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Análise | Infinity Strash: Dragon Quest The Adventure of Dai traz resumo maçante do anime e mangá

Fly – O Pequeno Guerreiro foi um anime de relativo sucesso no Brasil na década de 90, mesmo que exibido de forma inconstante na grade maluca do SBT na época. Acompanhar as aventuras do garoto herói nas manhãs do Sábado Animado foi parte da minha infância e, claro, como a maioria da molecada daquela época, eu nem fazia ideia que o desenho era inspirado em Dragon Quest, uma franquia de RPG que aprendi a amar muitos anos depois e que nunca fez o sucesso que merece aqui no Ocidente.

Infinity Strash: Dragon Quest The Adventure of Dai é uma homenagem ao anime e ao mangá do garoto Dai, nome original de Fly no Oriente, e chega após o reboot do anime, que foi transmitido no Japão de outubro de 2020 até outubro de 2022. Embora o material original utilizado seja riquíssimo e com personagens interessantes, as escolhas de design, tanto na narrativa como na jogabilidade, fazem com que o jogo seja um dos mais chatos da franquia Dragon Quest.

Resumo em Slides

Dividido em sete capítulos, The Adventure of Dai começa bem no ponto onde Dai perde a memória no embate com Baran e retorna para o início da história, contando toda a jornada do garoto pela ilha onde foi criado até se tornar o Guerreiro Dragão que salva o mundo das forças do mal. Nesse momento já fica claro que a campanha cobre eventos do mangá que nunca fizeram parte da série animada, que acabou sendo um produto incompleto e sem alguns arcos por conta da falta de espaço na grade televisiva no Japão.

Embora isso seja um baita ponto positivo para quem quer se divertir com a história, logo o jogo mostra que fará a jornada da forma mais maçante possível. Tudo é contado como se fosse um resumão dos pontos principais de cada arco, mas não com o jogador no controle da aventura, e sim por uma sequência de slides com narração e música ao fundo. É como estar naquelas recapitulações que rolam antes de cada episódio, mas por dezenas de horas a fio.

O jogador só toma conta do controle de fato na hora de lutar contra os chefes ou em áreas lineares onde tem o objetivo de matar monstrinhos da franquia em locais pequenos e sem nenhum outro objetivo. Essa estrutura, mesmo com a possibilidade de customizar o membros do grupo e formar algumas builds básicas com cartinhas, deixa a progressão chata e repetitiva, fazendo alguns pontos da jornada, quando a história é menos interessante ou arrastada demais, deixarem de ser divertidas e vir logo aquela vontade de jogar outra coisa.

Combate simples, mas exigente

Após ver vários minutos de slides contando o resumão do capítulo, há sempre batalhas com os chefes ou em áreas pequenas com o objetivo de chegar até o final da masmorra. O combate não apresenta nada demais, com a possibilidade de usar três habilidades: um ataque simples, um especial e se defender aparando ou esquivando dos ataques do inimigo.

Dependendo do capítulo e momento, seu time pode ter mais ou menos personagens, já que os amigos clássicos de Dai, como Popp e Maam, também ajudam na pancadaria e podem até ser controlados, já que é permitido trocar o personagem em tempo real. Essa parte é a mais legal do jogo, já que cada um deles segue um arquétipo diferente e conta com uma pequena variação do que pode fazer com o especial. Maam, por exemplo, é mais voltada para o suporte e conta com a sua arma de balas mágicas. É preciso refletir sobre quando atacar e quando curar, já que ela precisa recarregar a arma com novas munições a todo o momento. Popp é um mago clássico cheio de dano e alguns elementos especiais, enquanto Dai e Hyunckel cuidam do dano físico e defesas.

A cada fase completada, os heróis vão acumulando experiência e subindo de nível, o que garante atributos melhores para enfrentar os chefes, que são bem desafiadores. Com barras de vida enorme e muita agressividade, eles lembram até chefes de jogos no estilo Dark Souls, mas aqui só podem ser superados com uma repetição cansativa de combates secundários para ganhar mais níveis e cartinhas.

As tais cartinhas são conseguidas no único modo de jogo diferente presente aqui, que é uma espécie de roguelike em um templo de treinamento dos garotos. Dividido em níveis, ele vai dando recompensas a cada andar completado, ficando mais difícil com o tempo. É preciso sempre ponderar se vai continuar ou não, já que ir ao próximo andar exige terminá-lo ou perder tudo que conquistou até o momento. É a forma mais fácil de acumular cartinhas poderosas que aumentam os atributos dos personagens, além de recursos para aumentar os níveis dos seus ataques especiais.

A dinâmica já não é lá tão interessante no início e fica ainda mais maçante no decorrer da jornada. Quando o jogo chega nos momentos em que anime não foi, o tempo de slides na tela aumenta e o de combate diminui, o que torna tudo ainda menos tolerável. É possível pular os vídeos, mas o que eu senti falta mesmo foi de um botão para acelerar tudo.

Conclusão

Infinity Strash: Dragon Quest The Adventure of Dai é uma homenagem torta ao anime e mangá de um dos spin-offs mais legais da franquia. A forma como a história é contada desanima o jogador a progredir, e o combate simples e sem variedade nas missões não consegue segurar a aventura por muito tempo. Difícil de indicar até para os mais saudosistas, o melhor mesmo é ir atrás do material original e matar a saudade de outra forma.

Prós

  • Personagens contam com arquétipos diferentes e poderes únicos
  • Modo roguelike diverte nas primeiras incursões
  • Cobre os arcos do mangá após o fim do anime

Contras

  • Combate simples e com pouca variação
  • História contada por slides em resumos desinteressantes
  • Conteúdo secundário fraco
  • Necessidade de grind para avançar
  • Gráficos abaixo da média

Nota: 5,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Square Enix para a elaboração desta análise

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