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Análise | Call of Duty: Modern Warfare 3 é expansão que finge ser jogo completo

É impossível dissociar a análise de Call of Duty: Modern Warfare 3 dos acontecimentos por trás das cortinas que levaram ao lançamento de um produto que de um lado parece mais uma expansão de seu antecessor e em outro dá a ideia de ser algo inacabado e remendado, passando a impressão de ter tido menos tempo no forno do que deveria.

No momento em que esse texto é escrito, já temos reportagens descrevendo todo o processo penoso para a Sledgehammer Games, estúdio da Activision que supostamente desenvolveu o jogo às pressas – prática bem comum na indústria de games como um todo, infelizmente. Por sorte dos fãs do lado competitivo da franquia, ao menos o multiplayer é sólido, já que pega as melhores ideias de Modern Warfare 2 e corrige seus principais erros.

Campanha pouco inspirada

Faz anos que as campanhas de Call of Duty vem sendo cada vez menos o foco. As explosões e set pieces nos moldes de filmes de ação hollywoodianos estão cada vez mais caras no mundo dos gráficos hiper-realistas, mas no caso deste ano o buraco foi ainda mais embaixo e deixa um gosto muito amargo por levar o nome de Modern Warfare 3, um clássico favorito de quem ama a franquia.

A primeira missão dá uma carta de boas vindas que empolga. No controle de russos armados até os dentes, o jogador invade um Gulag com óculos de visão noturna e silenciadores, descendo de rapel pelo teto, uma clássica experiência de Call of Duty. Ao resgatar o icônico Makarov, vilão da série original, e mostrar a aflição que a notícia causa aos membros da também icônica força tarefa 141, o jogo tem o palco perfeito para brilhar, mas desanda como poucas vezes vi.

A partir desse momento e já na missão seguinte, o suposto desenvolvimento feito às pressas começa a mostrar seus efeitos. Boa parte de todas as operações parecem muito com um salto em um mapa multiplayer gigante e repleto de bots, onde objetivos repetitivos são sempre seu próximo passo, algo como destruir três helicópteros guardados de forma exatamente igual em cantos opostos do mapa. O objetivo dessas missões mais abertas é quebrar a repetição da linearidade da franquia e dar mais liberdade ao jogador, mas não há incentivo para jogar de outra forma senão mandando bala sem pensar muito. No lado oposto da balança, a sensação de estar dentro de um filme de ação, as set pieces que te fazem ficar imaginando como são possíveis de estar em um jogo, e os momentos de tensão ficaram de fora, deixando a ligação entre jogabilidade e cutscenes bem desconexa.

Para piorar tudo, a duração da campanha é minúscula, menos de cinco horas, dando pouco tempo mesmo para as boas cutscenes tentarem trazer de volta os momentos marcantes do Modern Warfare 3 original. Há partes memoráveis, principalmente na construção de Makarov como um extremista sem pudor e disposto a todo e qualquer ato de terrorismo para chegar aos seus objetivos, mas é muito pouco tempo de tela. O final deixa claro que dessa vez a série vai além dos números originais e, portanto, um MW4 deve estar a caminho, mas será necessário?

Olhando em retrospecto, toda essa saga reboot tem como ponto alto os bons gráficos da nova interação do motor gráfico da Infinity Ward e pouco mais a acrescentar. Nenhum dos jogos conseguiu trazer de volta a magia dos originais e todos tiveram erros grotescos, seja na campanha ou no multiplayer. Encerrar com a, talvez, pior campanha da franquia, foi só a última gota para, quem sabe, tempos mais inspirados virem agora que os estúdios estão sob nova direção com a aquisição da Activision pela Microsoft.

Multiplayer segura a barra

Para completar o conteúdo, temos o clássico Zombies e o Multiplayer frenético de sempre. O primeiro, mesmo com uma ou outra novidade, é exatamente o que você já espera. Já o segundo, embora também familiar, dessa vez tem a vantagem de que, ao aproveitar as ideias do anterior, pode polir a fórmula e adicionar o que a comunidade pediu ao longo de todo o ano passado, resultando em uma experiência bem sólida.

No que diz respeito à jogabilidade em si, talvez o ponto de maior crítica seja o tempo para matar, o famoso “TTK”. No momento ele parece um pouco elevado e faz com que algumas armas fiquem bem menos interessantes do que deveriam, especialmente as que vieram do ano passado, havendo até um aviso para montar armas com poder de fogo atual, o que é agravado pela pouca quantidade de variações no armeiro. Levando em conta que esse ponto é bem subjetivo e há uma boa parcela da comunidade que gosta de resistir um pouco mais antes de morrer, já dá para dizer que o objetivo principal aqui foi alcançado, especialmente quando se trata das controvérsias anuais de COD, que costumam ser bem mais cabeludas.

Mini mapa, upgrades das armas, contador de abates consecutivos, mapas novos inteligentes e retorno de favoritos, tudo isso está aqui para os jogadores e em um formato de acesso que já está solidificado pelo ano anterior, já que as partidas são iniciadas por meio de lobbys exatamente iguais aos do ano passado, de dentro do próprio MW2.

A interface, embora familiar, continua confusa e, na minha opinião, bem poluída. É uma confusão de menus de jogo com telas de configurações de armas, com configurações de jogo e, por fim, do passe de batalha, que torna a navegação horrível.

No que diz respeito aos modos de jogo, o novo “Cuttroat”, que coloca os jogadores em esquadrões de três para se eliminarem nos mapas é a novidade que surpreende positivamente. Já o Ground War continua pouco trabalhado, com respawns ruins e aquele favorecimento aos campers que incomoda qualquer um que queira um pouco mais de ação. Se a intenção é trazer os jogadores de Battlefield com esse modo mais grandioso, vai ser preciso fazer bem mais do que isso nos próximos títulos da franquia.

Conclusão

Modern Warfare 3 deveria ter sido um DLC e não há nada que me convença do contrário. A insistência e ganância ao transformá-lo em um jogo completo minou a campanha, que é uma das piores da franquia e fez com que os acertos no multiplayer sejam bem menos expressivos. Poderíamos estar diante de um ótimo pacote extra para MW2, mas estamos falando de um lançamento por preço completo de algo que parece inacabado e feito nas coxas. 

Prós

  • Multiplayer corrigiu os erros do ano passado com o feedback da comunidade
  • Quantidade e qualidade dos mapas faz ter vontade de jogar mais
  • Modo Cutthroat é boa adição à rotação do multiplayer

Contras

  • Campanha muito curta e sem elementos clássicos da franquia
  • Novas missões abertas da campanha parecem salas com bots 
  • Muito conteúdo reciclado e poucas novidades
  • Modo Ground War continua fraquíssimo

Nota: 6,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Activision para a elaboração desta análise.

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