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Análise | Cyberpunk 2077: Phantom Liberty é a versão definitiva do excelente jogo da CD Projekt

Minha experiência com Cyberpunk 2077 no lançamento foi de frustração total. Fã de longa data da série The Witcher, a ponto de fazer upgrades no meu PC a cada novo lançamento da franquia, entrei no hype e me deparei com um jogo inacabado e cheio de problemas técnicos. O resultado foi largar a jogatina com menos de 30 horas e entrar em modo espera, até que as correções e adições mostrassem o verdadeiro potencial escondido na bela mas problemática Night City.

Eis que Phantom Liberty e a atualização 2.0 chegaram e lá fui eu novamente, e agora a experiência tem sido nada menos que incrível. Se você estava na mesma situação que eu ou apenas esperando para embarcar em uma nova jornada, chegou a hora!

Thriller de espionagem

Como não havia tempo hábil de fazer toda a campanha do zero a tempo de publicar o review da expansão antes do lançamento, comecei pela opção que te coloca direto em Phantom Liberty. O jogo deixa criar um personagem novo, mas que vai começar com nível elevado e pouco depois de conseguir ativar o chip da Arasaka na cabeça do protagonista, com o nosso amado Silverhand fazendo aparições de tempos em tempos. É por conta do chip que a oportunidade da nova missão se desenrola. So Mi, ou Songbird para os íntimos, é uma netrunner que protege a presidente do país e consegue contato com nosso personagem por meio desse implante. A garota avisa que o avião onde a presidente e ela estão sofreu um ataque e está caindo em DogTown, a nova área explorável de Night City para a expansão.

O local onde a ação vai se desenrolar é tão perigoso que nem sequer a polícia consegue entrar lá. Uma cena engraçada, inclusive, é um membro de uma gangue local humilhando um policial que queria entrar pelo portão isolado do bairro. Após invadir o lugar em uma cena de pura adrenalina com o avião caindo no centro da região, começa um thriller de espionagem que a princípio parece uma ideia copiada de um filme que você já viu milhares de vezes, mas se desenrola de forma muito interessante e talvez seja a melhor história que a CD Projekt já contou individualmente.

Os primeiros passos por DogTown já mostram que o estúdio aprendeu bastante com as críticas massivas dos dois últimos anos. O primeiro contato com a área é em uma feira ao ar livre, com várias lojas para interagir e uma densidade de NPCs que não tem paralelo na indústria. Visualmente, alias, o jogo continua um marco e talvez o mais impressionante disponível por aí, especialmente no PC com todos os efeitos de Ray Tracing ligados – o que exige um equipamento digno da NASA também.

Songbird nos guia até a presidente, que surpreendentemente é uma ex-combatente de guerra, dando uma série de camadas extras à personagem que é bem escrita e tem papel relevante na história, que vai além de ser um peso para o jogador carregar pela cidade. Outro personagem chave para a trama é Solomon Reed, um agente que estava inativo mas tem habilidade de sobra para ajudar na extração da presidente, além de um passado conturbado com ela. Quem interpreta esse agente é o ator Idris Elba, que aqui faz muito bem o seu papel e conta com um modelo 3D bem mais detalhado e crível do que o de Keanu Reeves. É preciso então extrair a presidente com vida, mas há sempre mais surpresas pelo caminho. 

Alguns momentos são elevados pelo trabalho incrível do sistema visual de diálogo do jogo, que dá aquela liberdade de controlar o personagem e a câmera sem travas, com movimentos realistas dos NPCs. Dar um rolê de carro com o Idris Elba, por exemplo, fornece aquela sensação engraçada de estar com o ator logo do seu lado por conta das reações dele e da forma natural como se pode olhar pela janela ou outro ponto. Uma simples abordagem policial com o guarda fazendo todos os movimentos que você espera sem o jogo travar a câmera também se torna bem mais impressionante por essa dinâmica.

Com o desenrolar da aventura, dá para ver que alguns defeitos do jogo ainda continuam lá, como algumas opções de diálogo sem efeito prático nenhum, ou escolhas entre apenas duas opções que nada mudam. No entanto, nos momentos de clímax da trama, há escolhas difíceis de serem feitas, inclusive na decisão final, que pode dar uma conclusão para lá de amarga ao jogador. O fim de Phantom Liberty também influi na história principal do jogo base. O jogador terá um final extra agora para buscar, dependendo de como foi sua jornada por Dogtown.

Somente essa parte narrativa e a nova área de Night City já são motivos suficientes para retornar ao jogo, mas tem muito mais.

Jogabilidade viciante

Com a chegada da atualização 2.0, muita coisa foi modificada na essência do jogo, em especial na jogabilidade e combate, tudo para melhor. Em vez daquela sensação de estar jogando um looter shooter com dezenas de efeitos dispensáveis e uma árvore de habilidades medíocre e sem inspiração, agora há um RPG mais denso por baixo dos sistemas e habilidades que realmente mudam a jogabilidade.

Usar uma arma de combate corpo a corpo agora é muito mais interessante, com a possibilidade de bloquear disparos dos adversários e combinar várias novas habilidades de movimento e furtividade para abater inimigos rapidamente em combate, tal qual se esperava após aquele trailer que se mostrou irreal em 2018. Há uma série de outras builds possíveis para todos os tipos de armas e abordagens, incluindo a de implantes, deixando o fator replay muito maior.

Por falar em implantes, é deles que agora vem a maior parte dos pontos de armadura. Roupas comuns não dão mais um ponto sequer, como deveria ser, então não é preciso deixar o seu personagem feio por conta de um boné que inexplicavelmente fornecia mais pontos de armadura que um capacete balístico. Agora só coletes, capacetes e equipamentos que realmente protegeriam você na vida real dão esses pontos, e todo o resto vem de implantes para fortalecer sua pele ou ossos. No entanto é preciso tomar cuidado, já que há também um novo medidor de insanidade que aumenta à medida que mais implantes vão sendo adicionados. Quem assistiu o Anime da franquia sabe onde o seu personagem pode parar.

A cidade no geral parece bem mais viva agora. Não por conta do fator exploração, que continua o maior defeito do jogo, mas devido aos NPCs que estão mais inteligentes. A polícia tem finalmente o comportamento que se espera da polícia, reagindo a provocações, perseguindo o jogador e por vezes trocando tiros com bandidos nas avenidas de Night City. Como em GTA, se seu nível de procurado for aumentando, a polícia libera mais recursos para te perseguir. No nível máximo, até a Max Tac pode chegar para acabar com a festa.

É tanta coisa nova que daria para ficar por mais dez parágrafos aqui enumerando, incluindo combate com veículos, novas sidequests excelentes, o novo ramo de habilidades da Militech que você melhora coletando chips pela cidade e muito mais. O ponto é que o jogo agora tem muito a oferecer, com a qualidade que se espera da CD Projekt Red e com uma estabilidade de performance que não deixa a desejar. Chegou a hora de mergulhar em Night City, seja pela primeira vez ou retornando para uma nova aventura.

Conclusão

Cyberpunk 2077: Phantom Liberty completa o ciclo de trabalho da CD Projekt Red, deixando o jogo em um estado excelente e bem mais próximo da proposta inicial prometida aos jogadores anos atrás. As adições na jogabilidade são todas bem vindas e a história da expansão é uma das melhores do estúdio. O pacote agora é mais que recomendado para jogadores novatos e veteranos, que devem gastar dezenas ou até centenas de horas explorando e sobrevivendo em Night City.

Prós

  • História de espionagem convence e é bem executada
  • Idris Elba está incrível no seu papel de Solomon Reed
  • Parte cinematográfica extremamente bem executada
  • Adições à jogabilidade viabilizam dezenas de builds
  • Combate com carros é divertido
  • Novo sistema de polícia e NPCs mais inteligentes deixam Night City mais viva
  • Dogtown conta com atividades interessantes 

Contras

  • Opções de diálogo mudam pouco a narrativa fora dos pontos chave
  • Ainda há pouca recompensa por exploração fora das missões

Nota: 9,0/10,0

Uma cópia do jogo para PC foi fornecida pela CD Projekt para a elaboração desta análise.

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