todos os funcionários equipados com estes trajes robóticos perdessem a razão, atacando e destruindo tudo ao seu redor. Cabe então a você explorar as instalações da CREO para descobrir o que está acontecendo.

Infelizmente a narrativa do jogo não é nada boa e, pouco a pouco, você vai perdendo completamente o interesse na trama, que é medíocre, pra dizer o mínimo. Ao contrário de outros jogos Sci-Fi como Deus Ex ou System Shock, aqui a inovação neste aspecto é zero, não chegando nem perto de oferecer uma experiência que prenda sua atenção no que diz respeito a isso. A trilha sonora, quando aparece, não impressiona nem um pouco. Da mesma forma que a história, é completamente esquecível.

O ponto verdadeiramente forte presente em The Surge é a sua jogabilidade que arrisca em inovar e não faz feio. Há uma mecânica que permite a você focar sua atenção em uma determinada parte do inimigo (braços, pernas, cabeça ou tronco) para seus ataques ocorrerem unicamente nesta região do corpo que você escolheu. Quando a vida do adversário está quase no fim, lhe é oferecida uma oportunidade de finalizá-lo com um ataque visceral. Se você estava focando seus golpes, digamos, na cabeça, ela será decapitada. Nas pernas ou braços, eles serão decepados. No tronco, o inimigo será cortado ao meio.

Caso a parte arrancada do inimigo estiver protegida por uma armadura, você poderá pegá-la. Algo essencial para montar os diversos conjuntos de exotrajes disponíveis no jogo e obter materiais para isso. É possível também melhorar os atributos deles. O legal nesse sistema é que dá para pular etapas de aprimoramentos, indo logo para a melhor possível, desde que você possua os itens necessários. Adicionalmente, existem complementos que podem ser anexados ao personagem de acordo com seu nível para que ele ganhe atributos como vida e vitalidade extra, possibilidade de se curar, mais energia para usar habilidades especiais e assim por diante.

As armas, assim como os exotrajes, estão divididos em categorias. No que diz respeito aos trajes, há aqueles focados na defesa, na mobilidade, entre outros. Isso sem falar que ter todas as partes de um conjunto lhe dará um bônus específico. O ideal é ir montando eles e experimentá-los em combate para ver se estão de acordo com o que você procura. No caso das armas, há aquelas de ataque rápido, de investidas lentas porém poderosas, de impacto, de alcance e por aí vai. As armas especiais, mais difíceis de serem obtidas ou então que lhe são dadas após vencer um chefe, contam com mais peculiaridades do que suas irmãs comuns. Todas possuem combos que você executa alternando entre os dois tipos de ataques possíveis, vertical e horizontal. Nisso especificamente o jogo falha, pois não existe controle total nos seus combos, sendo efetuados mais golpes do que você gostaria dependendo de como for seu ataque. O sistema de defesa, que permite a você pular, abaixar ou se proteger diretamente de um golpe e contra-atacar, também não me agradou muito, sendo algo que, pra mim, foi feito de maneira desajeitada. Dominar isso é tão complicado, que desviar do inimigo e atacá-lo quando ele abrir a guarda acaba tornando-se uma opção muito melhor e mais segura.

Quem gosta de jogos hardcore ficará feliz em saber que The Surge não lhe pega pela mão em momento algum. Os inimigos são impiedosos. Até o mais banal deles pode te destroçar se você não ficar atento. Enfrentar grupos é definitivamente algo que eu não recomendo que você faça, a não ser que esteja muito bem preparado. Estudar os movimentos de cada adversário é fundamental para sobreviver e avançar no jogo. Morrer você vai, e muito, talvez até a ponto de começar a xingar o jogo, portanto precisa aprender com seus erros de modo a evitá-los.

Quando comecei a explorar os cenários em The Surge eu pensei estar diante de uma experiência um tanto linear, mas após algumas horas, para minha surpresa, pude descobrir que os mapas, apesar de não parecerem grandes, são muito vastos e quase que completamente interconectados. Há muita verticalidade no design e dezenas de atalhos que existem para facilitar sua locomoção. Só tenho três queixas quanto a este aspecto do game. A primeira é que pelo fato de você morrer muito, terá de refazer um mesmo caminho diversas vezes, que na maior parte das vezes é bem longo, até finalmente encontrar o bendito atalho, o que deixa a experiência um pouco repetitiva e cansativa. O segundo é a ausência de um sistema de viagem rápida entre os locais de descanso. O último é que muitos dos cenários de um determinado local são bastante parecidos, não havendo pontos de referência claros para ajudar você a se localizar, o que pode fazer jogadores menos atentos a acabarem se perdendo.

Os chefes, embora poucos, também entregam um belo desafio. Infelizmente o conceito deles não ficou muito bom, tendo faltado originalidade na maioria dos confrontos. Entretanto, cada luta tem uma estratégia diferente que deve ser descoberta se você quiser sair vitorioso. Ficar somente batendo e desviando não bastará. É necessário prestar atenção ao seu redor e no que precisa ser feito em um determinado momento.

Outro aspecto interessante em The Surge é o modo como o game lida com sua morte. A sucata é o dinheiro do jogo. Com ela você sobe de nível, cria/melhora armaduras e aprimora armas. Quando você morre, a sucata que estava com você fica depositada no local de sua morte. Ao contrário do que é visto em Dark Souls, há um limite de tempo para você recuperá-la, que pode ser estendido matando inimigos. Se o cronômetro zerar ou você morrer de novo, sua sucata será perdida para sempre.

Graficamente falando, The Surge faz um trabalho muito competente. Seja qual for a plataforma onde você for jogar, os visuais agradam e não deixam a desejar. No PS4 Pro, console no qual terminei o jogo em aproximadamente 18 horas, existem opções para jogar em 4K dinâmico e 30 fps (qualidade) ou então em 60 fps na resolução 1080P nativa (desempenho), o que para mim, pelo menos, é a melhor escolha pois deixa a experiência muito mais agradável com a fluidez adicional. O curioso nisso é que você precisa reiniciar o jogo no console para alternar entre os dois modos gráficos, similar ao que ocorre em muitos títulos para computador. Há também a possibilidade no PS4 Pro de ligar/desligar o chroma shift (aberração cromática), borrão de movimento e modificar a intensidade do lensflare (brilho gerado por certos pontos de luz). Trata-se de um dos títulos que melhor usa os recursos adicionais da versão parruda do atual videogame da Sony.

Quem for jogar no Xbox One ou PS4 só poderá fazê-lo em 30 fps, infelizmente. No PC, há suporte para 4K nativo, 60 fps e melhorias como texturas e sombras mais definidas.

Uma cópia digital do game para PS4 foi fornecida pela Sony para análise.

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