Análises

Thunder Force IV

Um excelente shooter da lendária franquia

Durante sua longa carreira o Mega Drive teve inúmeros títulos de games em sua galeria, e um dos estilos que sempre marcou o console eram os jogos estilos shoot’m up, que geralmente faziam bonito no console de 16 Bits da Sega, por causa de seu rápido processador que permitia jogos rápidos e com muitos inimigos na tela. Desde o lançamento de “Gaiares“, um dos primeiros shooters do console, até o maravilhoso “Ranger-X“, um dos últimos a ser lançado, o console teve uma das melhores galerias de shooters dos 16 Bits. E uma coisa eu digo com certeza: “Thunder Force IV” está entre os melhores shooters (senão o melhor) já lançados na história dos videogames!

A série “Thunder Force“, hoje meio esquecida, fez história nos anos 80 e 90, marcando toda uma geração de gamers. Produzido pela saudosa Tecno Soft, o primeiro game foi lançado em 1984 para os computadores japoneses da época, mas foi no Mega Drive que a série ficou conhecida e onde havia achado o lugar perfeito para o seus games, como o Thunder Force II, III e IV, todos excelentes shooters e com qualidade excepcional. O último game da série foi “Thunder Force VI, lançado apenas no Japão para PlayStation 2 em 2008, mantendo a excelente qualidade da franquia.

Em “Thunder Force IV” você vai encontrar tudo que um game desse estilo precisa para ser um sucesso. Curiosamente quando foi lançado nos Estados Unidos, mudaram o nome para “Lightening Force” (ainda por cima está escrito errado, o certo é ‘Lightning’), provavelmente uma jogada furada de marketing, tentando dizer que era outro jogo. Idiotice, já que a marca “Thunder Force” era bem forte e não precisava de algo assim.

Se você, gamemaníaco mais novo, da era PlayStation, nunca ouviu falar da série “Thunder Force“, dê uma olhada nessa análise e confira uma das melhores séries de shooters que já apareceu nos videogames na era dos 16 Bits.

Por trás da Thunder Force

Para sabermos melhor a história de “Thunder Force IV“, é melhor dar uma olhada na história dos jogos anteriores, já que é uma continuação direta deles:

Thunder Force I (1984): O império ORN (os vilões do jogo) construíram uma enorme fortaleza em um asteroide chamado de Dyradeizer. Esses terroristas galácticos tinham como missão destruir a Federação Galáctica. Essa fortaleza, que além de um poderoso armamento bélico, contava com um campo de força impenetrável ao redor do asteroide, com os seus geradores de força escondidos em diversos lugares pela ORN. Para destruir a Dyradeizer, a Federação Galáctica manda seu melhor piloto em sua melhor nave de combate, “Fire Leo”, para localizar e destruir os geradores do campo de força e assim destruir Dyradeizer.

Thunder Force II (1988): Dyradeizer foi destruída, mas a ORN ainda não havia sido derrotada. O império ORN cria uma nova e poderosa estação de batalha espacial, a Plealos. Usando essa estação a ORN novamente ataca a Federação Galáctica. O ataque incessante resulta na destruição do planeta aliado da Federação, Reda, e uma grande destruição no planeta de Nepura, que foi tomada pela ORN da Federação Galáctica. A Federação descobre que a ORN usa Nebura como base para Plealos, quando não está em uso. Eles elaboram um novo plano de ataque e desenvolvem uma nova nave de combate, Fire Leo 2 “Exceliza”, para destruir a base da ORN em Nebura e destruir Plealos.

Thunder Force III: A história de Thunder Force III acontece 100 anos depois do primeiro game e um pouco depois do segundo. Aparentemente, apesar de suas vitórias até agora, a Federação Galáctica não está se saindo muito bem contra a batalha com o Império ORN, que instalou aparelhos de disfarce nos cinco principais planetas em seu território espacial onde se concentra sua base principal, dificultando assim para a Federação localizar e atacar seu quartel general. Além disso, a ORN construiu um sistema de defesa chamado “Cerberus”, cuja especialidade é neutralizar e destruir grandes espaçonaves e frotas espaciais. Sabendo disso, a Federação cria o Fire Leo 3 “Styx”, uma nave de tamanho menor para que não fosse detectada por Cerberus, mas equipada com pesados armamentos de um cruzador estelar. A Federação manda Styx na missão de destruir os cinco aparelhos de disfarce, se infiltrar na base da ORN e destruir seu imperador, o bio-computador “Chaos”.

Thunder Force IV (1992): Logo após a derrota do Império ORN, a Federação Galáctica começa a receber ataques frequentes de uma armada hostil, que vem ser conhecida como “Vios”, um exército formado pelas forças restantes aliadas da ORN. A Federação localiza seu quartel general no planeta Aceria e ataca, mas o poder de Vios cresceu tanto quanto ao do Império ORN que as forças da Federação foram totalmente destruídas. Uma vez mais, uma nova e poderosa nave é construída, Fire Leo 4 “Rynex”, com a missão de destruir as forças de Vios. Essa é a sua nave e é aqui que o game começa.

Gráficos Arrasadores

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Thunder Force III” já apresentava gráficos excelentes quando foi lançado. Mas os gráficos de Thunder Force IV são estupendos e realmente impressionam pela sua qualidade, uma obra de arte da Tecnosoft sem dúvida nenhuma. Serão 10 fases dos mais variados cenários, como planetas, espaço, embaixo da água, deserto, ruínas, fortalezas e por aí vai. Além dos cenários muito bem feitos, coloridos e detalhados, vamos ter centenas dos mais variados inimigos pintando na telinha. Cada fase tem seu arsenal de rivais, muitos deles irão aparecer na tela no meio de centenas de tiros indo em sua direção, coisa de louco!

chefes de fase que ocupam a tela inteira, alguns são tão grandes que nem cabem na tela, com um gigantesco cruzador espacial que você terá que destruir. Há muitos efeitos nos gráficos, como o oceano ao fundo, ou quando você entra embaixo da água, a tempestade no deserto, quando se está viajando na velocidade da luz, as explosões, as larvas no planeta de fogo, etc.

 

dá uma olhada nos diferentes visuais arrasadores apenas na primeira fase

Thunder Force IV” é uma pérola negra graficamente, com certeza irá agradar aos mais exigentes. Uma das coisas que mais impressionam é o uso do efeito parallax, com certeza um dos games que mais bem utilizou essa técnica na era dos 16 Bits. As nuvens, as montanhas, as ondas dos mares, as naves espaciais no espaço, as ruínas, os vulcões em erupção, entre outras coisas, se movem em vários planos diferentes, é tudo muito impressionante e muito bem feito. Além do mais, você ainda tem um pouco de liberdade nas fases, podendo ir para cima ou para embaixo. Por exemplo, indo para cima você estará entre as nuvens, e se escolher ir para baixo na mesma fase, estará entre montanhas ou oceanos. Muitas fases dão essa possibilidade de escolha para você, mas claro que em qualquer lugar vai ter inimigos específicos para te torrar a paciência. Na dúvida, vá no meio.

Dá uma sacada nas fases que te esperam:

Stage 1 – Strite: O Planeta Strite é usado como base de treinamento para os inimigos. A batalha começa nos oceanos de Strite e debaixo da água uma gigantesca fortaleza voadora se esconde. Fase com cenários belíssimos.

 

voe pelas nuvens e derrote o bicho feio que vai sair de dentro da água

Stage 2 – Daser: Esse planeta é totalmente um deserto e é onde as tropas terrestres se concentram. Destrua tudo que aparecer pela frente, cuidado com os inimigos escondidos debaixo da areia.

 

os efeitos da tempestade de areia são geniais, apesar de dificultar as coisas. Esse boss é osso duro de roer, vai dar bastante trabalho

Stage 3 – Ruins: Este planeta já foi povoado uma vez e era um dos aliados da Federação Galáctica. Totalmente destruído pelos tropas de Vios, tudo que resta agora são ruínas de uma civilização pacífica.

 

as ruínas se encontram tanto em cima como embaixo da tela, cuidado para não se espatifar.

Stage 4 – Air Raid: Os céus estão negros por causa da imensa frota inimiga que ruma para destruir os aliados da Federação. Milhares de naves estarão em seu caminho. Cuidado com as miras que aparecem na tela, os tiros podem te confundir.

 

voe através das naves inimigas e chegue ao boss, que é bem chato de se matar

Stage 5 – Space Cruiser: Você conseguiu destruir a frota inimiga, mas entre você e o próximo planeta há um perigoso Cruzador Espacial. Esta fase tem um visual deslumbrante, muito legal o efeito das estrelas na velocidade da luz.

 

quando avistar o cruzador destrua seus propulsores

 

tá vendo esse cara grandão aí? você não consegue destruí-lo, fique num canto e veja ele detonar os seus camaradas. Depois naves aliadas irão acoplar em sua nave uma nova arma, o Laser Shot

Stage 6 – Volbados: O planeta de Volbados é completamente coberto de gelo. Criaturas alienígenas e muito gelo pairam na água, assim como bio-máquinas preparadas para destruir os intrusos.

 

use o novo brinquedo com cuidado, o tiro dá um “coice” para trás. No final, mais um boss xarope te espera

Stage 7 – Desvio: Você vai entrar em uma caverna subterrânea para chegar até a Bio Base. Passagens estreitas e muitos inimigos te aguardam. Muito legal o efeito do fogo ao fundo.

 

esse chefe vai te atacar em 2 formas diferentes, a segunda é mais perigosa

Stage 8 – Bio Base: esta estrutura é um verdadeiro labirinto para evitar que os inimigos cheguem até a base principal. Muitos sub-chefes até você chegar ao chefão da fase.

 

não atire nesses robôs, eles perdem a perna e ficam mais letais, destrua os tubos da onde eles saem. No final um chefão biológico te espera, ele te ataca em 4 formas diferentes

Stage 9 – Wall: você chegou ao centro da Bio Base, onde o computador principal se regenera. As defesas aqui dentro são realmente pesadas, uma fase bem difícil.

 

espere por ação horizontal e vertical nessa fase. Aquela coisa enorme é o chefe que te espera

Stage 10 – Versus: O computador principal de inteligência artificial por trás de Vios que precisa ser destruído, foi colocado dentro de um gigantesco robô escalador acoplado em um cruzador espacial. Esse cruzador irá liderar o ataque final sobre a Federação. Você deve destruir o robô e acabar com o computador dentro dele, é a única esperança que resta nesse confronto final.

 

antes do prato principal, um sub-chefe. Olha só a bola de fogo, isso que eu chamo de poder de fogo!

 

olha aí o último chefe, até que não é muito difícil, tem que destruí-lo em 3 partes

Trilha Sonora Destruidora

Além dos gráficos maravilhosos, a Tecnosoft caprichou também nas músicas, com uma qualidade sonora fabulosa, uma das melhores que já surgiu no Mega Drive. Os metaleiros e rockeiros de plantão irão adorar as músicas, que em sua maioria são um metal/heavy bem nervoso. Guitarras poderosas irão chegar aos seus ouvidos, com um contrabaixo ao fundo, pianos elétricos e uma bateria acompanhando as belas melodias.

Cada chefão de fase tem seu próprio tema musical (como nos jogos anteriores), geralmente um rock poderoso que te deixa no clima certo para entrar em batalha. Os dois jogos anteriores já apresentavam músicas legais, mas que não aproveitavam tudo que o Mega Drive poderia oferecer, algo que Thunder Force IV remediou com maestria. Se você conhece alguém que fica falando que Mega Drive não podia reproduzir músicas decentes com o seu sintetizador FM, esfregue Thunder Force IV na fuça do indivíduo e manda um “cala boca” bem do tipo.

Ah sim, quando você termina o jogo em determinado level, o game libera no sound test mais músicas e sons que não estão no jogo, num total de mais de 40 temas musicais! Temos outros estilos, como tecno e músicas mais “suaves”, mas a maioria é o bom e velho rock´n roll. As minhas preferidas são “Metal Squad” e “Stand up Against Myself“, mas as outras músicas são muito boas também, como a música de abertura “Lightning Strikes Again“, a “Fighting Back“, “Sand Hell  e as músicas dos chefes.

Os efeitos especiais também estão ótimos, fazendo um bom trabalho nos sons de explosões especialmente, dando a você aquele sentimento de satisfação depois de derrotar um inimigo gigantesco. Temos também vozes digitalizadas em uma boa qualidade, quando você pegar novas armas poderá escutar claramente: “Blade“, “Rail Gun“, “Shield“, entre outras coisas. Pode parecer pouca coisa, mas dá um toque a mais para o game.

Escute aqui algumas músicas dessa trilha sonora destruidora:

01 – Lightning Strikes Again

02 – Fighting Back

03 – Evil Destroyer

04 – Attack Sharply

05 – The Sky Line

06 – Air Raid

07 – Simmer Down

08 – Sand Hell

09 – Strike Out

10 – Stranger

11 – Neo Weapon

12 – Sea of Flame

13 – Metal Squad

14 – Down Right Attack

15 – Recalcitrance

16 – War Like Requiem

17 – Stand Up Against Myself

18 – Remember of -Knight of Legend-

19 – Remind Revolution

20 – Fighting Back(2)

21 – Stand U Against Myself (2)

 

saca só que legal ficou o visual da tempestade no deserto

Jogabilidade

A jogabilidade é praticamente a mesma de “Thunder Force III“. Você controla a nave, com um dos botões muda a velocidade (necessário para passar em alguns corredores estreitos), com outro atira e o terceiro muda de arma. A resposta aos comandos é rápida e precisa, como deve ser. Um shooter com jogabilidade ruim vai direto pro lixo, não importa se tenha gráficos e músicas maravilhosas, jogabilidade é a chave nesse tipo de jogo.

O game te oferece vários tipos de armas, alguns vindos dos títulos anteriores, outras totalmente novas. Se você quer se dar bem nesse jogo, aqui vai uma dica: domine todas as armas e saiba usá-las a qualquer hora. Elas são a chave para a vitória. Você vai começar com dois tipos de armas básicas, a Twin Shot e a Back Shot. A primeira atira dois raios para frente enquanto que a segunda manda um raio para frente e outro para trás. Essas armas ainda podem ganhar um power up, ficando mais forte e com um alcance maior, virando respectivamente em Blade e Rail Gun.

Outras armas como a Snake, que atira bombas para cima e para baixo da sua nave, é ideal para atacar inimigos em uma posição segura ou aqueles caras de difícil acesso. A  Freeway atira diversos mísseis na direção contrária que você movimenta a nave, boa para atacar inimigos que atacam de várias direções. A Hunter são tiros que irão perseguir os inimigos, muito útil quando a coisa estiver apertada pro seu lado. Além dessas 5 armas, você poderá usar o Claw System (que também tem no TF III) que são dois satélites que ficam girando ao redor da sua nave aumentado seu poder de fogo e ainda servem de proteção de tiros inimigos (claro, não são 100% seguros, mas salva a tua pele na maioria das vezes). Ao morrer você perde o Claw e a arma que estava usando (menos as duas básicas, Twin Shot e Back Shot).

 

A dificuldade do game é insana, um dos jogos mais difíceis do Mega Drive. Eu particularmente acho mais difícil do que Gaiares, que muita gente por aí diz ser o jogo mais difícil de todos os tempos. Não há slowdowns, mesmo com centenas de inimigos e tiros na tela, o que é muito bom. Algumas fases irão passar em uma velocidade absurda, e você terá que confiar em seus reflexos. Muitos inimigos e os tiros se confundem com o cenário atrás, então preste atenção em tudo que se movimenta e meta bala.

Como em Thunder Force III, você pode escolher a ordem das 4 primeiras fases a completar. As 6 seguintes irão passar uma atrás da outra, do jeito tradicional. Depois da quinta fase sua nave ganhará um power up, um canhão adicional com um tiro mais poderoso chamado de Laser Shot. Com o sistema Claw, você espera uns 2 segundos para carregar e então atira um poderoso raio de energia, tostando todo mundo que estiver perto de você. Infelizmente é uma arma que não será muito utilizada, já que é extremamente difícil conservar os Claw com você por muito tempo – acredite, você VAI morrer, e muito nesse jogo.

assista a abertura e a primeira fase de TFIV

O jogo realmente é muito difícil, quem não estiver acostumado vai morrer uma vida atrás da outra. Mas não se preocupe, a diversão é garantida e você vai ficar horas jogando até descobrir como matar os chefes ou até passar aquela fase pentelha. A ação nunca para, assim que você termina uma fase, a música da próxima fase começa a tocar e você é jogado para os leões novamente.

Felizmente para ajudar há espalhados Campos de Força (não muitos, aproveite bem quando encontrar um) permitindo que você leve umas porradas sem morrer ou perder as armas e também algumas vidas extras, sem dizer numa boa quantidade de continues. Porém, se você não se considera o melhor piloto da galáxia, talvez algumas mudanças sejam necessárias na tela de opções (A + start), em que você pode escolher a dificuldade ( de Easy a Maniac – ouch ><). E olha só que legal, todos os modos de dificuldade dão a você um final diferente.

 

o jogo tem efeitos visuais belíssimos, como embaixo da água, dentro da caverna de fogo ou no espaço

Uma das coisas mais legais do jogo: os chefes de fase. São todos muito bem feitos, geralmente bem grandes e bem pirados (no sentido de serem diferentes). São todos muito criativos e você vai adorar enfrentá-los (ou talvez não). Muito deles possuem um ponto fraco escondido, então não adianta ficar atirando que nem louco em qualquer lugar, que o bichão não vai nem sentir cócegas. E aí que está a graça, você tem que encontrar esse ponto fraco (as vezes é bem difícil, pode perder um bom tempo procurando), mas quando você o destrói e vê aquela bola de fogo se despedaçando e o som da explosão você sente um sentimento de satisfação inevitável do tipo “Fuck Yeah, consegui destruir esse puto!“. É uma sensação maravilhosa. Ainda falando dos chefes, a maioria deles terão que ser destruídos em partes, então não comemore já na primeira explosão, porque eles voltam pra te pentelhar ainda mais. Isso sem falar dos sub-chefes, mas esses pelo menos morrem já na primeira.

Prepare-se, serão 10 fases de pedreira pura e muita adrenalina.

esse chefe por exemplo irá te atacar de 4 formas diferentes

Go Rynex…Quest for the Darkstar

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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