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Análise | Mortal Kombat 1 oferece jogabilidade refinada e pouco conteúdo

Atualmente os jogos de luta deixaram de ser apenas uma experiência envolvendo embates de um contra um, seja versus outro jogador ou a máquina. Com o tempo, eles foram adicionando mais conteúdo narrativo na campanha, modos de jogo divertidos e maneiras diferentes de competir no online. Mortal Kombat, inclusive, talvez seja a franquia mais emblemática nesse sentido, já que conta com pérolas como modo kart, xadrez e até aventuras em mundo aberto.

Por conta disso, é uma pena que Mortal Kombat 1 se apoie tanto no jogabilidade, entregando uma das piores campanhas da franquia e um conteúdo magro como há muito tempo não se via.

Komédia Pastelona

O grande atrativo de Mortal Kombat 1 é que o jogo agora voltou de certa forma à estaca zero. Não é um reboot que apaga tudo que aconteceu nos anteriores, mas aproveita do final de Mortal Kombat 11 para criar um novo mundo onde Liu Kang é o protetor do plano terreno e modificou o passado dos personagens para tentar garantir uma paz duradoura. 

A mudança na trajetória dos personagens significa novas histórias para todos. Scorpion e Sub Zero são amigos e Lin Kuei é um clã protetor do plano terreno. Sindel é a rainha da Exoterra e Shao Khan não só não é mais o marido da guerreira do cabelão branco, como também só tem o título de Comandante Shao. Isso vale para praticamente todos os personagens, incluindo Raiden, que agora é apenas um aprendiz.

O torneio de artes marciais entre os reinos ainda existe, mas ninguém se machuca e é disputado de forma competitiva mas amistosa entre os planos. No entanto, obviamente que forças do mal já estão atuando para mudar tudo isso com uma trama de reviravoltas, com influência forte do passado da franquia, sendo desenrolada no decorrer da campanha.

O tom é cômico e a NetherRealm não faz questão de levar tudo muito a sério. Em alguns arcos isso funciona muito bem, com destaque para o papel de Johnny Cage e seu novo background de influencer e ator decadente. No entanto, na maior parte do tempo, o humor exagerado acaba elevando os problemas do roteiro, que parece acelerado demais e entrega um dos piores finais da franquia. Não há um chefe final marcante, a cena toda é uma bagunça sem muita inspiração e o plot é mais um clichê de multiverso e linhas temporais. 

Ao menos tudo está bem localizado em português do Brasil, incluindo dublagem, e a duração da campanha é bem curtinha, com cerca de 5 horas de ação. É uma pena que esses sejam os pontos mais altos dentro de algo que é a marca de Mortal Kombat frente aos outros jogos do gênero.

Kombate de Gente Grande

Se por um lado a campanha é fraquinha, por outro as lutas estão divertidas como nunca. Em um primeiro momento, achei o jogo um pouco mais devagar do que Mortal Kombat 11, que por sua vez já era considerado lento. No entanto, logo percebi que era pela dificuldade maior de conectar combos e entender a maior variedade de ações disponíveis graças aos ajudantes que podem ser chamados para executar ataques no meio da “trocação” de socos e bicudas.

Os “Lutadores de Parceria” ou “Cameos”, como são chamados, são personagens da franquia, e alguns só estão presentes como ajudantes e não podem ser escolhidos para lutar. Ele são chamados no meio da luta pressionando R1/RB ou mesmo uma combinação de direcional + este botão. Cada um deles tem três ataques diferentes e podem ajudar demais a conectar combos e também a defender, já que dá até para gastar algumas barras de especial para eles cortarem os combos dos oponentes.

Um exemplo de utilidade interessante demais deles é a do Sub Zero, que nessa função pode dar um escudo de gelo para o seu personagem que bloqueia ataques mágicos a distância até que ele seja atingido por um ataque físico. Dificulta demais a vida dos “zoneadores”, dando uma opção a mais para criar estratégias na hora de jogar as ranqueadas. 

O plantel de personagens poderia, com certeza, ser maior, mas ao menos a maior parte dos favoritos da franquia estão aqui, com a presença de lutadores clássicos que fizeram de Mortal Kombat o que ele é. Mileena está de volta, os ninjas de todas as cores e elementos estão belíssimos, e o kit de habilidades de cada um deles é divertidíssimo de usar. Destaque também para as animações, havendo algumas, como a mordida do Reptile na forma de “crocodilo alien gigante”, dando um show na TV e empolgando no meio das lutas. Os controles são bem responsivos e lutar online não me deu nenhuma dor de cabeça em relação à performance e lags.

Konteúdo Medíocre

Um marco de Mortal Kombat nos últimos jogos sempre foi seu conteúdo farto, com diversos modos de jogo inusitados e uma boa gamificação até o processo de liberar cosméticos com a famosa Kripta. No entanto, Mortal Kombat 1 deixa tanto a desejar nesse sentido que parece até que faltou um pouco mais de tempo no forno.

Após terminar a campanha, o jogador tem apenas mais dois modos para se divertir no offline. O primeiro deles é o chamado “Invasões”, onde o jogo se transforma em um tabuleiro e o personagem escolhido pode passar por pontos que iniciam eventos. Esses eventos podem ser torres, lutas, itens e algumas peculiaridades do modo como forjas e lojas para itens. O mais interessante aqui é que cada lutador tem um tipo, quase como um Pokémon, e esse tipo tem vantagens e desvantagens contra outros. Dá para criar uma espécie de build de itens e atributos para cada lutador, e então aproveitar as vantagens para derrotar de forma mais fácil os inimigos. Mais tabuleiros vão sendo liberados com o tempo e a promessa é de mais deles por temporada do jogo, mas a sensação que fica é que a mudança entre eles é bem marginal para justificar mais do que algumas horas investidas. 

O modo clássico de torres também está presente, claro, e não é preciso explicar muito. Seu personagem escolhido encara uma série de lutas em sequência, podendo inclusive tentar um modo infinito de lutas, e no primeiro caso, ao vencer o chefe da torre você é presenteado com uma animação que conta o que aconteceu com ele após os eventos da campanha.

Tirando esses dois modos, há apenas um local para editar as roupinhas dos personagens e outro onde se gasta as moedas para ganhar uma recompensa sortida, algo que deveria ser a Kripta, mas aqui é reduzido a apenas esperar uma bolinha girar e ganhar algo, como uma caixa de lootbox sem graça.

O resultado aqui é um jogo que depende muito do multiplayer para gerar diversão. Como boa parte da comunidade não é tão hardcore para ficar dias e mais dias apenas tentando subir sua pontuação online, acaba sendo um capítulo da franquia com menos duração para alguns.

Konclusão

Mortal Kombat 1 consegue criar novos rumos interessantes para seus personagens clássicos, o que traz um frescor mais do que bem-vindo para a franquia. No entanto, se perde bastante no tom e desenvolvimento da campanha, entregando um dos finais mais fracos da Saga. A jogabilidade está mais refinado do que nunca e a adição dos lutadores de parceria é muito bem vinda. Isso salva o jogo, que afinal é de luta, mas a falta de conteúdo, principalmente offline, pode acabar frustrando muitos jogadores.

Prós

  • Novos rumos interessantes para personagens clássicos
  • Gráficos belíssimos nos consoles de nova geração
  • Combate refinado com a adição de ajudantes
  • Modo invasões é bem variado e diverte por um tempo

Kontras

  • Poucos modos de jogo offline
  • Campanha fraca, com um dos piores finais da franquia
  • Elenco de lutadores poderia ser maior

Nota: 7,5/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Warner Bros. Games para a elaboração desta análise.

 

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