Análises

Thunder Force V

O quinto jogo da maior série de shooter da história

Bom, pra começo de conversa se você gamer que está lendo essa análise é mais um daqueles que falam “p*&%$ outra review de jogo velho que ninguém liga” pode passar batido daqui, vá assistir ao Versus de Street Fighter IV e seja feliz em seu mundinho. Mas se você, gamer inteligente, continuou aqui, seja pela curiosidade ou por dar o merecido valor e reconhecimento aos jogos antigos, espero que curta essa análise.

Estamos de volta com mais uma retro-análise (as “velharias” sim que eram bons jogos) e de mais um jogo de “navinha” (ultimamente só tenho jogado shooters antigos), mas não um shooter qualquer, estamos falando da antológica série Thunder Force, que teve seu apogeu nos gloriosos anos 80 e 90.

Com vocês “Thunder Force V“, que saía para Saturn em 1997 e no ano seguinte para PlayStation. Apesar de muito parecidas, a versão de Saturn tinha gráficos muito melhores, em compensação a versão de PlayStation oferecia extras e animações que não tinham no Saturn.

Mais de 30 anos de Thunder Force!

Para você que está conhecendo a série agora, uma rápida recapitulação da história de Thunder Force. Em 1983 a saudosa softhouse Technosoft lançava para computadores japoneses (e completamente obscuros por aqui) o primeiro game “Thunder Force“. Nascia aí uma franquia que faria muito sucesso na geração 16 Bits, especialmente na plataforma Mega Drive.

Em 1989 saía sua sequência para o Mega Drive, fazendo um razoável sucesso. Mas foi só em 1990 com “Thunder Force III” para o console da Sega que a série se consagrava em sucesso absoluto. O último jogo da série para 16 bits foi lançado para Mega Drive em 1992. “Thunder Force IV” é considerado até hoje por muitos como o melhor shooter da era 16 bits, explorando ao máximo e com perfeição tudo que a franquia tinha a oferecer.

A série “Thunder Force”, especialmente a partir de seu terceiro jogo, ganhou marcas registradas que passavam a aparecer em cada novo game, como dificuldades insanas, cenários espetaculares, chefes de fases super criativos e gigantescos na tela. Mas a série se destacava principalmente pela sua trilha sonora de puro rock n´ roll.

O enredo da série possui todo um universo que foi criado a partir do primeiro jogo e que foi se desenvolvendo com as sequências. Para entender melhor o enredo de Thunder Force V“, vamos relembrar as histórias dos jogos anteriores:

Por trás da Thunder Force

Thunder Force I: O império ORN (os vilões do jogo) construíram uma enorme fortaleza em um asteroide chamado de Dyradeizer. Esses terroristas galácticos tinham como missão destruir a Federação Galáctica. Essa fortaleza, que além de um poderoso armamento bélico, contava com um campo de força impenetrável ao redor do asteroide, com os seus geradores de força escondidos em diversos lugares pela ORN. Para destruir a Dyradeizer, a Federação Galáctica manda seu melhor piloto em sua melhor nave de combate, a Thunder Force “Fire Leo”, para localizar e destruir os geradores do campo de força e assim destruir Dyradeizer.

Thunder Force I

Thunder Force II: Dyradeizer foi destruída, mas a ORN ainda não havia sido derrotada. O império ORN cria uma nova e poderosa estação de batalha espacial, a Plealos. Usando essa estação a ORN novamente ataca a Federação Galáctica. O ataque incessante resulta na destruição do planeta aliado da Federação, Reda, e uma grande destruição no planeta de Nepura, que foi tomado pela ORN da Federação Galáctica. A Federação descobre que a ORN usa Nebura como base para Plealos, quando não está em uso. Eles elaboram um novo plano de ataque e desenvolvem uma nova nave de combate, Fire Leo 2 “Exceliza”, para destruir a base da ORN em Nebura e destruir a estação bélica Plealos.

Thunder Force II

Thunder Force III: A história de Thunder Force III ocorre 100 anos depois do primeiro game e um pouco depois do segundo. Aparentemente, apesar de suas vitórias até agora, a Federação Galáctica não está se saindo muito bem contra a batalha com o Império ORN, que instalou aparelhos de disfarce nos cinco principais planetas em seu território espacial onde se concentra sua base principal, dificultando assim para a Federação localizar e atacar seu quartel general. Além disso, a ORN construiu um sistema de defesa chamado “Cerberus“, cuja especialidade é neutralizar e destruir grandes espaçonaves e frotas espaciais. Sabendo disso, a Federação cria a Fire Leo 3″Styx”, uma nave de tamanho menor para que não fosse detectada por Cerberus, mas equipada com pesados armamentos de um cruzador estelar. A Federação manda Styx na missão de destruir os cinco aparelhos de disfarce, se infiltrar na base da ORN e destruir seu imperador, o bio-computador “Chaos”.

Thunder Force III

Thunder Force IV: Logo após a derrota do Império ORN, a Federação Galáctica começa a receber ataques frequentes de uma armada hostil, que vem ser conhecida como “Vios“, um exército formado pelas forças restantes aliadas da ORN. A Federação localiza seu quartel general no planeta Aceria e ataca, mas o poder de Vios cresceu tanto quanto ao do Império ORN que as forças da Federação foram totalmente destruídas. Uma vez mais, uma nova e poderosa nave é construída, Fire Leo 4″Rynex”, com a missão de destruir as forças de Vios.

Thunder Force IV

E agora neste momento

Thunder Force V: O enredo do quinto capítulo nos leva para longe do conflito da Federação Galáctica e do Império ORN para uma Terra do futuro. No final de “Thunder Force IV“, os pilotos da nave Fire Leo 4 Rynex tiveram que ejetar e abandonar a nave devido a grande explosão da fortaleza de Vios. A explosão danificou severamente a Rynex, mas não destruiu a espaçonave. Algum tempo depois em 2106 (não é especificado quanto tempo se passou), os restos da Rynex caem no Sistema Solar (para quem não sabe, o NOSSO sistema) e é encontrada pelo governo da Terra. A nave é analisada pelos cientistas da Terra, mas o seu sistema era tão extraordinariamente sofisticado e avançado para a tecnologia terráquea que se tornava impossível um estudo mais aprofundado.

Os cientistas então criaram um supercomputador chamado Guardian para analisar os mistérios da espaçonave. Como a nave estava sem o cockpit era impossível ter informações de quem a construiu, então os cientistas apelidaram essa raça desconhecida de “Vastians” e rebatizaram a Rynex de “Vastians Steel”, ou de maneira mais simples “Vasteel”. O super computador Guardian provou ser capaz de decifrar os mistérios e tecnologia usados em Vasteel. Graças à tecnologia de Vasteel, a humanidade criou novas maravilhas tecnológicas e tornou possível a viagem espacial para distantes sistemas do espaço. O Guardian começou a construir várias frotas de espaçonaves interestelares que seriam usadas para colonizar outros planetas.

essa é a sua nave em Thunder Force V

O que os humanos desconheciam é que os sistemas da Vasteel haviam sido impregnados com um vírus da ORN em sua última batalha e que agora estava dominando Guardian, que começou a criar naves de guerra. No ano de 2150, o supercomputador se voltou contra a Terra e lançou vários ataques contra o planeta.

Em uma última e desesperada tentativa, o governo mandou sua melhor piloto, Cenes Crawford, junto com o melhor grupo de pilotos que encontrou contra Guardian, usando as naves RVR-02 Vambrace (antes dela havia sido feita a RVR-01 Gauntlet, uma duplicata da Vasteel), que foi construída antes da dominação do computador e da aniquilação da metade da população da Terra. Em sua missão para destruir Guardian, Cenes já morreu duas vezes, mas ganhou nova chance graças ao processo de clonagem de seu corpo.

Guardian destruiu o complexo onde havia os DNA dos pilotos, impedindo assim o processo de clonagem. Cenes agora tem sua terceira e última chance para destruir o supercomputador e restaurar a paz. Mais do que isso, ela terá que combater a poderosa Vasteel, que agora está sob comando de Guardian que pretende reerguer o império da ORN aniquilando a humanidade.

essa é a piloto Cenes Crawford

Gráficos

Thunder Force IV” foi a obra-prima da série e apresentavam gráficos espetaculares. O quinto jogo também não faz feio (especialmente a versão de Saturn que apresenta mais efeitos gráficos) com belíssimos gráficos e visuais da geração 32 bits, com belos cenários semi 3D e detalhes poligonais e boa utilização de efeitos como zoom, rotação, parallax, luzes e cores.

Claro, não chega a ser como os belíssimos jogos contemporâneos “Einhander” ou “G-Darius” ou ainda mesmo “Thunder Force IV” (que em minha opinião tinha cenários e gráficos melhores), mas certamente apresenta um belo visual. São apenas 7 fases (na verdade 6, já que a sétima é apenas o último boss), que você poderá pilotar em alguns cenários da Terra, como a já clássica fase do mar (presente desde TF III) e sua serpente marinha, florestas, cavernas, destroços da superfície terrestre, a tradicional fase do espaço (em que sua nave ganha um upgrade para enfrentar a Vasteel – a melhor fase do game) e claro, entrar na fortaleza do computador Guardian.

Em comparação com TFIV que tinha 10 incríveis fases, o jogo tem uma certa desvantagem. Por outro lado os inimigos são muito bem feitos, com designs variados, de diversas cores e tamanhos, incluindo naves, canhões, tanques, mechas e até organismos vivos. Destaque para os chefes de fase, que continuam muito criativos e de grande tamanho na tela. Os três primeiros chefes têm nomes de bandas inglesas (Deep Purple, Iron Maiden e A3). Um dos chefes mais legal é o da quarta fase, Guardians Knight, uma espaçonave que se transforma em um incrível mecha no melhor estilo Macross.

Claro que a batalha contra a Rynex vs Vasteel (de Thunder Force IV) é um dos melhores momentos do game. Saudosismo indescritível para quem acompanhou a série, ao ver aquela antológica nave na tela, mesmo que esteja contra você. O game ainda conta com algumas animações e belas CGs.

esse é o primeiro chefe, Deep Purple … não espere que ele toque Smoke on the Water para você

Músicas

Outra marca registrada da série, a trilha sonora não foi esquecida e recebeu um tratamento a altura. Nada melhor do que pilotar pelo espaço e destruindo vários inimigos ao som de guitarras poderosas, bateria e sintetizadores. Composições empolgantes e outras mais melancólicas, Tsukumo Hyakutaro nos ofereceu uma caprichada trilha sonora (apesar de TFV oferecer um som mais cristalino, eu ainda prefiro a trilha sonora de TFIV), com um tema poderoso diferente para cada chefão de fase (como já de costume nos jogos anteriores).

A minha preferida é a Steel of Destiny (escute aqui a versão arranjada) e a música Rising Blue Lightning também é muito boa (escute clicando aqui). A versão remix (meia boca) do sensacional tema de “Thunder Force IV” toca enquanto você combate no espaço a Rynex/Vasteel, arrancando lágrimas e boas lembranças dos mais nostálgicos (escute a versão remix aqui e clique aqui para ouvir a versão original).

Os efeitos sonoros estão ótimos, com sons de explosões, diversos tiros, sons mecânicos e por aí vai. Faltou aquela voz sexy feminina falando os nomes das armas, porém antes de enfrentar os chefes pode-se ouvir essa voz avisando do perigo. Você ainda pode ajustar o nível de volume das músicas e dos efeitos especiais, deixando ao seu gosto.

com a Free Range o jogo fica bem fácil

Jogabilidade

Apesar de alguns efeitos 3D e poligonais, a jogabilidade é a mesma dos clássicos shooters horizontais 2D, ou seja, sua nave no canto esquerdo e inimigos pipocando do canto direito (e eventualmente de outras direções). Segue o mesmo padrão dos dois jogos anteriores, com um botão para ajustar a velocidade da nave, para mudanças de arma e para atirar. Há ainda um comando a mais, para dar um super tiro, que muda dependendo de qual das cinco armas você está usando e é ideal para matar chefões pentelhos.

Todas as armas já são velhas conhecidas, como a Twin Shot e Back Shot (armas básicas que você não perde quando morre). Você ainda pode escolher pela Wave (um raio não muito poderoso, mas de grande alcance), Free Range (na minha opinião a melhor de todas) e a Hunter (persegue os inimigos). Você ainda pode pegar power-ups chamados Craws para deixar suas armas mais poderosas, até no máximo no nível três. Essas armas auxiliares ficam girando em volta da sua nave e além de aumentar seu poder de fogo também servem de proteção contra tiros inimigos e também como super ataques, que varia de acordo com a arma primária que você está usando. Ao morrer você perde a arma que estava usando (menos as duas básicas) e os satélites auxiliares (que podem ser recuperados logo em seguida que a sua nave volta a tela). A movimentação da sua nave é rápida e precisa e não há slowdowns, especialmente quando a tela fica cheia de inimigos.

essa planta é o chefe da fase da floresta

Aqueles que já penaram com Thunder Force III e IV irão achar a dificuldade deste bem mais fácil, mas para os novatos não será nenhum mar de rosas. As cinco primeiras fases são bico, as duas seguintes já são mais complicadas, mas nada que um pouco de treino (e muitas vidas e continues) não resolvam. Inimigos surgem de todos os lados, de vez em quando pinta na tela avisos de perigos de onde esses inimigos estão vindo, então fique alerta para estar sempre movimentando sua nave.

Diferente de Thunder Force IV, aqui não tem fases em altas velocidades e os cenários não se confundem com os tiros e inimigos (só alguns poucos), facilitando sua vida. Os chefes de fase não requerem grandes habilidades, seus pontos fracos são fáceis de se achar. Alguns chefes você terá que matar duas, três e até quatro vezes, então não comemore já na primeira explosão. O chefe A3, por exemplo, aparece como um tanque, um hovercraft e espaçonave.

O jogo tem vários finais, sendo o mais completo o da maior dificuldade (e é bem legal, vale a pena suar um pouco). Como já mencionado, o game possui alguns extras como um visualizador digital que mostra belas artworks renderizadas e um time attack mode.

essa aranha mecânica é o chefe A3, que ainda sofre mais duas transformações

“Guardian´s last words: May fortune be with you”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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