Análises

Tom Clancy’s Rainbow Six: Vegas

Tom Clancy’s Rainbow Six: Vegas

Vegas é a quinta versão da série de tiro em primeira pessoa Rainbow Six, que são jogos adaptados diretamente dos romances de Thomas Leo “Tom” Clancy Jr., famoso escritor de obras de espionagem e intrigas políticas. O game da Montreal traz um alto grau de realismo, com minucioso cuidado no arsenal e equipamentos que o jogador pode usar, porém não consegue trazer um enredo tão empolgante quanto nos livros de Tom Clancy’s além de cometer alguns outros deslizes.

Terrorismo, sequestros, reviravoltas…

Na pele de Logan Keller e com auxilio de seus parceiros Gabriel Nowak e Kan Akahashi, o jogador parte para uma cidade do México com o objetivo de localizar e capturar Irena Morales, uma terrorista que ameaça a segurança do povo americano.

A partir daqui a história segue seu rumo levando o jogador em várias localidades distintas, principalmente em Las Vegas, com destaques para os cassinos e prédios luxuosos, sempre invadidos por centenas de terroristas impiedosos que matam reféns indiscriminadamente. Há alguns discursos típicos de terroristas, ameaças, perseguições e algumas reviravoltas, porém nada impressiona muito, seja talvez pela falta de polimento ou aprofundamento maior na história, sem contar que sempre fica a sensação de que já vimos isso antes. De modo geral, a história esta lá e consegue servir bem de pano de fundo para encarar os vários tiroteios da extensa campanha de Rainbow Six.

Realista e cheio de equipamentos

A premissa dos games das séries Rainbow Six e Ghost Recon sempre foi a de tentar trazer uma experiência de jogo bem próxima da realidade, seja pela alta dificuldade ou vários equipamentos que as equipes especiais – como a S.W.A.T. – têm a sua disposição para auxilia-los em suas missões. Rainbow Six: Las Vegas consegue desempenhar essa função quase com perfeição, apresentando ao jogador uma vasta seleção de equipamentos e armas e muitos meios de abordar os terroristas espalhados pelos cenários.

O primeiro passo importante para se dar bem em Vegas é entender que poucos tiros – e as vezes até mesmo um único tiro –  podem tirar Logan ou seus companheiros de ação, portanto os jogadores acostumados com Call of Duty precisam ser pacientes e largar o estilo “Corre e Atira”, já que a jogabilidade aqui é bem mais cadenciada e exige maior preparo de quem decidir encarar as diversas missões do jogo, com reconhecimento do local e boas estratégias para conseguir passar pelos terroristas ileso.

Para ajudar o jogador nessa missão existem alguns fatores muito bacanas, como mapas que na maioria das vezes apresenta ao menos uma rota alternativa na hora de abordar os inimigos e quase sempre deixando a livre escolha em que tipo de abordagem será feita, seja ela mais agressiva com granadas e explosivos ou algo mais sútil, usando armas com silenciadores e flashbangs.

Alias, está aqui outro fator muito bem vindo em Vegas, que é vários equipamentos tecnológicos a disposição de Logan e sua equipe, desde os clássicos e já citados flashbangs a granadas, granadas de fumaça, explosivos, câmeras espiã, óculos de visão noturna entre outros, necessários para poder lidar com a grande quantidade de inimigos espalhados pelos cenários, sem contar que deixa a experiência de jogo muito mais realista e variada.

O arsenal também é generoso e possui uma quantidade extensa de armas, todas elas personalizáveis, podendo acoplar a elas miras lasers, pentes de munição maiores, silenciadores entre outras, além de permitir definir a quantidade de projéteis que algumas metralhadoras irão disparar a cada clique no mouse/botão. No que diz respeito à diversidade, ela também é grande, passando das pistolas e submetralhadoras a escopetas, rifles de precisão, metralhadoras de alto calibre e muitas outras.

Há outros dois pontos bacanas que merecem ser citados, um deles é o sistema de cobertura competente e que ao segurar um botão salvará a vida do jogador em vários momentos, apesar do desconforto de ter que manter o botão pressionado para que Logan use paredes e carros como cobertura; nesses momentos a câmera fica em terceira pessoa, dando uma visão melhor do campo de batalha. O outro é a possibilidade de dar algumas ordens para seus companheiros, que de modo geral são básicas, como mudar o tipo de abordagem contra os terroristas (sútil ou agressiva), ou andar até determinado ponto, mas com o diferencial na hora de invadir prédios que tenham portas fechadas, onde se abre um leque de 6 opções para o jogador, dividos em dois grupos para cada tipo de atitude que seus companheiros estão usando (agressiva ou sútil). Essas opção vão desde a explodir portas e eliminar os terroristas do local há entradas mais ao estilo da série, como lançar flashbangs antes de invadir o local, sendo que na maioria das vezes costumam ser bem sucedidas se o jogador analisar e escolher com cuidado.

Burrice artificial e falta de servidores dedicados

Se a jogabilidade de Rainbow Six: Las Vegas é desafiadora, requer muito cuidado por parte do jogador e ainda possui o fator dificultador que só salva o progresso após alcançar determinados checkpoints no mapa, o mesmo não podemos dizer dos inimigos, que são burros como uma porta.

A começar pela falta de senso comum entre eles, já que para um terrorista de Rainbow Six ver corpos de seus companheiros caídos é a coisa mais normal do mundo, mesmo que seja um amigo que estava vivo e bem ao lado dele há poucos segundos atrás. Isso remete também a outro ponto, que leva o jogador a pensar se os terroristas são surdos, já que não será incomum se deparar em situações onde você mata um terrorista e os demais nem sequer estranham os barulhos de tiros, mesmo que estejam a poucos metros do local.

Para compensar a falta de inteligência de seus inimigos, a Montreal resolveu dar alguns poderes duvidosos aos terroristas, como uma habilidade incrível de enxergarem seu personagem que usa uma roupagem preta em locais escuros, isso quando não te enxergam através das paredes.

A burrice parece ser contagiosa e por vezes você verá seus companheiros com algumas atitudes que vão realmente irritar, como quando decidem usar o sistema de cobertura, mas ficam completamente expostos e por vezes até de costas para seus inimigos, só para serem metralhados sem dó; se um de seus amigos morrer, game over. Há outros momentos de apresentações de extrema burrice, como em missões que você deve explodir paredes e portas pesadas, porém seus amigos simplesmente parecem não ter a noção que explosivos pesados são mortais e é realmente frustrante falhar na missão porque seu companheiro esqueceu-se de sair de perto da explosão. Devido a esses e outros incômodos, não será estranho se você preferir optar por deixar seus amigos em um canto e seguir sozinho para limpar e eliminar a maior parte dos terroristas.

Por fim, outro incômodo do jogo é proveniente da mecânica cadenciada, que deixa seu personagem, Logan, muito lento e sem nenhuma agilidade. Tudo que seu personagem faz requer movimentos lentos e por vezes encenados demais, como subir ou pular uma mureta, subir escadas, recarregar armas, etc. Não é incomum morrer executando uma dessas ações, já que não é possível cancelá-las e não existe um botão para você correr e fugir do perigo iminente, o que normalmente acaba na morte do jogador.

 

Modos de jogo

Rainbow Six: Vegas possuí, a grosso modo, três modalidades de jogo, o Story Mode, Terrorist Hunt e Multiplayer. A campanha é divertida e rende muitas horas de jogatina e apesar de se esforçar para variar as missões, com partes onde é preciso resgatar reféns, saltar de rapel entre outras, de modo geral acaba se resumindo a ir do ponto A ao B eliminando todos os terroristas pelo caminho o que não deixa a jogatina maçante, devido aos vários elementos como equipamentos e caminhos alternativos.

O modo Terrorist Hunt são cenários fechados inspirados em pontos chave da campanha e seu objetivo é simplesmente eliminar todos os terroristas do cenário, somente isso. É um modo divertido e interessante para testar os diferentes equipamentos e armamentos do jogo.

Já o multiplayer peca pela falta de modos de jogo criativos, com os básicos Deathmatch e Team Deathmatch além de outras variações de modos tradicionais, que infelizmente não conseguem transportar o clima e estilo do jogo para as partidas on-line. Mas onde realmente deixa a desejar é no suporte com a falta de servidores dedicados, onde sempre que tentei jogar só conseguia achar servers europeus e norte-americanos com pings altíssimos, o que num jogo de FPS prejudica demais, devido ao alto tempo de resposta.

Gráficos bonitos, mas extremamente pesado

O estúdio canadense realmente fez um belo trabalho na parte técnica do jogo, a começar pela modelagem e texturas das armas, que são riquíssimas em detalhes e bem fiéis as armas reais, inclusive todas são devidamente licenciadas e ocupam um grande espaço na tela, revelando ainda mais detalhes durante a jogatina. Quem possuí também uma ótima modelagem e texturas são os personagens principais, com uma quantidade agradável de detalhes nas roupas e expressões faciais, dando um ar de naturalidade e realismo aos mesmos, mas infelizmente isso não se reflete nos inimigos, que são bem pobres e genéricos, sem contar os reféns que parecem ter saído de uma versão antiga da série, já que destoam negativamente dos demais personagens.

As animações e física se comportam de maneira verossímil na maior parte das vezes e os cenários variam, com alguns ricos em detalhes e cheios de efeitos de luzes como nos cassinos de Vegas a ruas meio sem graça, como os cenários da primeira missão. Os efeitos de fumaça são impressionantes, já que possuem grande densidade e volume, assim como alguns outros como quando você é atingido por um flashbang ou de vidro quebrando de forma convincente na maior parte das vezes. Algo bacana também é a possibilidade de enxergar sua própria sombra, alias, sombra e luz no jogo são elementos razoáveis, já que a maior parte dos elementos do cenário possuí sombras estáticas. Um fato que pesa um pouco na balança é que o jogo era muito pesado para época, mesmo que os gráficos não sejam tão impactantes ou surpreendentes.

Os sons também receberam um cuidado especial, com todos os elementos de um mundo real sendo reproduzidos de maneira fiel, como passos, barulhos da roupa de seu personagem à medida que se movimenta, sons emitidos por balas, dublagens bem feitas, explosões, tudo está lá com uma boa qualidade. O destaque fica por conta da trilha sonora, uma mistura sinfonias e batidas eletrônicas, que captaram muito bem o clima da série e entregaram um trabalho de primeira. Realmente esse é um trabalho que o compositor do jogo Paul Haslinger pode se orgulhar.

 

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