Análises

Thunder Storm FX

Pilote um Apache em plena guerra neste game interativo para Sega CD

Com o sucesso de “Time Gal” para o console da Sega, a WolfTeam/Renovation resolveu investir pra valer nos jogos interativos conhecidos como FMV (Full Motion Video). “Thunder Storm FX“, também conhecido como “Cobra Command” fora do Japão, foi o segundo game nesse estilo a sair com o logo da empresa para o Mega/Sega CD.

Nascido para os fliperamas pela extinta Data East e passando ainda pelo MSX, Saturn e Playstation (em versões que não eram da Wolf Team, mas que são praticamente idênticas) “Thunder Storm” é um jogo de guerra, onde você pilota nada mais nada menos que um Apache LX-3FX, umas das maiores e mais avançadas (naquela época, hoje já existem Apaches mais modernos) máquinas de guerra dos EUA.

Como todo bom jogo interativo, esse também contém cenas animadas de muita ação para entreter o pessoal durante um bom tempo. Novamente uma boa memória e bons reflexos serão necessários para você se dar bem nesse game. Os estilos de jogos FMV teve seu auge em meados dos anos 80 e boa parte dos 90, uma febre que se alastrava principalmente nos fliperamas, com o “Dragon´s Lair” como carro chefe dessa febre, entre outros como “Space Ace” e “Mad Dog Mac Gree(que chamava a atenção pelo seu gigantesco telão e atores reais).

E o Sega CD foi um dos consoles que mais teve esses tipos de jogos, numa média de 30 games lançados para o console, mas que dividia os gamers: uns adoravam os jogos de FMV e outros simplesmente detestavam, com uma certa razão, pois apesar de serem muito bonitos visualmente, são muito limitados. Lembro de quando “Thunder Storm” foi lançado para o Mega CD, estava na capa das principais revistas brasileiras, todas com suas notas máximas para o game, frases como ” inovador”, “espetacular” e outras permeavam as matérias sobre o game, que realmente era algo revolucionário e novo para os videogames caseiros da época. Eu mesmo olhava as revistas e ficava babando, sonhando em ter um Mega CD. Mas apesar de “Thunder Storm” ter marcado época, ele ainda não aproveitava todo o potencial do sistema, o que nós vamos analisar agora.

Entre em seu helicóptero e espere por muita ação

A história:

O jogo basicamente não possui uma história de fundo, seu dever é entrar no cockpit do helicóptero e mandar os bad guys para espaço. A abertura mostra sua base em estado de alerta com os pilotos correndo para as suas máquinas de guerra e então algumas cenas do próprio jogo são mostradas. Deveriam ter trabalhado mais nesse ponto, pois quaisquer que seja o game, história e enredo são quesitos importantíssimos para atrair a atenção do jogador. Puxão de orelha na Data East e Wolf Team, mas tudo bem, a história aqui não vai fazer muita falta graças à ação ininterrupta que rola durante o game.

A ideia do jogo é excelente, a Data East quando o criou acertou na mosca, pois quem é que não gostaria de pilotar uma máquina voadora de destruição dessas caçando inimigos entre montanhas e florestas? Muitas vezes você está voando “sossegado” quando de repente um helicóptero “Escorpião” (aqueles redondos e pequenos) aparece na sua frente, pronto para te derrubar, e você tem apenas alguns segundos para acertá-lo antes ou tentar desviar. Ou como na foto ao lado, em que você está na Ilha da Páscoa (aquela que possui grandes estátuas com caras humanas e que ninguém sabe como foram parar lá) e seu Apache dá uma volta de 360º na estátua para atingir o inimigo. Numa época em que a maioria dos jogos eram 2D, isso era uma sensação e tanto!

Imagine a sensação de estar voando numa floresta sombria, o som de vários helicópteros te caçando a sua volta e então, quando você se prepara para sobrevoar um rio, do outro lado escondido sob as árvores um lançador de mísseis aponta para a sua direção pronto para derruba-lo. Essas e outras situações como a perseguição dentro de uma caverna (com o som muito bacana de eco do seu Apache e inimigos) ou sob as areias escaldantes de um deserto contra o fogo cerrado de tanques inimigos, fazem de “Thunder Storm” um bom teste para a sua adrenalina e reflexos.

 

Não tenha dó e mande as bases inimigas para o espaço e assista às belas explosões

Os gráficos:

Infelizmente “Thunder Storm” não conta com gráficos tão bem feitos como “Time Gal” ou “Road Avenger“, que usam de uma forma melhor a quantidade limitada de cores do Mega Drive. O jogo conta com boas animações (produzidas pela Toei Animation), mas peca por usar poucas cores, o que pode acabar confundindo alguns jogadores, pois as vezes fica difícil diferenciar um inimigo do cenário.

Há também problemas na passagem de um cenário para outro, as vezes você está voando em uma determinada área e logo em seguida está em outra, ficando totalmente perdido por um instante nessa transição. Mas fora esses “pequenos” problemas, as animações são muito boas e realmente passam a sensação de estar dentro de um helicóptero, ainda mais com a ajuda da parte sonora.

As animações dos helicópteros, tanques, cenários e das explosões são espetaculares e podem lembrar um pouco animações como o clássico Akira e suas explosões. Você vai pilotar seu Apache em lugares como os prédios de New York, os penhascos do Grand Canyon, desertos recheados de tanques, montanhas com bases inimigas, florestas com inimigos ocultos nas árvores e matas, oceano com submarinos e destróieres e até mesmo uma voltinha na Ilha da Páscoa, famosa por possuir misteriosas estátuas de pedra em forma de cabeças, onde inclusive você dá uma volta de 360º em uma delas para atacar um “escorpião”, e apesar de você não poder controlar esse movimento, é muito legal de se assistir.

E o melhor de tudo, nessas fases você enfrentará diversos tipos de inimigos, como dezenas de helicópteros, tanques, aviões, submarinos e artilharias anti-aéreas, um prato cheio para os fãs de jogos de guerra e especialmente de máquinas bélicas. Mas acho que faltou um pouco de soldados no game, poderia ter uns caras com bazucas, metralhadoras, ou até mesmo correndo desesperados ante a sua máquina de destruição (como em Road Avenger). Ficaria mais interessante. Destaque também para as animações de seu helicoptero sendo destruído, é muito legal ver ele explodindo atravessado por um míssil. Só que aqui não tem cenas “engraçadinhas” como em Road Avenger.

Olha só os “brinquedinhos” que estarão te esperando

Sinta o poder do Apache

Com toda certeza o ponto forte desse jogo é o seu som de efeitos. Possui uma trilha sonora ao fundo bacaninha de se escutar, mas o que se destaca mesmo são os efeitos sonoros. Entre outras coisas, você poderá escutar escutar os whup whup das hélices dos helicópteros, poderá ouvir quando o helicóptero tirar uma “fina” de um prédio, sons de mísseis, metralhadoras, tanques se movendo, bombas, explosões e alguns detalhes, como os pássaros ou o barulho das águas do oceano e submarinos.

Dentro das cavernas você ainda poderá ouvir os ecos dos inimigos te procurando e caçando. Se ligar num aparelho de som, melhor ainda, pode deixar o volume no talo sem medo, seus vizinhos irão pensar realmente que está tendo uma guerra dentro do seu quarto. Infelizmente o som das suas metralhadoras e dos seus mísseis estão bem longe da realidade, e chegam a ser irritantes, único ponto fraco do som.

Mas quem rouba a cena mesmo é o seu co-piloto, que ao longo do caminho vai conversando com você e te dando dicas para onde ir ou para onde atirar, então escute atentamente o homem que ele nunca erra, é batata. É muito engraçado escutá-lo, pois muitas vezes, quando a situação está preta, o cara fica desesperado e começa a gritar lá atrás, inclusive quando você passa raspando entre paredões e montanhas, quase matando o fulano de um ataque do coração.

Eu diria que o que salva o game são os sons digitalizados, ainda mais se ligados num som estéreo, pois se dependesse apenas dos gráficos, o jogo talvez não fizesse tanto sucesso. Conta ainda com uma bela música de encerramento composta por Motoi Sakuraba.

Dificuldade

“Thunder Storm” chega ainda a ser mais fácil que os outros jogos desse estilo, em curtíssimas 10 fases, você logo estará dominando seu helicóptero. Você apenas se limita a movimentar seu Apache em determinadas situações, para cima, para esquerda e assim por diante, e atirar nos inimigos quando necessário. Caso você demore muito para ir na direção indicada (ou for para o lado errado) ou não der um tiro certeiro na aeronave inimiga, você estará fadado a assistir a uma cena do seu helicóptero se espatifando num rochedo ou explodindo em milhares de pedaços no ar através de mísseis inimigos, em cenas bem legais com explosões bem feitas, dá até gosto de ver seu helicóptero pegando fogo.

Você ainda controla uma mira bem fajuta na tela e pode usar do seu “poderoso” arsenal de armas uma metralhadora ou mísseis (que aliás, nunca acabam). Essa mira não ficou muito legal e a animação dos seus mísseis é rídicula, bem pobrezinha mesmo, assim como o som de efeitos delas não ficou legal. Uma pequena dica, use a metralhadora para derrubar helicópteros e os mísseis deixe para tanques e artilharias anti-áereas.

Infelizmente isso não é suficiente para oferecer um grande desafio ao jogador, e depois de algumas jogadas e uma boa memória o game se torna enjoativo e fácil, ficando na estante por um bom tempo até que você volte a jogá-lo novamente. A principal razão de muitos gamers não gostarem de jogos FMV, por serem jogos de memorização e serem muito limitados.

Aproveite o jogo e mate as saudades das torres gêmeas do World Trade Center

Destrua os submarinos e navios com os seus mísseis

Várias fases o aguardam até você chegar na base final inimiga

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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