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Crítica – Luke Cage – 1ª Temporada

Luke Cage, a nova série da parceria Marvel/Netflix estreou nesta última sexta-feira (30) – com direito a derrubar os servidores pela alta audiência – e vem conquistando uma boa aceitação pela crítica especializada (95% de aprovação no Rotten Tomatoes e média de 79 no Metacritic, no momento da postagem dessa matéria) e pelos fãs em geral.

Gamehall já assistiu aos 13 episódios disponibilizados e podemos afirmar que a série é totalmente diferente das outras já lançadas (as também ótimas Demolidor e Jessica Jones). Para começar, o seu universo gira em torno do Harlem, famoso bairro de Manhattan conhecido pelo grande centro cultural e comercial de afro-americanos.

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bandidos sofrem com a pele invulnerável de Luke Cage

Se nos anos 70, quando o personagem foi criado nos quadrinhos pela Marvel, temas como racismo, marginalização dos jovens, tráfico de armas e drogas estavam em alta nas histórias, a narrativa da série também os aborda, de forma bem elegante e atualizada para os nossos tempos – e refletindo a nossa própria realidade, com enfoque também na corrupção política e nas forças policiais.

E o roteiro de “Luke Cage“, ao longo dos seus 13 episódios, é justamente o seu grande trunfo e que prende a atenção do telespectador do início ao fim. Não espere ver aqui heróis coloridos em batalhas épicas recheadas com efeitos especiais de computador ou ainda coreografia elaboradas como em Demolidor (afinal, Cage tem pele invulnerável, não precisa se esquivar de nada). Ao contrário, temos a apresentação de um herói urbano que reflete a vida real com difíceis escolhas que seus superpoderes não poderão ajudar na hora da decisão. E suas escolhas não terão impacto somente em sua vida, mas também em todos aqueles que estão à sua volta. Como diz o velho mantra de um conhecido nosso: “Com grande poderes, vêm grandes responsabilidades“!

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Rosario Dawson está de volta como Claire Temple

Há muito tempo a cultura negra não estava tão representada como agora, que além de um elenco composto por 90% de excelentes atores negros, também traz uma belíssima trilha sonora que enaltece grandes nomes da música afro-americana em estilos que vão do jazz/blues ao rap/hip-hop. O vilão, inclusive, possui um enorme pôster do lendário Biggie em seu escritório – rapper assassinado aos 24 anos (1997), conhecido pela sua rivalidade com outra lenda, o cantor Tupac Shakur.

Aliás, caso você não não conheça muito da cultura/música afro-americana, recomendo uma pesquisada no Google dos vários nomes e termos que são ditos pelos personagens no decorrer dos episódios, já que eles não dão explicação alguma e ajudam a enriquecer esse universo.

Por exemplo, já no primeiro episódio temos um diálogo interessantíssimo, à la Quentin Tarantino, sobre técnicos/jogadores de basquete e de porque os nomes de Al Pacino e Pat Riley (dois caras brancos, ao lado de outras lendas negras) estarem na lista de “não pagantes” da barbearia de Pop. Em outro momento, temos até uma discussão de Jet Li vs Bruce Lee, que não tem nada a ver com a cultura negra, mas não deixa de ser curioso.

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Cornell Strokes “Boca de Algodão” e Mariah Dillard se destacam os antagonistas

Apesar de seguir um plot central nos 13 episódios, a estrutura narrativa possui algumas reviravoltas interessantes que criam novos e inesperados problemas para o nosso herói – que, verdade seja dita, poderiam ser rapidamente resolvidos por um cara invulnerável com super-força, o que  não acontece devido à sua personalidade honesta.

Sobre o elenco, Mike Colter encarna bem o protagonista, como o já havia feito em Jessica Jones, e consegue transmitir um herói carismático, forte e estiloso – e até meio brega/cafona as vezes, em homenagem às suas origens (como o episódio que mostra o seu passado, com várias referências à sua primeira revista em quadrinhos dos anos 70).

Outro que merece destaque é Mahershala Ali (House of Cards), em uma majestosa interpretação ao viver o gângster Cornell Strokes, ou Boca de Algodão – o personagem mais elaborado da série. Assim como a figura principal, o antagonista é mostrado de forma bem real e crível, retratando um bandido que pode muito bem estar em nosso convívio aqui no mundo real – e sem esquecer o seu lado humano, afinal, ele não nasceu como um bandido. Aliás, o grau de humanidade em todos os personagens apresentados, surpreende.

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a bela detetive Misty Knight

Outros nomes que brilham na tela são os de Alfre Woodard como a política e prima de Strokes, Mariah Dillard; a bela Simone Missick como a detetive Misty Knight e seu parceiro vivido por Frank Whaley. Destaque também para Rosario Dawson, que retorna como a enfermeira Claire Temple (presente em Demolidor/Jessica Jones) e uma breve participação da brasileira Sonia Braga, como a mãe de Claire.

No entanto, “Luke Cage” não é uma série perfeita e alguns podem achá-la “arrastada” demais ou sem o mesmo nível de qualidade de Demolidor e Jessica Jones, já que ela é bem diferente – mas isso vai depender do “gosto do cliente“. Já para outros, é justamente essa diferença que a torna especial, com enfoque em uma narrativa intensa, apresentação de personagens humanos e acima de tudo, uma grande homenagem à cultura afro-americana. Que venham as próximas produções, Punho de Ferro e Os Defensores!

Por fim, para saber um pouco mais do universo de Luke Cage, confira nossa matéria com 10 Curiosidades com o herói!

NOTA: 9,5/10

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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