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TMNT: Mutants in Manhattan

A relação que tenho com Tartarugas Ninja é similar com a que possuo com Sonic. Como vivi a época dourada dessas franquias, sempre que um novo game é anunciado um ciclo se repete: euforia, esperança, ansiedade, decepção e ódio. Excluo desse ciclo somente Sonic Generations, que é ótimo.

Desde Turtles in Time não há sequer um jogo verdadeiramente bom das Tartarugas Ninja. Entre os lançamentos da Konami e da UbiSoft tivemos jogos absolutamente passáveis, no máximo. E eu nem vou começar a falar da afronta que foi Turtles in Time Re-Shelled.

Com o anuncio de que a Platinum estaria por trás de TMNT: Mutants in Manhattan o ciclo acima mencionado se iniciou, mas, felizmente, com um final um pouco diferente. A euforia por um novo game das Tartarugas veio à tona, bem como a esperança de um game a altura do estúdio que estava a desenvolvê-lo surgiu.

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Assim que as primeiras imagens e trailers surgiram ficou claro que o game não estava sendo produzido pela equipe principal da Platinum. Ficou claro que seria um game de menor orçamento. Algo similar ao que aconteceu com The Legend of Korra, game encomendado à Platinum pela Activision (para ler o review, clique AQUI).

De qualquer maneira, as promessas da equipe de produção acerca de o que o game proporcionaria ao jogador, bem como a esperança de um bom game das Tartarugas, suplantavam inicialmente quaisquer dúvidas.

O jogo começa bem, deixando claro que se propõe ser algo a mais do que um hack´n slash simplório. O tutorial do game apresenta possibilidades de customização das habilidades de cada uma das tartarugas, possibilidade de aprendizado de novas técnicas, ganho de experiência para validar a obtenção de novas técnicas de combate, entre outros.

Interessante é o fato de o jogador poder customizar cada uma das tartarugas a seu bel prazer, pois isso dá a elas características bem únicas, tendo cada uma delas próprias personalidades não somente em storytelling, mas também em gameplay.

É possível equipar cada tartaruga com quatro habilidades diretas e quatro indiretas, portanto é necessário escolher bem as habilidades de cada uma para que cada qual possua seu papel e utilidade específicos ao longo da jogatina.

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Além disso, ao longo das fases são encontrados vários tipos de itens, que vão da clássica pizza a itens de aumento do status de defesa, de força de ataque, entre outros. Como na campanha single-player o jogador sempre está no controle das quatro tartarugas (não simultaneamente), é possível customizar cada qual também ao longo da cada uma das fases.

A customização das tartarugas poderia ser amplificada em diversão se utilizada no modo multiplayer cooperativo, pois assim não seria necessário depender da A.I para o controle das Tartarugas que não estejam sendo controladas no momento pelo jogador.

Como todo gamer “velho de guerra” sabe, a diversão de verdade em um jogo das Tartarugas Ninja está justamente no modo multiplayer cooperativo e tal diversão com certeza é encontrada em Mutants in Manhattan.Jogar com 3 amigos que curtem o estilo do game, bem como as próprias Tartarugas é certeza de bons momentos.

Infelizmente não existe multiplayer local, se limitando a opção online. Apesar de ser uma lástima não poder reunir os amigos presencialmente para jogar, a falta dessa opção é compreensível. Seria muito complexo conseguir entregar uma boa experiência de jogo em um multiplayer local com as quatro tartarugas em tela ao mesmo tempo, inúmeros inimigos, muita movimentação rolando, muitos elementos de luz, etc.

O visual é muito bom dadas as limitações orçamentárias do projeto. O cel shading, técnica que permite que um game poligonal possua aparência de um cartoon é absolutamente pertinente para um jogo das Tartarugas.

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O design das Tartarugas e dos inimigos, em especial os dos chefes de fase, é ótimo. Clássicos como os amados pelos fãs Beebop, Rocksteady e Destruidor tiveram alterações pontuais em seus visuais que os deixaram absolutamente ameaçadores, mas sem descaracterizá-los.

Falando em chefes, os confrontos contra eles são o que de melhor o jogo tem a oferecer. São embates interessantes, até porquê o casting é muito bom, e relativamente desafiadores. Cada um deles possui muita vida e sabem bater muito forte. É necessário se utilizar de tudo o que disponível o jogador possui, o que inclui o interessante sistema de habilidades de grupo que o jogo disponibiliza.

Uma vez que se finalize o game é possível repassar por todas as fases novamente e cada uma delas proporcionará novas experiências. Serão novos inimigos, novas facetas da simplória história do game e novos chefes a se enfrentar. Apesar disso, usualmente as diretrizes de cada fase não se modificam, ainda assim é inegável o alto fator de replay que o game possui para quem dele gostou devido a essa característica.

A dublagem é boa, em especial a das tartarugas. Isso somado a boa interação entre os irmãos ninjas, sempre com bons diálogos e boas piadinhas, entrega ao jogador a experiência de estar assistindo a um bom episódio de desenho de Tartarugas Ninja. Nesse sentido a equipe de produção compreendeu muito melhor o feeling de Tartarugas Ninjas que os dois filmes atuais.

Infelizmente alguns personagens são absolutamente subaproveitados, pior ainda, servem para irritar o jogador. O melhor exemplo disso é April O´Neal. Ao longo da jogatina ela repete as mesmas falas, o tempo inteiro, de minuto em minuto. Irritante, desnecessário e impossível de desligar.

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A interação entre as Tartarugas e os inimigos também é muito divertida. Novamente aqui foco nos chefes de fase, que garantes prosseguimento à história e que, portanto, possuem interação que vão além de apanhar das tartarugas.

Enfim, no geral as cutscenes são bom entretenimento para os fãs das Tartarugas e mesmo que a história não seja grande coisa, respeita o material base e não incomoda. Antes assim do que inventarem moda e fazer tudo megalomaníaco demais. Nesse sentido, novamente cito os problemas amadores de roteiro dos filmes modernos das Tartarugas Ninja.

A trilha sonora não tem absolutamente nenhum grande destaque, o que é uma lastima. Um jogo das Tartarugas que não possui uma trilha sonora original, cativante e marcante é sempre um desperdício. O mundo gamer ficou mal acostumado com o brilhante trabalho realizado nesse sentido em Turtles in Time e sim, sempre esperamos algo tão bom em todos os games da franquia desde então.

Ora, se aparentemente está tudo tão “redondinho” com o game, porquê de modo geral a crítica malhou tanto Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Manhattan?

Grande parte da mídia especializada foca as críticas desse game no mal aproveitamento do jogo no que cerne a seu gameplay.

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No início desse texto expliquei, mesmo que de maneira bem macro, o como funciona o sistema de customização de habilidades de cada tartaruga, sendo possível fazer de cada uma um personagem bem único. Infelizmente nada daquilo é verdadeiramente necessário para se prosseguir no game. Apesar de as opções para tal customização existirem elas são inúteis em senso prático.

Isso pode deixar o game monótono rapidamente para muito jogador, uma vez que as mesmas técnicas básicas poderão ser utilizadas o tempo todo e ainda assim serão efetivas ao longo de toda a campanha.

Pessoalmente isso não me incomodou nesse jogo em específico, mas as críticas são sim compreensíveis e justificáveis. Como isso não me incomodou e também não incomodou aos amigos que comigo jogaram, não deixarei que tal questão influencie a nota final que darei a Turtles in Manhattan. Mas deixo claro: Esse é um game para jogar com os amigos!

Eu e meus amigos nos divertimos horrores ao longo da jogatina, independentemente do mal aproveitamento das mecânicas de gameplay. No fim das contas não é para nos divertirmos que somos gamers?

 

 

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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