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Análise | Spider-Man 2 é sequência ainda mais polida e divertida

A geração do PS5 até aqui pode ser definida, em grande parte, pelo sucesso das sequências das novas franquias que foram iniciadas ainda no PS4 ou tiveram alguma espécie de ressurreição na plataforma. Depois de Horizon Forbidden West, Ratchet and Clank: Em Uma Outra Dimensão e God of War Ragnarok, foi a vez de Spider-Man ganhar a sua continuação com foco nas tecnologias do novo console da Sony.

Aranha em dose dupla

A história aqui começa alguns meses após os acontecimentos de Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, que foi uma espécie de DLC vendida sozinha após o sucesso do primeiro jogo. Peter continua no papel de herói da saga, mas agora conta com a ajuda do jovem, mas muito maduro, Miles Morales, que assume um papel de companheiro com bem mais foco e desenvolvimento do que um coadjuvante qualquer receberia. Na prática mesmo, ele é um segundo protagonista que tem tanto tempo de tela quanto o herói aracnídeo original.

Dividido em três atos bem distintos, o jogo mais uma vez aposta em mais de um vilão, com o espaço do papel dividido em um momento pelo implacável Kraven e depois pelo tenebroso Venom. A dinâmica acaba, como no primeiro jogo, deixando algumas partes mais aceleradas do que deveriam, mas ambos os vilões conseguem deixar sua marca nesse capítulo de forma memorável. 

Kraven é absolutamente implacável na sua busca pela presa perfeita e invade Nova Iorque causando alvoroço por onde passa. Vilões anteriores, que deram trabalho para Peter, aqui são meras presas indefesas para o caçador. Mesmo com a ajuda de Miles, as batalhas contra o vilão vão ficando cada vez menos favoráveis para os aranhas, que apanham como poucas vezes se viu. 

Já o icônico Venom tem todo um papel de fundo construído antes de aparecer, com uma saga original para a origem do simbionte que passa também pela construção da amizade entre Peter, Harry Osborn e Mary Jane. Apesar do terceiro ato do jogo ser o menos coeso e com mais momentos fora da curva – justamente onde o Venom deveria brilhar – sua construção é bem feita e o impacto em Nova Iorque é nada menos do que apocalíptico.

A Insomniac dobrou a aposta nos momentos fora do traje para os heróis, com muitas sequências de andar com o personagem na sua casa, vizinhança ou mesmo em um parque de diversões em uma noite com os amigos. Essas situações continuam quebrando a dinâmica do jogo e na maior parte do tempo são bem chatinhas de se concluir, com aquela pegada Naughty Dog de apanhar objetos do cenário para se aprofundar na construção de algum personagem ou vilão. No entanto, cumprem bem o seu papel narrativo e não dá para dizer que não adicionam na conexão que o jogador cria com os protagonistas.

Outra frente que recebeu mais tempo de jogo, mesmo com as críticas no primeiro Marvel’s Spider-Man, foram as “missões com a Mary Jane”. A garota passou por um treinamento com a Silver Sable e possui uma pistola não letal de abate furtivo. Como as missões com ela ficaram mais simples, as sequências estão mais dinâmicas e divertidas, mesmo quebrando a ação do jogo e sendo menos interessante do que lutar com os heróis. Ainda assim, no que diz respeito a narrativa, isso acaba criando alguns momentos bizarros em que ela parece mais poderosa que os aranhas contra alguns inimigos.

No geral, a campanha parece menos coesa e interessante que a do primeiro jogo e se sobressai pelos temas tratados. Sem medo, fala sobre reabilitação de presos, racismo, questões de gênero e outros temas espinhosos. Na maior parte do tempo o texto tem sucesso em passar a mensagem que deseja, mas há mais momentos do que deveria onde os diálogos descambam para um mundo colorido das redes sociais e começa a ficar meio vergonha alheia, especialmente na dinâmica entre Peter e Mary Jane.

Chama muito a atenção as set pieces do jogo, aquelas cenas de ação alucinante que seguem um roteiro e o jogador vai alternando entre momentos onde controla o herói e momentos de cutscene. O nível de detalhe é insano e várias delas ficam na memória horas após terem sido jogadas/assistidas. Os momentos em que pausam a ação para pressionar botões que aparecem na tela, as famosas QTEs, tentam estragar isso, mas dá para desativá-las no menu, sendo essa minha dica essencial para quem também não gosta dessa mecânica.

Travessia Incrível

A cidade de Nova Iorque é bem parecida com a do primeiro jogo, mas com algumas áreas novas para explorar no entorno de Manhattan. A travessia, no entanto, é o maior destaque mais uma vez e, por incrível que pareça, conseguiu ficar ainda melhor.

Os dois aranhas agora possuem uma espécie de asa nos trajes que os transformam em um wingsuit. A sensação é de estar controlando o Super Homem em alguns momentos, com voos em altíssima velocidade. O mais impressionante é que o cenário não quebra, não se vê prédios ou carros carregando próximos da tela. Chegar em objetivos é tão divertido quanto fazê-los e nem mesmo a também impressionante Viagem Rápida – que dura basicamente o tempo de pressionar o botão em qualquer local do mapa – consegue me fazer cortar esse tempo de ir alternando entre teias e voos pela cidade.

Já as atividades para se fazer pela metrópole americana deixam a desejar mais uma vez. Parece que não tem muito para onde fugir e, mesmo com várias delas tendo melhorado, não é necessário ficar repetindo o combate ao crime dessa vez, por exemplo. Ainda há um cansaço natural no decorrer do jogo, mesmo com a duração curtinha de no máximo trinta horas para completar tudo. Os destaques ficam para algumas boas missões secundárias de história e o final de cada linha de atividade, que geralmente premia com uma descoberta legal e até prévias da inevitável continuação para uma trilogia.

Jogabilidade divertida e bugs insuportáveis

No que diz respeito ao combate, Peter e Miles são parecidos em várias coisas, tanto que possuem uma árvore de habilidade em conjunto, mas se diferem nos poderes, que são desenvolvidos em outras duas árvores, uma para cada um deles.

Miles continua desenvolvendo suas habilidades elétricas e consegue dar socos, empurrões e impulsos eletrificados em hordas de inimigos de uma só vez. O garoto ainda aprende mais variações durante o jogo e termina com um arsenal completo que não deixa a desejar para nenhum herói dos Vingadores.

Já o Peter precisou acompanhar o aprendiz com a força da tecnologia. Utilizando braços mecânicos de aranha, ele consegue atirar rajadas de eletricidade e também dá impulsos, combos e empurrões. Suas habilidades ficam ainda mais dinâmicas após ele receber o poder do simbionte, como já foi mostrado nos trailers do jogo. É até difícil escolher com quem jogar e, ainda bem, há várias missões focadas em cada um deles para que o jogador brinque até cansar com essas habilidades e combinações.

Os trajes não poderiam faltar nessa dinâmica também. Embora não tenham papel na jogabilidade e sejam apenas cosméticos, eles estão presentes em uma variedade enorme e separados para cada um dos protagonistas. São dezenas de trajes para cada um deles e o normal é ficar trocando de uniforme a cada dez ou vinte minutos, tamanha a variedade. 

O ponto negativo da jogabilidade fica com os bugs. Eles estão presentes em um número muito superior ao aceitável e são incompatíveis com o que se espera de um jogo exclusivo, especialmente com o retrospecto recente da Sony. Há bugs bobos como uma sobreposição de interface ou objetos voando aleatoriamente na cidade, mas também há alguns mais sérios.

Por diversas vezes tive que retornar ao checkpoint por conta do último inimigo preso em algum lugar onde não podia ser nocauteado. Meu Spider-Man se transformou em cubo (este bug felizmente já foi corrigido). Um chefe sumiu e eu fiquei sozinho na arena sem ter o que fazer. Uma série de problemas que precisam ser resolvidos, mas que vão ser solucionados tarde demais para a maior parte dos jogadores, já que a campanha é curta.

Conclusão

Marvel’s Spider-Man 2 é uma evolução natural do primeiro jogo e brilha no quesito diversão. Lutar e atravessar a cidade continuam sendo os destaques, com muita variedade entre Miles e Peter para entreter por muitas horas. Já a história tem seus altos e baixos, mas competente o suficiente para não comprometer a qualidade e garantir ótimos momentos de ação e emoção.

Prós

  • Travessia pela cidade é mais divertida que nunca
  • Combate dinâmico com habilidades únicas para Peter e Miles
  • Dinâmica entre personagens e vilões funciona na maior parte do tempo
  • Temas espinhosos são tratados sem medo

Contras

  • Partes sem traje quebram a dinâmica e por vezes são maçantes
  • Missões com a Mary Jane continuam fora da curva
  • Terceiro ato se perde e parece acelerado

Nota: 8,0/10,0

Uma cópia do jogo foi fornecida pela Sony para a elaboração desta análise

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