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Análise | Tales of Arise: Beyond the Dawn é epílogo morno, mas recheado de conteúdo

Quando joguei Tales of Arise, quase dois anos atrás, fiquei impressionado com os visuais belíssimos e o combate dinâmico e fluido que me divertiu por dezenas de horas. O anúncio de Beyond the Dawn, expansão que se passa um ano depois dos acontecimentos do jogo base, me encheu de expectativas para ver como o mundo mágico de Dahna estava após a união dos povos antagônicos de dois planetas e, claro, como ficaram os personagens principais da trama. Em alguns pontos a nova aventura me decepcionou, mas o saldo é bem positivo para quem estava com saudades.

Mundo em conflito

Mesmo com a jornada trabalhosa e gigante de Alphen e seus companheiros, que culminou na unificação de dois planetas, Dahna ainda está longe de ser um paraíso. As pessoas de Rehna, com seu ar pomposo e necessidades de nobreza, não se dá bem com a nova realidade de trabalho árduo no novo planeta, enquanto a população de Dahna ainda guarda muito rancor pelos anos de escravidão e guerra.

Durante o ano que se passou até os acontecimentos da expansão, Alphen e Shione decidiram viajar pelo mundo para selar os chamados Mausoléus, estruturas antigas de Rhena que contém tecnologias desconhecidas que podem colocar o mundo em risco. Beyond the Dawn começa exatamente em uma dessas jornadas, quando a dupla está prestes a reencontrar os antigos aliados para acabar com um Mausoléu próximo da cidade de Vinscent.

Na estrada para a missão, o casal encontra Nazamil, uma garota com heterocromia por ter nascido de um pai de Rhena e uma mãe de Dahna, um pai lorde e uma mãe plebeia, abandonada e odiada por ambos os lados do conflito. Todos os temas abordados na expansão e os principais acontecimentos giram em torno da garota, que mal consegue se comunicar por conta da introspecção causada pelo medo constante e vai evoluindo aos poucos à medida que conhece mais os membros do grupo de Alphen e sente, pela primeira vez, o que é ter uma família que se importa com ela.

O início dessa jornada é bem lento e o desenvolvimento é feito sem nenhuma pressa, o que pode chatear quem esperava algo mais explosivo partindo do poder que os personagens tinham adquirido no fim do jogo base. A aventura continua bem morna por boa parte do percurso, com foco grande nas missões secundárias e poucas novidades na jogabilidade para empolgar muito. Mais para o final da campanha, no entanto, a história engrena bem e tem um desfecho até mais interessante que o do jogo original – que era exageradamente expositivo e arrastado.

Conteúdo de sobra

O grande foco dessa expansão, que pode durar próximo das 20 horas, está nas missões secundárias. São 40 no total, mais da metade do que estava disponível no jogo original. Nesse caso, no entanto, é bom lembrar que quantidade é diferente de qualidade e a maior parte delas tem objetivos repetitivos e sem muita graça.

Faz sentido ter tantas missões secundárias uma vez que boa parte do foco aqui está nas interações entre os povos dos dois planetas. Em cada cidade revisitada, há várias pessoas precisando de ajuda e problemas de relacionamento para resolver. A escrita desse conteúdo secundário não é ruim e alguns desfechos são legais, com o problema estando na apresentação – sem dublagem para os NPCs e qualquer animação mais trabalhada – e nos objetivos, quase sempre ir até um ponto X e matar inimigos pouco interessantes.

O combate, grande destaque de Tales of Arise, continua divertido, variado e cheio de energia aqui. No entanto, é exatamente como antes, sem tirar nem pôr. Faltou alguma novidade que mudasse a dinâmica e incentivasse uma exploração maior do sistema de habilidades. Para quem chegou no nível 100 do original é ainda pior, uma vez que a expansão volta seus personagens para o nível 65 e tira todos os pontos de habilidades que tinham sido colocados na enorme árvore de habilidades. Lembrar a build de cada um dos personagens é praticamente impossível e recolocar os pontos é uma chatice sem tamanho. Itens e equipamentos passam pela mesma situação e simplesmente não estão mais lá, sendo preciso montar até mesmo os acessórios do zero. Há alguns bônus para quem fez esse conteúdo endgame antes de entrar na expansão, mas não chega perto de suprir as faltas.

Pelo lado positivo, ainda há vários encontros com chefes bem legais, principalmente no terço final da aventura. Nesses momentos, dá para ver que o combate é realmente diferenciado e incansável. A última masmorra da campanha também é massiva e super divertida, mesmo que ainda caia naquele design exageradamente linear de dois anos atrás.

Conclusão

Tales of Arise: Beyond the Dawn é uma expansão honesta, com muito conteúdo principal e secundário para matar a saudade do mundo mágico de Alphen e seus amigos. A história é bem morna na maior parte do tempo, mas aborda bem os temas propostos e encerra com momentos marcantes. O combate continua afiado, mas precisava de um algo a mais para engajar ainda mais os jogadores.

Prós

  • Conteúdo farto, que justifica o preço cobrado
  • Nazamil é uma personagem carismática e agrega bem ao grupo
  • Chefes desafiadores e divertidos

Contras

  • Poucos locais novos para explorar e muita revisitação
  • Ter que alocar os pontos de habilidades novamente é muito chato
  • História fica morna durante a maior parte da campanha
  • Faltou alguma novidade no combate

Nota: 7,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Bandai Namco para a elaboração desta análise.

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