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Análise | Sonic Frontiers acelera na direção correta, mas ainda falta muito

Embora a comparação entre Sonic e Mario na transição do 2D para o 3D seja sempre feita como se as bases fossem iguais, um pouco de reflexão mostra que a tarefa da SEGA sempre foi mais difícil. Afinal, se tem algo que não combina com hardware limitado é o personagem se mover em alta velocidade, o que praticamente inviabiliza criar um mundo onde seria possível acelerar com o Sonic e evoluir a fórmula da era 16 bits como a Nintendo fez primorosamente com o cadenciado Mario 64.

Sonic Frontiers parece ser o primeiro jogo da série que realmente aproveita da orientação 3D para trazer algo novo e que de fato evolui a fórmula da série para a direção correta. Os mapas gigantes para o ouriço explorar enquanto corre em altíssima velocidade dão uma sensação de liberdade sem igual. Outros elementos inseridos na aventura, como o combate com titãs gigantes, também agregam muito na experiência. No entanto, ainda há muitos problemas técnicos, de design e ritmo para dizer que finalmente acertaram a mão.

Nova Aventura

Sonic, Tails e Amy iniciam esse novo capítulo da série rumo ao desconhecido mas sem apagar seu passado. O jogo faz referências do início ao fim sobre as aventuras que os personagens viveram em outros jogos da franquia e, portanto, Frontiers não se trata de um reboot. No entanto, a jornada aqui é totalmente independente e, mesmo quando aprofunda na história já estabelecida, não exige conhecimento prévio para entender o que está rolando.

Com as Chaos Emeralds perdidas mais uma vez, o trio voa até uma ilha estranha que está emitindo sinais das joias poderosas. Antes de desembarcar, o grupo é surpreendido por uma anomalia que parece alterar a realidade. Sonic acorda na ilha sozinho e sem respostas, e agora seu objetivo é encontrar os amigos, desvendar o mistério deste local e recuperar as esmeraldas.

Aqui é onde as comparações com The Legend of Zelda: Breath of the Wild ficam quase inevitáveis. O mapa é fechado de início e vai sendo liberado à medida em que se explora. Não há muitas explicações sobre o que está acontecendo, a não ser sobre mecânicas novas liberadas e o jogador vai onde quiser em busca de respostas e novas descobertas. O mistério é o combustível da jornada, e encontrar seus amigos e tentar entender o que rolou neste local milenar é o que sempre te atrai para mais algumas horas de jogatina. Mas as comparações param por aí.

Em cada região, Sonic vai recuperar um dos seus amigos, que está preso em outra dimensão e assim descobrir mais também sobre a civilização que vivia ali. Há flashbacks legais do passado, incluindo imagens de outros jogos da série. Robotnik (ou Eggman) obviamente também está envolvido em algo e conta com a ajuda da carismática Sage, uma personagem bem legal que se trata de uma inteligência artificial com aquele arquétipo confuso sobre seus sentimentos.

A trama se resolve sem grandes reviravoltas, mas traz bastante conexões para a história estabelecida e amplia a história da franquia como um todo. A jornada dura pouco mais de 20 horas, mas, infelizmente, deveria ter uma duração menor.

Repetição decepcionante

O jogo conta com cinco mapas diferentes, então não se trata só de um mundo aberto que você pode explorar livremente e na ordem que quiser. Cada mapa desse conta com a mesma filosofia de design e atividades idênticas, o que, aliás, cria o maior defeito do jogo: a repetição.

No primeiro mapa tudo parece interessante. Sonic corre por aí e tem vários mini quebra-cabeças para resolver em alta velocidade. Pelo caminho também há inimigos bem diversificados, que exigem o uso de algumas habilidades específicas. Ao completar essas tarefas e vencer combates, o ouriço ganha experiência e recursos para fazer coisas novas, como coletar joias, pescar ou abrir fases mais tradicionais de ir do ponto X ou Y no menor tempo possível.

Quando o conteúdo deste mapa está acabando, o jogo já dá sinais de cansaço, mas a luta contra o titã da região reacende a chama. Como Super Sonic, é preciso escalar o gigante e lutar com um modus operandi bem específico. De fundo, uma trilha sonora metaleira ou punk do jeito que os fãs da franquia gostam. A batalha é decidida com uma sequência de QTEs sem graça, e então vem a realização mais triste, com o mapa seguinte mudando a ambientação, agora um deserto, mas tudo que você vai fazer é idêntico ao do primeiro mapa, e a preguiça toma conta.

Os quebra-cabeças não evoluem, continuando muito simples e idênticos aos anteriores. Não há um número exato de medalhas para coletar em cada local, sendo possível encontrá-las até aleatoriamente em inimigos e não há a sensação de ser recompensado por tentar fazer mais. A árvore de habilidades do Sonic vai durar apenas até o terceiro mapa, e os upgrades de atributos parecem não fazer diferença real no jogo, com a forma de melhorá-los também sendo incrivelmente estúpida, tendo que clicar um a um com uma demora inexplicável. Nem mesmo os titãs salvam a experiência, já que as batalhas vão ficando menos interessantes e polidas, abusando de mais QTEs. O marasmo vira a regra durante a maior parte do tempo e imagino que boa parte dos jogadores deve largar a aventura antes de completá-la. 

A sensação final é de que a direção é a correta. O mapa aberto para o Sonic explorar, a sensação de descoberta e até mesmo a construção do combate são interessantíssimas. No entanto, faltou conteúdo de qualidade para preencher esses mapas e mais polimento em várias frentes, de interfaces até qualidade gráfica em várias partes. Para o futuro, seria interessante que mantivessem a fórmula encontrada aqui e a refinassem bastante. Há algo de realmente especial no que criaram, mas faltou mais tempo de forno para ser memorável.

Conclusão

Sonic Frontiers eleva a fórmula da série do ouriço e coloca a franquia na direção correta, trazendo muitos elementos interessantes de jogabilidade. Apesar disso, o gás acaba muito cedo e os mapas seguintes são apenas cópias sem muita inspiração do primeiro, com vários problemas de polimento pelo caminho. A evolução aconteceu e parece promissora, mas ainda não dá para dizer que esse é um bom jogo 3D do Sonic.

Prós

  • Mundo aberto casou bem com a proposta de velocidade
  • Combate é surpreendentemente divertido

Contras

  • Mapas repetitivos ao extremo
  • Puzzles simplistas e pouco inspirados
  • Árvore de habilidades tem progressão mal gerida
  • Muitos problemas de polimento em atividades diversas e nos menus

Nota: 6,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela SEGA para a elaboração desta análise

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