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Análise | Immortals of Aveum sofre com história clichê e combate repetitivo

Em um mundo onde dezenas de jogos de tiro em primeira pessoa são lançados anualmente – ou atualizados nesta era dos “Jogos como Serviço”- tentar inovar no gênero e entregar algo diferente é sempre um ponto positivo. Immortals of Aveum parte desse objetivo ao substituir as tradicionais armas de fogo por magias e até consegue ser divertido em um primeiro momento, antes de mostrar que os clichês da campanha e a repetição do combate colocam tudo a perder.

Herói padrão “MCU”

Antes de mais nada, vale lembrar que Immortals of Aveum é um título com o selo EA Originals, um braço de publicação da EA Games que conseguiu alavancar jogos como It Takes Two, vencedor do prêmio de melhor jogo do ano pelo The Game Awards 2021. Já nos primeiros minutos é possível ver o que atraiu a atenção da gigante americana no título da Ascendant Studios: um nível de produção digno de grandes jogos AAA. Todo feito na Unreal Engine 5, conta com modelos de personagens incríveis nas cinemáticas, com expressões faciais convincentes e um ótimo trabalho com cenários e efeitos especiais. No entanto, gráficos impressionantes não contam uma boa história.

No papel de Jak, você é um herói clássico, motivado por uma tragédia e com potencial infinito a ser explorado e usado para o bem. Neste mundo um mago convencional pode usar apenas um tipo de magia, enquanto Jak consegue manipular todas as três, sendo então um raro “Triarch”. Por mais incrível que pareça, essas magias não têm nomes complexos como tudo que envolve a trama do jogo – explicada de forma exageradamente expositiva durante toda a campanha – e são chamadas apenas por suas cores: vermelho, verde e azul. O garoto precisa lidar com o problema de ter que melhorar suas habilidades com todos os tipos de magia ao mesmo tempo, o que geralmente transforma os Triarchs em mestres de nada, o famoso indivíduo que faz de tudo, só que mal feito.

A personalidade do rapaz é a típica de um super-herói de cinema, com clara influência do universo Marvel tanto na atitude imprudente quanto na forçada de barra para ser cômico em meio aos momentos tensos no campo de batalha. Como não se trata de um herói já amado pelo público e, para completar, o roteiro não ajuda, mesmo os nomes mais pesados do elenco não conseguem entregar momentos legais e, na verdade, deixam a trama bem insuportável em alguns momentos, com aquela sensação de sentimento ou hype “falsos”.

Em relação aos seus temas, a história trata de coisas importantes, especialmente a degradação do meio ambiente e o estrago que as guerras fazem ao planeta. No entanto, com desenvolvimento ruim não só dos personagens mas também das ideias, como por exemplo tirar magia do planeta para empoderar suas habilidades enquanto isso é exatamente o que está acabando com ele, tudo acaba ficando sem profundidade e se torna vazio no decorrer da campanha.

No fim, nada parece novo

Embora a premissa de trocar armas por magias em um jogo de tiro em primeira pessoa seja interessante, aqui valeu mais o passado dos desenvolvedores da Ascendant, que trabalharam em Call of Duty, do que a ideia de conjuração arcana no campo de batalha.

No fim do dia, as três cores de magia representam a velha tríade dos jogos de tiro: Rifles, Escopetas e Snipers. A magia vermelha, por exemplo, é igual uma escopeta, feita para lidar com inimigos próximos e causar aquele dano massivo, porém não se dá bem contra alvos distantes. Já a magia azul vai aniquilar os inimigos à distância, mas é lenta, especialmente nas variações mais poderosas, como criar uma lança, e precisa de posicionamento para ser utilizada. Embora visualmente não se veja as armas de grosso calibre de sempre, na prática a sensação é de estar controlando as mesmas armas de sempre e, pior, sem uma responsividade legal como nos melhores jogos do gênero.

Os inimigos também acabam não ajudando, uma vez que possuem resistência a algumas das magias e te obrigam a usar outras, o que limita qualquer abordagem tática. Não adianta ficar de longe com sua magia azul contra inimigos que tenham a armadura vermelha, por exemplo, pois o jogo te pune por tentar usar suas habilidades de forma criativa e te prende nessas três variações batidas. 

Todo o restante é baseado nesta mesma dinâmica de acertar a cor, quase como um teste para símios de laboratório. Quebra-cabeças pedem para atirar magia da cor certa no objeto de mesma cor, tesouros são abertos da mesma forma e tudo que você pode fazer no fim do jogo é batalhar novamente com inimigos que recebem dano expressivo somente da magia de determinada coloração. Até mesmo a árvore de habilidades é dividida em três ramificações para melhorar apenas essas três cores, mesmo quando se trata de habilidades como travessia dos cenário ou saúde do personagem. 

Por falar em árvore de habilidade, há poucas melhorias que realmente valem a pena durante o jogo. A maior parte delas são incrementos marginais em atributos que você pouco controla, como melhoria de uma porcentagem ridícula para dano de acerto crítico. Há também uma ferramenta de criação com uso de saques deixados pelos inimigos, mas de uma forma menos inspirada do que outros jogos já apresentaram.

Quando a campanha termina e com ela os embates repetitivos e a história cheia de clichês, fica claro que tudo que foi apresentado, na realidade, já foi feito antes e de forma bem melhor. Um amontoado de ideias puxadas daqui e ali que no final não funcionam tão bem e no máximo divertem por alguns momentos.

Conclusão

Immortals of Aveum tem boas ideias, mas no fim não consegue trazer algo realmente novo para o gênero. Suas magias são simples e funcionam como as armas de sempre dos jogos de tiro, mas sem um refinamento legal dos controles. A história não salva com o excesso de exposição e acaba sendo esquecível. Em um ano tão bom como o de 2023, há lançamentos bem mais interessantes nos quais gastar seu dinheiro.

Prós

  • Gráficos chamam a atenção, principalmente nas cinemáticas
  • Sequências de ação surpreendem às vezes

Contras

  • História cheia de clichês, exposição da história e personagens chatos
  • Combate genérico e repetitivo
  • Pouca liberdade para abordagem nos confrontos com inimigos
  • Performance abaixo da média no PS5
  • Árvore de habilidades pouco inspirada

Nota: 5,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Electronic Arts para a elaboração desta análise

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