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Umbrella Corps

Em comemoração aos 20 anos da franquia Resident Evil a Capcom resolveu lançar um game em comemoração a esse momento. Dadas as promessas de retorno da franquia ao verdadeiro survival horror, o mais desavisado poderia até ter sonhado com um game com essa pegada, infelizmente desde o anuncio ficou claro que o game seria do gênero de tiro em terceira pessoa com foco no multiplayer.

Se essa informação já não traz à tona boas recordações dentro da série, Operation Racoon City feelings, afirmo que mesmo nos seus piores pesadelos você esperaria algo tão ruim e inacabado quanto que a Capcom arrumou agora. Bem-vindos a Umbrella Corps.

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O jogo se passa dois anos após os eventos de Resident Evil 6 e, em resumo, se foca em mercenários contratados por diversas empresas para coletar dados secretos acerca dos experimentos realizados pela Umbrella, que resultaram naquilo que todos nós tão bem conhecemos. Para isso esses mercenários devem ir a locais infectados, matar zumbis e afins, e assim coletar vestígios genéticos dos mesmos.

Dada a temática do game todos os mapas do jogo se remetem aos games antigos da série, dessa forma o jogador revisitará locais como os arredores da icônica delegacia de polícia de Racoon City e a vila El Pueblo de Resident Evil 4. Se Umbrella Corps possui algum ponto positivo, esse seria esse ponto. De certa maneira isso conversa com o fã de longa data de Resident Evil. Infelizmente esse é o único ponto positivo do game, que na verdade ainda some dados os inúmeros problemas que ele apresenta.

O gameplay é horrendo. Além de uma movimentação que não flui a contento, a mira não tem a precisão necessário para um jogo de tiro. E se você jogar no PC nem mesmo o melhor mouse do mundo o fará se sentir confortável, acredite, foi onde eu joguei.

Não importa quantas armas o jogador tenha ganhado ao longo as jogatinas, a melhor arma para a grande maioria das situações é a arma de melee inicial, a Brainer. Ela possui um enorme range para uma arma do gênero e resolve qualquer problema com uma pancada somente. Ao se encontrar um inimigo, NPC ou não, a melhor solução normalmente é se atirar para cima dele a ataca-lo com a Brainer, não interessa o quantos tiros esteja tomando.

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Ora, se a melhor arma do jogo já é entregue ao jogador desde o início, não há motivos para o mesmo se dedicar a continuar jogando e liberando as outras armas do game. Os motivos que sobrariam seriam bons modos de jogo e diversão saudável para com os amigos, infelizmente não há modo de jogo que sustente um jogo com gameplay ruim e não há diversão que surja dada a união dos problemas citados.

Falando em NPCs, a inteligência artificial deles é nula. Não é nada incomum o jogador passar na cara de um inimigo e esse sequer se movimentar para ataca-lo. Bem como não é nada difícil encontrar NPCs andando de cara na parede na ânsia de atacar.

Os visuais são fracos. Não se deixe enganar com os mapas que representam com fidelidade os ambientes mais marcantes dos games antigos, pois tecnicamente nenhum deles apresenta nada além do medíocre. Texturas fracas, animações de cenários nulas, efeitos de iluminação que são uma piada, entre outros.

Não bastasse o visual não impressionar, o level design é amador. A Capcom vende Umbrella Corps como um jogo de tiro em terceira pessoa e há incentivo para o jogador se utilizar do sistema de covers para os tiroteios, entretanto o cenário em si trabalha contra o cover, fazendo com o que seja um melhor negócio andar feito um maníaco pelo cenário até encontrar um inimigo e lascar a Brainer no crânio dele.

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É como achar que vai jogar um jogo com o meta game de Gears of War e se encontrar jogando um Call of Duty qualquer com um “machado” na mão. Ou o próprio game não sabe exatamente o que quer ou a equipe de desenvolvimento é incompetente mesmo. Não é difícil imaginar qual opção faz mais sentido.

A animação dos personagens é horrenda. O simples ato de segurar uma handgun e mirar é esquisito, parecendo que o braço do caboclo tem somente o tamanho do antebraço pois a arma dá a impressão de estar a 5 centímetros de seu rosto. Como conseguiram foder a animação mais básica de um game de tiro em terceira pessoa eu jamais compreenderei.

Todos os outros personagens também possuem péssimas animações e movimentações. Mesmo os zumbis, inimigo que ocupará 90% do game enquanto NPCs, não possuem uma movimentação adequada. Depois de 20 anos de série a equipe de produção conseguiu errar a mão até mesmo com as animações dos fucking zumbis.

Se o leitor está se perguntando como ficaram os outros monstros clássicos, mais parrudos e grandes, em Umbrella Corps, mais uma má notícia: eles não estão aqui. Nenhum deles.

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O jogo também falha feio em fazer o jogador se importar com o pouco plot do game, bem como com o seu personagem. Como o plot é genérico e o personagem controlado não possui nenhum backstory, não passando de um mercenário contratado, não há como criar uma relação para com nada que está acontecendo ao longo da jogatina.

E deixo claro que a desculpa de que Umbrella Corps possui foco multiplayer competitivo não tem nada a ver com essa falta de personalidade. Overwatch é um claro exemplo de que um game com foco no multi pode sim fazer com que o jogador se importe com o seu universo.

Umbrella Corps sofre também com uma severa falta de conteúdo. Em resumo, temos os modos de jogo online usuais, mas com nomes temáticos. Proteja a base, pegue a bandeira e afins. Nada aqui se destaca.

Após cada partida o jogador é presenteado com alguma premiação e com ganho de XP para subir de níveis. Novamente, nada que fuja do usual.

As partidas rolam sem muitos problemas de conectividade, apesar de em eventuais momentos ser difícil conseguir conexão para com o servidor, problema bem habitual para com games em lançamento da Capcom, diga-se de passagem.

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Surpreendentemente, ou não, em muitas tentativas de jogatinas online foi muito difícil encontrar pessoas para jogar. Não sei se isso realmente reflete o fato de que pouquíssimas pessoas estão a jogar Umbrella Corps ou se o sistema de procura de players está bugado. De qualquer maneira, foi um problema enfrentado por quem aqui escreve.

O modo single-player é uma piada. Nesse modo o jogador deve atravessar os cenários completando o objetivo primário da missão. São no total algo em torno de 25 missões, mas não se iluda pois não há 25 cenários diferentes, todas possuindo o mesmo objetivo: matar zumbis e coletar amostras de DNA. Variedade zero aqui.

Pelo menos a Capcom, que com certeza tinha ciência de todos os problemas desse jogo, teve o lapso de bom senso de não cobrar um valor regular de lançamento triple A por Umbrella Corps. Ainda assim teve a pachorra de inserir DLCs nesse jogo, que basicamente se resumem em avatares clássicos e novas cores para o pífio sistema de customização de armas presente no game.

Imagino que não deveríamos nos surpreender com o trabalho meia boca aqui apresentado pela Capcom. Estamos falando de uma empresa que conseguiu a poucos meses lançar um game do tamanho e importância de Street Fighter V absolutamente inacabado. Perto do maior fighting game da história, o que é Umbrella Corps?

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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