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God of War

Quando o novo God of War foi anunciado na E3 2015, jogadores do mundo inteiro ficaram em êxtase com a novidade, pois finalmente poderiam voltar a jogar na pele do guerreiro espartano Kratos, um dos mais complexos e interessantes anti-heróis já criados.

Saindo da mitologia grega e buscando novos ares em terras nórdicas, essa era meio que uma mudança já esperada pelos fãs. O que ninguém imaginava era que Kratos estaria acompanhado de um filho, o jovem Atreus, e que a jogabilidade de todos os títulos anteriores com a qual ficamos habituados, responsável em grande parte pelo seu sucesso, seria descartada, dando espaço para algo totalmente diferente.

Confesso que inicialmente não me empolguei com as mudanças. Pensei na época que era um erro alterar algo que estava dando tão certo. Agora, após finalmente concluir a jornada que God of War para PS4 me proporcionou, fico feliz em dizer que eu estava completamente enganado. Todas as mudanças feitas não apenas foram executadas com qualidade ímpar, mas fazem desse novo game o melhor de toda a franquia.

O Kratos de agora é um personagem mais vulnerável do que aquele de outrora. Afinal de contas, ele está em uma terra desconhecida, mas nem por isso deixou de ser um indivíduo extremamente brutal. Seu filho, Atreus, sua principal companhia, age como se espera de uma criança de sua idade, bastante curioso a respeito do pai e sempre querendo ajudá-lo.

Pouco tempo após o jogo começar, ocorre um evento de magnitude espetacular que dá o tom para o restante da aventura que está por vir, nos dando a certeza de que estamos mesmo jogando um God of War. Ao longo da jornada pelas vastas terras de Midgard, Kratos e Atreus realizam diversas descobertas, com o auxílio de personagens secundários de suma importância para a trama. A narrativa, contada sem qualquer tipo de corte, garante uma imersão maior na história. Uma clara evolução com relação ao que foi visto em outros jogos da Sony, como Uncharted e The Last of Us.

A complexa relação entre pai e filho vai se aprofundando cada vez mais a medida que a trama evolui. Algo que inicialmente muitos jogadores, inclusive eu, pensaram que seria um aspecto que atrapalharia o jogo, mostra-se um elemento fundamental para moldar o novo e ainda agressivo caráter de Kratos. Muito disso se deve ao jovem Atreus, que acaba se revelando um dos melhores personagens secundários com quem já me deparei.

Boa parte do tempo é gasta em um pequeno barco que serve de transporte para a dupla, permitindo que eles se desloquem entre os muitos pontos do mapa. A exploração em God of War é bastante recompensadora, dando aos mais persistentes ótimos itens escondidos em lugares dos mais diversos e inusitados. O excepcional design de níveis presente no game não deixa o jogador com aquela sensação de que está perdido durante os momentos em que decide deixar de lado o objetivo principal e ir atrás do conteúdo opcional.

As missões secundárias, aliás, são criativas e extremamente gratificantes de serem feitas, algumas delas inclusive revelando surpresas muito legais a respeito da história e verdadeiros desafios para os jogadores mais exigentes. Não somente isso, mas também nos fornecem a oportunidade de visitar novos cenários muitas vezes completamente diferentes daqueles encontrados na rota principal, todos munidos de uma qualidade deslumbrante.

Os quebra-cabeças são complexos na medida certa, não apresentando uma dificuldade que faz o jogador ter de recorrer a uma ajuda externa para poder resolvê-los, e ao mesmo tempo não passam a ideia de que são fáceis demais. A maioria envolve explorar parte do cenário em que se encontra para descobrir a localização de runas para destrancar um baú, mas há alguns um pouco mais difíceis, os quais exigem que o jogador gaste uns cinco ou dez minutos pensando na solução.

A jogabilidade de God of War é facilmente o melhor aspecto do game. Ela é incrivelmente agradável, profunda e mais estratégica do que a encontrada nos jogos anteriores da série. Kratos faz uso de um machado para atacar com golpes leves ou pesados, mas também pode combater utilizando somente seus punhos. O dano é menor, mas faz preencher mais rapidamente um medidor que, quando cheio, permite ao jogador realizar um poderoso ataque no oponente, muitas vezes ocasionando a sua morte. Há alguns que são tão brutais que poderiam muito bem ser “fatalities” no Mortal Kombat. Adicionalmente, usar bem o escudo e o sistema de esquiva é fundamental nos confrontos onde existe um número bastante elevado de adversários ou quando seu oponente é alguém extremamente forte.

Atacar bastante dá ao jogador a chance de executar o famoso golpe “Fúria Espartana”, colocando Kratos em um estado de frenesi, onde ele bate com toda a sua fúria em tudo que estiver pelo seu caminho. Há também um indicador que serve para mostrar quando um inimigo está se aproximando ou se preparando para atacar.

Atreus, como era de esperar, ajuda nas lutas. Apertando quadrado, o jogador faz o jovem atirar flechas nos inimigos, habilidade que vai melhorando ao longo da aventura, ficando cada vez mais útil e fundamental dependendo da situação. Ele também consegue chamar a atenção dos inimigos e até mesmo imobilizá-los, dando ao pai a oportunidade de pegá-los desprevenidos.

Assim como Kratos, os inimigos possuem níveis. Quanto maior for o nível deles, mais difícil será derrotá-los. Se a diferença for muito alta, a barra de vida do inimigo ficará roxa e às vezes com o símbolo de um crânio, fornecendo ao jogador um desafio no patamar daqueles encontrados em jogos como Dark Souls.

Para subir o nível de Kratos, é necessário trocar seus equipamentos por peças melhores e, claro, aumentar o dano do machado. Tudo isso é feito através da exploração, que fornece itens de maior qualidade, juntamente com materiais que servem para criar novas armaduras, talismãs, encantamentos e runas. A experiência obtida nas batalhas serve para comprar novas habilidades, tanto para o anti-herói espartano quanto para Atreus, além de aumentar o dano de ataques especiais.

Falando dos gráficos, God of War é assombroso. Não é exagero algum afirmar que se trata do jogo mais bonito do PS4. Os cenários deslumbrantes e vastos de Midgard, juntamente com todos os detalhes minunciosamente bem trabalhados me fizeram muitas vezes parar o que eu estava fazendo apenas para ficar contemplando o visual e tirar fotos.

Minha jogatina foi realizada em um PS4 Pro conectado a uma TV 1080P, onde existe a opção de jogar com os gráficos melhorados através do recurso “supersampling”, havendo também a possibilidade de jogar em 1080P nativo favorecendo o desempenho, fazendo o jogo oscilar entre 30 e 50 fps. Particularmente, prefiro estabilidade na taxa de quadros por segundo, o que me fez optar pela primeira opção. Entretanto, qualquer que seja sua escolha, pode ficar sossegado pois você será contemplado com visuais de cair o queixo.

Me deparei com pouquíssimos problemas técnicos enquanto jogava. Os dois mais graves foram um em que o jogo deu crash e precisou ser reiniciado após aproximadamente sete horas jogando sem parar, e outro onde ocorreu subitamente um “loading”, mas que durou apenas alguns segundos. Se tratam de defeitos insignificantes, pois surgiram apenas duas vezes em cerca de 30 horas de jogo, não afetando a experiência como um todo, que é tão prazerosa que me fez sentir uma alegria em jogar que eu não experimentava há muitos anos.

Quem preferir jogar em português, pode ficar tranquilo pois o trabalho de dublagem realizado em God of War é de ótima qualidade, não devendo em nada para o áudio original em inglês.

Conclusão

God of War não é apenas o melhor título da franquia, mas sim o jogo que veio para definir essa geração de consoles. Todos os seus aspectos foram trabalhados com tamanho cuidado, que deverão servir de exemplo para toda a indústria de videogames. Se você ainda não possui um PS4, a jornada de Kratos e Atreus é o melhor motivo para adquirir um.

Prós

  • Cenários deslumbrantes
  • Jogabilidade moderna, dinâmica e profunda
  • História longa e envolvente, do começo ao fim
  • Personagens inesquecíveis, especialmente Atreus
  • Dezenas de horas de conteúdo opcional de qualidade
  • Ótima trilha sonora

Contras

  • Nenhum

Nota: 10/10

Uma cópia do jogo foi fornecida pela Sony para a elaboração desta análise.

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