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Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood

Desde 2014 com o lançamento de “Lords of Shadow 2”, os fãs de Castlevania passam por uma seca por um novo título de peso na franquia. Mas enquanto isso não acontece, o jeito é se segurar na nostalgia e curtir dois clássicos do passado glorioso da série, relançados recentemente exclusivamente para PlayStation 4.

Batizado de “Castlevania Requiem“, o pacote traz o clássico “Rondo of Blood” e sua sequência direta, “Symphony of the Night”. Ambos os jogos são baseados nas versões incluídas em “Castlevania: The Dracula X Chronicles”, lançado para o portátil PSP em 2007, que trazem uma nova dublagem, mais fiel a original japonesa, e outras pequenas alterações.

SALVANDO DONZELAS

Lançado originalmente para o sistema PC-Engine CD-ROM² apenas no Japão em 1993, “Rondo of Blood” é considerado por muitos fãs como o melhor Castlevania pré-geração “metroidvania”, iniciada justamente pelo o seu sucessor, “Symphony of the Night” quatro anos depois.

Até o lançamento de “The Dracula X Chronicles”, o jogo ficou restrito no Japão e poucos foram os felizardos que chegaram a conhecê-lo (mesmo depois que foi lançado no PSP). Uma versão refeita chegou a ser lançada no Super Nintendo, chamada “Castlevania: Dracula X”, mas contou com várias alterações e um nível qualidade que nem chegava perto do original.

Aqui o jogador assume o comando de Richter Belmont que sai em busca de sua amada Annette, que foi sequestrada por Drácula, conflito esse que ocorre no ano de 1792. Ao longo do caminho dentro do castelo, Richter liberta a irmã de Annette, a jovem Maria Renard de 12 anos, que se torna uma personagem jogável – e com gameplay bem diferente da de Richter.

Além dela há outras três donzelas que podem (ou não) serem salvas (e que não são jogáveis): uma feira chamada Terra; a filha do médico da vila, Iris e a própria Annette, o que pode gerar três finais diferentes para o game.

A aventura possui no total nove estágios com quatro rotas alternativas, podendo ou não encontrar as personagens acima citadas. A jogabilidade segue o padrão linear estabelecido nos jogos do nintendinho 8 bits, com o chicote Vampire Killer como arma primária (que não é evoluído) e seis sub-armas (machado, adaga, água benta, grimório, relógio de bolso e uma cruz).

Cada sub-arma oferece um ataque especial diferente, que pode ser acionado, dependendo da quantidade de corações coletados, quando o medidor do coração estiver piscando.

A grande novidade é a opção de se jogar com Maria Renard, que possui poderes especiais baseados na natureza, o que fica claro em seu ataque principal, composto por duas pombas. Suas sub-armas também são compostas por outros animais, como gato, dragão, entre outros.

Além disso ela é bem mais veloz que Richter, possui um pulo duplo e um movimento de deslize muito útil, e como se não bastasse ela possui um ataque especial que projeta um alter ego dela em cima dos inimigos (excelente contra os chefões). Apesar de levar mais dano quando atingida, de forma geral, o jogo fica bem mais fácil com ela.

Em termos visuais “Rondo of Blood” entrega o melhor dos 16 Bits, com belos cenários, designs artísticos, cores e efeitos na tela. E como o jogo utilizou a mídia CD do aparelho original, a trilha sonora é fantástica, a primeira da série a apresentar qualidade digital com  os famosos temas empolgantes.

Como todo bom Castlevania clássico, a dificuldade aqui é elevada, com inimigos ardilosos e chefões que vão precisar de uma boa dose de estratégia para serem derrotados – mas nada que algumas partidas não resolvam. Os controles são precisos, mas as vezes meio duros, o que pode causar alguns problemas.

SURGE O FILHO DE DRÁCULA

O embrião de “Symphony of the Night” começa em 1994 como um projeto para o periférico 32X do Mega Drive, até então conhecido como “The Bloodletting”. O jogo foi planejado para ser uma sequência direta de “Rondo of Blood”, trazendo Richter, Maria e mais um personagem como protagonistas. Mas como sabemos, o 32X foi um dos maiores vexames da Sega e foi pro buraco rapidinho, e o jogo foi cancelado (um fan game muito bacana foi lançado em homenagem). O time de desenvolvimento então passou a trabalhar em um novo projeto para o PSOne, que se tornou “Symphony of the Night”, que até hoje é lembrado como um dos melhores jogos da franquia.

Não a toa, o jogo trouxe várias novidades e levou a franquia para outro patamar, introduzindo um novo estilo de jogabilidade com elementos de RPG e estágios maiores, com maior nível de exploração, semelhante aos jogos da série Metroid – e nascia aí então o apelido “metroidvania“, que definiu como seriam os jogos 2D da franquia (em sua maioria lançados para os portáteis da Nintendo e o mais recente sendo o ótimo Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate, também disponível para consoles e PC).

O jogo começa onde “Rondo of Blood” termina: com Richter Belmont em sua batalha final contra Drácula. Porém, após derrotar o vampirão, Richter misteriosamente desaparece quatro anos depois e o castelo de Drácula ressurge.

Ao mesmo tempo Alucard – o mesmo Alucard que se uniu a Trevor Belmont 300 anos antes em Castlevania III: Dracula’s Curse, lançado para o nintendinho em 1989 (e que serve de inspiração para a série animada da Netflix!) -, filho de Drácula, desperta de seu sono consciente de que o mal está de volta a esse mundo.

O que aconteceu com Richter? Por que e como Drácula está de volta? Para responder essas perguntas, e evitar o fim da humanidade, Alucard parte em uma jornada para acabar com o seu pai de uma vez, encontrando pelo caminho Maria Renard, agora uma bela jovem de 17 anos sempre pronta para ajudar.

Além das mudanças do gameplay já citadas e com sistema de Level Power Up, itens, equipamentos e a possibilidade de explorar livremente os cenários labirínticos, o jogo trouxe uma grande evolução também para o visual e trilha sonora.

Os cenários de fundo, os personagens e inimigos são repletos de detalhes e retratam a beleza gótica (estamos no ano de 1796) de uma forma nunca vista antes na série. É verdade que muita coisa foi reutilizada dos jogos anteriores, mas também temos muitos elementos inéditos, com destaque para as dezenas de monstros – pela primeira vez na série era incluído um bestiário, para o jogador o conhecer melhor todas as criaturas que enfrenta no jogo.

Alucard passará por vários ambientes dentro do castelo como a biblioteca, a galeria de arte, as catacumbas, a capela, o coliseu e os jardins. Cada ambiente é retratado com requinte e suas presenças se encaixam perfeitamente com o visual e a história do jogo, deixando a aventura mais cativante.

A trilha sonora, assinada por Michiru Yamane (seu primeiro trabalho com a série foi no jogo Castlevania: Bloodlines, para Mega Drive de 1994), traz músicas orquestradas primorosas, resgatando temas clássicos e criando outros. Essa é a segunda vez que a franquia ganhava uma trilha sonora digital, e certamente a compositora criou uma obra-prima musical, utilizando violinos, órgãos, pianos, violoncelos, vocais tipo igreja, entre outros instrumentos e técnicas para retratar o século XVIII no qual o jogo é ambientado. Temas mais eletrônicos e de rock também aparecem na trilha sonora.

Como essa versão é emulada do PSP, além de Alucard e Richter, também é possível jogar com a Maria Renard (opção que não tinha no PSOne, apenas no Saturn), o que é um bônus bacana para quem somente jogou o original.

Resumindo, é um jogo imperdível!

MAS E A COLETÂNEA

Ok, os dois jogos são muito bons e valem a pena, mas e a coletânea em si, o que ela traz de bônus e extras para os fãs? A resposta meus amigos, é absolutamente nada!

É totalmente frustrante pegar “Castlevania Requiem” e ver a falta de capricho com dois jogos tão importante na franquia.

Era a oportunidade perfeita para se colocar uma galeria de arte com os belíssimos designs originais de cada jogo, vídeos (ou textos) com curiosidades, perfil do time de desenvolvimento, opção de ouvir as marcantes trilha sonoras, temas para se colocar no PS4, poderia ter os jogos mais antigos (ou o remake 2,5D de Rondo) escondidos como bônus (como acontece, ironicamente, no próprio Castlevania: Dracula X Chronicles)… enfim, os mimos poderiam ser muitos e com certeza iriam agregar muito mais a essa coletânea. Pisada feia na bola!

O que temos são somente as opções básicas com tamanho da tela, alguns filtros, molduras e opção para o idioma em inglês ou japonês.

Fica como exemplo a ser seguido para a Konami as recentes coletâneas de Mega Man e Street Fighter da Capcom, que trazem pacotes mais completos para a alegria dos fãs.

O jogo foi analisado com cópia gentilmente cedida pela Konami

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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