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Soul Calibur

Em um momento da história em que games de arcade ainda eram consideravelmente superiores à suas contrapartes em consoles, a Namco fez o impensável: uma conversão de seu mais impressionante fighting game para um console de mesa que superou, em todos os aspectos, a versão de arcade. Nasceu assim Soul Calibur.

Nos fliperamas, Soul Calibur já se vangloriava por possuir os mais belos visuais até então ostentados em um jogo de luta, bem como já era considerado um fighting game muito técnico e equilibrado.

Assim que anunciada a versão para Dreamcast esperava-se uma boa conversão, mesmo que possivelmente um pouco inferior ao original. Algo similar ao que aconteceu com Virtua Fighter 3 Team Battle.

Assim que o game foi lançado, o mundo foi pego de surpresa. Soul Calibur para Dreamcast é um jogo muito mais belo e refinado que a versão dos arcades, assim como possui muito conteúdo e modos de jogo.

Já deixando claro o quanto o game é superlativo em tudo, vamos ao review de Soul Calibur para Dreamcast.

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A primeira coisa que fica evidente é o quanto o jogo é belo. Pessoalmente acredito que Soul Calibur foi o primeiro jogo que realmente impressionava graficamente e mostrava do que o Dreamcast era capaz. Compará-lo visualmente a outros games de mesmo período do console era quase como colocar lado a lado jogos de gerações diferentes.

A construção dos personagens conta com um número absurdo de polígonos, o que permitiu modelos poligonais extremamente detalhados. Isso somado um caracter design único e inspirado culminou em uma listagem de personagens visualmente riquíssima.

Isso fica mais do que evidente no modo em que é permitido ao jogador possuir o controle da câmera enquanto contempla o modelo poligonal do personagem desejado. Aqui é possível notar todos os detalhes de roupa, armas, cabelos, rosto e afins.

A boca dos lutadores se movem conforme as falas, as roupas possuem detalhes verdadeiramente construídos com polígonos e não somente são texturas bidimensionais e as expressões faciais são variadas e condizem com o sentimento que querem transmitir.

As roupas possuem um claro senso de peso. Tecidos mais leves voam graciosamente devido ao vento ou mesmo em resposta à movimentação do lutador. O sombreamento dinâmico não possui problemas de deformidades estranhas quando aplicadas aos elementos de cenário ou outros lutadores, como ocorria em Virtua Fighter 3 por exemplo.

O nível de detalhes é tão obsessivo que é possível notar até mesmo a construção individual de elementos como a língua, dentes e os dedos da mão (ou pé) de cada personagem.

Nenhum dos elementos poligonais apresentados possuem aquele aspecto “quadradão”, o que era absolutamente normal em games 3D da época. Lembrem-se de que estamos falando de um game do final dos anos 90.

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Os cenários seguem o padrão de Soul Edge, permitindo “ring outs” e sendo totalmente planos. Entretanto o visual geral de cada um segue o esmero visual apresentado nos personagens.

As localidades são variadas, o que dá uma identidade visual bem única a cada um dos cenários disponíveis. Os elementos de fundo mais próximos ao ring são construções tridimensionais com um bom nível de detalhes, enquanto os elementos mais distantes são bidimensionais, mas de alta resolução. A integração entre esses dois tipos de elementos é totalmente orgânica, quase imperceptível.

Durante as lutas a movimentação de cada lutador e de encher os olhos. Cada char basicamente representa um estilo de luta e isso é muito bem representado em tela. Ademais, a listagem de golpes de cada personagem é deveras grande.

Ajuda muito na fluência das lutas o fato de o game rodar a cravados 60 fps.

Soul Calibur continua a história de Soul Edge. A grosso modo, o jogo conta a história da procura pela espada Soul Calibur, única força na Terra capaz de destruir a demoníaca espada Soul Edge.

Simples, efetiva e bem contada, a única coisa ruim acerca da história é não existir um final em CGI para cada personagem, como era comum em games de luta da Namco (vide Tekken e seus finais interessantíssimos). Ao se finalizar o game apenas imagens estáticas e textos rolam na tela. Se isso ocorreu por falta de tempo, dinheiro ou tão somente espaço no GD-ROM nunca saberemos.

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O jogo conta com um total de 19 personagens para escolher, mas dois deles não possuem golpes exclusivos, funcionando de maneira similar a mokujin em Tekken. Se tratando de um jogo de luta complexo, 17 personagens totalmente diferentes são mais do que suficientes.

É necessário muito treino e dedicação para compreender como enfrentar cada um dos personagens do cast, assim como também os são necessários para conseguir se tornar um mestre com o char que escolher para si.

Com certeza os dois grandes destaques do gameplay de Soul Calibur são o 8-way-run e o parry.

O 8-way-run simplesmente revolucionou tudo o que compreendia-se sobre movimentação em um jogo de luta tridimensional. A liberdade incondicional de se locomover dinâmica e verdadeiramente para qualquer direção no campo de luta é o 8-way-run. Até então todos os jogos de luta tridimensionais se comportavam basicamente como um bidimensional, com a possibilidade de somente desvios limitados para cima ou para baixo.

Já o parry é a técnica mais avançada do jogo. Em Soul Calibur a defesa é executava por intermédio de um botão. Segurar o botão significa estar com a defesa ativa. O parry é executado apertando o botão de defesa e projetando o lutador em direção ao inimigo. Isso deve ser feito no instante em que o golpe do adversário está para lhe acertar.

Se executado corretamente o parry interrompe a ação ofensiva do inimigo e abre a guarda do mesmo para o contra-ataque. Como é possível imaginar, executar tal técnica de maneira consistente demanda muita experiência e leitura de jogo.

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Dentre os modos de jogo destaque para o Mission Mode e o Exhibition Theater.

O primeiro é uma versão aperfeiçoada do Edge Master de Soul Edge. Nele você realiza lutas em diversas condições específicas para prosseguir. No segundo, cada lutador apresenta um kata referente a arte marcial que pratica.

Fechando o pacote com chave de ouro, todo o pacote de áudio é competente.

Os efeitos sonoros são variados e fiéis ao que representam. Espadas cortando o ar, laminas se chocando, o som de armaduras e afins enquanto os lutadores se mexem e o som do vento são alguns dos sons corriqueiros que se ouvem ao longo de cada luta.

As músicas fazem jus a história do game. São grandiloquentes e “de época”. Composições orquestradas e de altíssima qualidade dão o tom para a trilha sonora de Soul Calibur.

Vale a pena destacar que o game teve um remaster para o Xbox 360. Caso não tenha tido a oportunidade de jogá-lo no Dreamcast, fica ai a dica.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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