Análises

Yakuza 3

“Ryu ga Gotoku”, ou “Yakuza” no ocidente, foi talvez a maior surpresa da SEGA na geração passada. Com dois jogos lançados exclusivamente para PlayStation 2 e orçamento milionário, comparável a Shenmue, muitos diziam que a empresa estaria repetindo o erro das aventuras de Ryo Hazuki, que começaram no Dreamcast e nunca tiveram um fim. Mas o carisma de Kazuma Kiryu, a história adulta bem desenvolvida envolvendo a máfia da yakuza e um sistema de jogo bem desenvolvido, tornou-se um dos maiores hits do console.

Era natural que se esperasse uma sequência no PlayStation 3, o que ocorreu. Primeiro veio “Kenzan”, uma história paralela que se passava no Japão feudal. Infelizmente, o jogo nunca veio ao ocidente. Mais tarde, chegava a verdadeira sequência, “Ryu ga Gotoku 3”. Mas aí começava um pesadelo para os fãs ocidentais: por culpa das baixas vendas dos dois primeiros episódios, tudo apontava para um não lançamento por estas bandas. Mais de um ano depois, porém, a SEGA finalmente traz “Yakuza 3” que, mesmo com cortes – que comentaremos abaixo -, é um dos jogos imperdíveis para os donos de PS3.

De volta à ação

Kazuma se dedica às crianças do orfanato após sair da yakuza
 Kazuma se dedica às crianças do orfanato após sair da yakuza

Depois dos eventos de “Yakuza 2”, Kazuma Kiryu decidiu sair da yakuza e, junto da menina Haruka, se mudou para Okinawa, bem longe de Tóquio, para fundar um orfanato, onde cuida de várias crianças que sofreram da mesma forma que ele.

Mas isso não durou muito tempo: uma espécie de acordo político traria uma base militar e um resort para a área, o que causaria o fim do orfanato. Este acordo, porém, envolvia não só políticos como também a yakuza, e pior, o clan que um dia ele liderou: Tojo. Uma série de atentados ocorrem e o atual chairman do clã Tojo e grande amigo de Kazuma, Daigo Dojima, é uma das vítimas. Mas uma coisa ele não esperava: o provável causador disso seria nada mais nada menos do que seu pai de criação, de acordo com o desenho de uma menina, que teria sido testemunha.

O fato faz com que Kazuma tenha que retornar para Kamurocho, o distrito dos jogos anteriores, para investigar o que está acontecendo e botar um fim nisso, ao mesmo tempo que tentará evitar as construções em Okinawa.

Evolução esperada

A transição para um novo hardware trouxe uma série de benefícios para “Yakuza 3”. O primeiro, e mais visível, é a visão completamente em 3D. No PS2, sua visão era limitada e a câmera era fixa na maioria da vezes, em especial na exploração em Kamurocho. Agora não: você pode visualizar tudo em 360 graus, além de poder usar o botão R3 para visão em primeira pessoa, o que amplia e muito a sua liberdade.

O combate mudou pouco, mas continua muito divertido. Kazuma ainda tem os combos básicos com chute, soco e agarrão, os golpes “heat”, especiais acionados através de uma barra, além de armas obtidas em lojas e até itens do cenário, como bicicletas ou letreiros. Uma novidade interessante quanto às armas fica por conta da possibilidade de modificá-las e torná-las mais fortes, através de itens.

Basta encontrar os materiais necessários e levar até um certo personagem. Isso adiciona bastante aos combates pois isto pode lhe trazer grandes vantagens, já que estas adições não podem ser encontradas nas ruas.

Os adversários de Kazuma nunca sofreram tanto
Os adversários de Kazuma nunca sofreram tanto

Ainda há espaço para outras novidades: há uma segunda parte da barra de heat, que deixa Kazuma com uma aura vermelha, o que possibilita sequências especiais ainda mais destruidoras. Contra os chefes, essas possibilidades se ampliam: em determinada parte da luta, Kazuma irá invocar um poder supremo, que libera combos devastadores.

A princípio você só tem um, mas pode ganhar outros através de outra novidade: os eventos chamados “revelations”. Estes eventos são realizados usando a câmera de seu celular, e são bem específicos. Quando avistar um, basta ficar em primeira pessoa e mirar no alvo. Um ícone com um olho aparecerá.
A partir disto, uma sequência de botões (os famosos QTEs) aparecerá na tela. Se fizer tudo corretamente, basta complementar o processo com a frase que melhor se encaixar na situação. Por último, o mais absurdo: Kazuma postará isso em um blog pessoal. Com isso, dá para perceber que a famosa “maluquice japonesa” continua com tudo em “Yakuza”. E sim, isso é muito bom.

Kamurocho nunca esteve tão bonita
Kamurocho nunca esteve tão bonita

Como sempre, “Yakuza 3” traz uma série de missões paralelas e minigames. Estes eventos fogem completamente da seriedade da história principal e trazem situações tão absurdas quanto as revelações, como atuar em um filme de samurai ou perseguir um devedor de aluguel. Já os minigames incluem novidades como karaokê, golf e um shooter no Club SEGA. Pode se preparar para gastar dezenas de horas de jogo só com isso, principalmente porque a cada momento uma situação diferente e inesperada pode ocorrer.

Mas é aqui que mora um grande problema, e que virou polêmica entre todos os jogadores: por culpa de um calendário apertado para realizar a localização do título, a SEGA cortou missões secundárias e minigames inteiros, como o “hostess club”, onde Kazuma saía com garotas e participava de diálogos para agradá-las. Este em especial foi um corte substancial, e ainda é possível encontrar “restos” do mesmo, seja em conversas ou nas jóias valiosas encontradas nas lojas.

Na parte técnica, “Yakuza 3” não faz feio. As músicas combinam perfeitamente com as situações, e felizmente, a SEGA optou por manter as vozes originais, em japonês, adicionando apenas legendas.

Os minigames e missões paralelas lhe consumirão
Os minigames e missões paralelas lhe consumirão

O visual impressiona, e traz alguns dos humanos mais bem feitos nesta geração, com ótimas texturas, detalhes e animações. As cidades são bem vivas, com construções variadas, com alterações visuais da noite para o dia (ainda sem mudança em tempo real, infelizmente) e dezenas de transeuntes nas ruas, sem quedas de frame. Há muitos pequenos detalhes que são interessantes de notar, com vendedores procurando fregueses, pessoas abrindo guarda-chuvas. O conjunto geral da obra, contudo, não é perfeito, com algumas texturas pobres e serrilhados.

E parece que a SEGA ouviu as reclamações quanto aos loadings nos jogos anteriores: agora, combates e cenas começam praticamente na hora, sem aquele excesso das infames telas pretas. Isso talvez seja fruto da instalação de 5GB; portanto, prepara-se para liberar espaço, caso seu HD não seja dos maiores.

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