Quando “Watch Dogs” foi revelado na conferência da Ubisoft na feira E3 2012, a reação de jogadores de todo mundo foi a de ficar maravilhados com o que viam, e um hype tremendo nasceu. Afinal, o título apresentava um conceito original e um visual arrebatador.
Certamente foi um dos jogos mais aguardados para 2014, e depois de dois anos com várias imagens e trailers o jogo finalmente chegou ao mercado e muitos já o jogaram, sendo que em apenas uma semana ele vendeu mais de quatro milhões de cópias, confirmando seu sucesso. Mas será que ele é tudo aquilo que prometia na E3? É isso que vamos debater em nossa análise abaixo.
O jogo foi lançado para PC, PS3, PS4, Xbox 360 e Xbox One. Uma versão para Wii U está planejada para ser lançada até o final de 2014. Nosso colega Rodrigo Dias escreveu uma análise do game com o seu ponto de vista diferente, que você pode ler clicando aqui.
Hackeando a cidade
Anunciado antes do polêmico caso de Edward Snowden, o jogo prova que os temas de segurança e privacidade na rede online estão longe de ser uma mera ficção. O argumento, um dos pontos mais fortes do game, é construído em volta do conceito de crimes de informação, interligação de dados e o uso de tecnologia nas mãos de pessoas que podem causar tanto o bem, como o mal, os famigerados hackers.
O jogo tem como cenário uma versão fictícia da cidade norte-americana Chicago e seus arredores, e o jogador assume o comando do personagem Aiden Pearce, um hacker altamente qualificado, que busca vingança pela morte acidental de sua sobrinha durante atentado contra a sua pessoa. Para ajudar em sua missão, além de ser um habilidoso hacker que usa seu smartphone para invadir o sistema que controla quase todos os aparelhos eletrônicos da cidade e acessar informações de todos os residentes, Pearce também é um lutador experiente, o que vai lhe permitir entrar e explorar o violento mundo do crime. O enredo é sólido e garante a atenção do jogador, e os personagens possuem personalidades interessantes e bem construídas.
“Watch Dogs” foi anunciado como uma aventura em um mundo aberto ao estilo “GTA“, coisa que a Ubisoft conseguiu entregar aos jogadores, apesar de as vezes parecer limitado nas interações desse mundo virtual. Ao longo do jogo são diversas missões com objetivos variados, mas de uma forma geral, são três as formas em que podem ser completadas: no modo de infiltração furtiva, através do modo “Rambo”, atirando e explodindo tudo pela frente ou, o mais interessante de todos, através de hacking em tempo real.
Apesar dos outros dois modos oferecerem uma experiência bastante satisfatória e divertida, sem dúvida é o modo hacking que é o grande destaque do jogo, e que realmente adiciona algo de diferente e inovador para o gênero. É possível ter acesso as câmaras de vigilância, abrir portas, desativar semáforos, ativar armadilhas ou distrações, entre outras coisas. Uma coisa eu lhe digo: você nunca mais vai olhar para o seu smartphone da mesma maneira depois que jogar “Watch Dogs“.
Porém, mesmo com as várias opções de hackings disponíveis para o jogador, ao longo de um tempo usamos apenas os mais eficazes, como explodir dutos de gás ou desativar semáforos para fugir da polícia, especialmente nas missões secundárias. Mas claro, isso está longe de ser um defeito para o game, mas uma caraterística presente em quase todos os games do gênero mundo aberto, que tentam várias opções de ações que acabam sendo repetitivas e só com algumas realmente eficazes. O sistema de hacking de “Watch Dogs” pode não ser perfeito, mas ele é bastante inovador e promissor, e certamente em uma sequência poderemos ver novidades imensas em um futuro próximo.
Além das missões principais e secundárias, o jogo conta com excelentes mini-jogos que ajudam a dar uma variada na mecânica do jogo, extremamente divertidos e desafiantes. Estes jogos, aliados as missões principais e secundárias, oferecem uma lista brutal de opções para o jogador passar o tempo, ganhar mais experiência, desbloquear novos itens, nos fazendo sempre voltar para jogar “só mais um pouquinho“.
Jogadores veteranos de “GTA” vão se sentir em casa no que toca a jogabilidade, com uma vasta cidade cheia de detalhes a ser explorada e com uma boa variedade de veículos para serem controlados, não vai faltar opções para dar uma voltinha na área urbana ou rural. A cidade é viva e pulsa com os diferentes pedestres que andam pelas ruas e possuem reações diferentes diante de suas ações. Algo bastante interessante é a possibilidade de “xeretar” nas vidas pessoais dessas pessoas, ouvindo conversas ou lendo mensagens de seus celulares. A quantidade de textos e diálogos é imensa e dificilmente você passará por situações repetitivas, o que deixa esse mundo virtual ainda maior e mais interessante.
Além disso, “Watch Dogs” inclui um modo multiplayer online em tempo real na campanha principal, o que deixa a aventura ainda mais interessante, com jogadores aleatórios podendo invadir a qualquer momento o seu jogo e atrapalhar sua partida com hackings competitivos. Quando isso acontecer, é preciso encontrar o fulano antes que o hacking dele se complete, gerando perseguições emocionantes. Algo bastante interessante é o aplicativo para smartphones “companion app”. Com ele o jogador pode usar o seu celular para controlar os sistemas eletrônicos e a polícia na caça de outros jogadores.
Os gráficos são a parte polêmica do jogo, ficando bem distante daquilo que foi prometido nos primeiros trailers, inclusive nos videogames da nova geração, que em alguns momentos parecem estar no nível da geração antiga. Os visuais podem não impressionar, mas conta com bons modelos faciais dos personagens e os cenários, de uma maneira geral, cumprem com a sua proposta. O que chama a atenção são detalhes menores, como a belíssima chuva noturna, os efeitos de luz do pôr do sol nas águas ou objetos é fantástico.
As dublagens dos personagens principais contam com um bom desempenho e atuações, apesar das vozes e diálogos de pedestres não terem a mesma qualidade. Há aúdio em português, mas não chega perto da qualidade da original. A trilha sonora do jogo em si são boas, sendo possível ouvir músicas de bandas licenciadas como “Smashing Pumpkins” através do MP3 do celular, o que vai depender do gosto de cada um.
