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Análise | The Lord of the Rings: Gollum está entre as piores obras da franquia

Eu costumo dizer que nenhum jogo é perfeito, já que sempre é possível encontrar um sistema mais fraco na jogabilidade, algum momento da história que não adiciona nada e quebra o ritmo da narrativa, ou mesmo falhas na parte técnica que comprometem de alguma forma a experiência. Na contra mão, também não há o jogo que é totalmente descartável.

No entanto, há aqueles que chegam próximos em ambos os casos. Para a tristeza dos fãs de O Senhor dos Anéis, Gollum é tão ruim em todas as frentes, que é preciso uma lupa de boa vontade para elogiar algo nele.

Em busca do Bolseiro

A Daedalic Entertainment foi ousada, não dá para negar. Apostar no icônico Gollum para protagonizar uma aventura da saga e focar em mecânicas emergentes como o embate das múltiplas personalidades do personagem é diferente e promissor, mas para um jogo ser memorável, no bom sentido, é preciso de mais do que boas ideias.

A jornada começa em Cirith Ungol 60 anos depois de Bilbo Bolseiro ter conseguido para si o Um Anel. Em uma cutscene inicial rápida antes do tutorial, vemos Gandalf interrogando a criaturinha torta chamada Gollum que começa a contar a sua história. A partir daí começa a jornada de aproximadamente dez horas que não indico nem para os fãs mais fervorosos da saga. 

Os primeiros minutos são dedicados a explicar os controles, com exatamente o que você deve esperar por todo o restante da campanha. Gollum se movimenta rápido e conta com habilidades de escalada para atravessar os locais mais claustrofóbicos da Terra Média sem ter que enfrentar nenhum inimigo. Por conta disso, o jogo foca em sessões de travessia com saltos e evita o combate, que sempre é resolvido com furtividade por conta da fragilidade do protagonista.

O primeiro problema notável é técnico. A performance do jogo é tão desprezível quanto o próprio Gollum. No modo performance no PS5, os quadros por segundo mergulham para baixo da casa dos 20 fps e torna a experiência de vários níveis completamente miserável. Crashes também são parte do processo e ficam ainda piores se algumas opções no menu estiverem ligadas, como o simulador de cabelo do Gollum.

Os gráficos também são datados e a direção de arte passa longe de salvar as limitações. Os objetos da cena têm texturas borradas e em baixa resolução, os inimigos têm movimentação dura e o próprio design do protagonista não consegue fazer bonito. Isso tudo deixa a questão da parte técnica ainda mais injustificada.

Resta então a jogabilidade e a história para tentarem salvar o dia, mas também não conseguem sequer ser medíocres. O design de nível afunda qualquer tentativa de exploração, já que o jogo é um eterno corredor. As sessões de escaladas não apresentam vários caminhos disponíveis e as áreas não são bem planejadas, a ponto das estruturas utilizadas por Gollum parecerem inseridas de fato no cenário, ficando aquela quebra de imersão constante. A furtividade é um sistema inacabado do jogo, onde basta entrar em uma sombra para que a IA não te veja mais, mesmo a poucos centímetros de distância. Tirando alguns momentos onde é preciso derrubar uma fonte de luz, todas essas partes são extremamente fáceis e insatisfatórias.

A história conta com alguns trechos interessantes aqui e ali para os mais engajados na saga, mas pouco apresenta para o jogador médio, sem grandes reviravoltas ou momentos marcantes. Isso fica ainda mais crítico por conta da dublagem, que tenta imitar a atuação brilhante de Andy Serkis nos filmes, mas nunca chega nem perto disso. As partes pensadas para o jogador debater com a outra personalidade do Gollum e convencê-lo a tomar as decisões corretas foram transformadas em escolhas simples após tantos adiamentos para entregar o jogo. Se comparadas com os primeiros trailers, fica claro o downgrade, inclusive visual.

É realmente difícil elogiar algo aqui, mas houve um departamento que merece isso. O time responsável pela trilha sonora mandou bem e conseguiu fazer jus ao legado da franquia, que em todas as mídias audiovisuais manda bem demais nesse ponto. Pena ser muito pouco dentro do todo.

Conclusão

The Lord Of The Rings: Gollum não consegue apresentar nada de forma imersiva ou interessante para o jogador e é apenas um emaranhado de ideias mal executadas. Da parte técnica, passando pelo visual e mesmo na jogabilidade e história, tudo é falho e irrita ou frustra o jogador. Em um ano tão recheado de bons jogos, esse aqui não indicamos nem para os fãs mais fervorosos da franquia.

Prós

  • Trilha sonora tem seus momentos

Contras

  • Performance pavorosa
  • Gráficos datados e animações abaixo da média
  • Níveis lineares e sem variação
  • Inteligência artificial dos inimigos é simples e boba
  • Sessões de escalada entediantes e sem imersão

Nota: 3,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Daedalic Entertainment para a elaboração desta análise 

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