Um novo nome para a maior série de jogos de futebol digital do mundo não é exatamente a mudança significativa que os fãs pedem há anos, mas negócios são negócios. A EA não chegou a um acordo com a entidade máxima do futebol, FIFA, e cá estamos com o novo, e pouco palatável nome: EA Sports FC.
No papel parece uma chance de começar do zero, adicionar novidades e evoluir a franquia que parece estagnada, até pela fraca concorrência imposta pela Konami. No entanto, mais uma vez, o objetivo aqui continua sendo viciar você no FUT (Ultimate Team), sem muito apreço pelos modos para um jogador, que continuam largados.
Jogabilidade de sempre
É preciso admitir, não é atoa que poucos tem coragem de concorrem com a EA em jogos de futebol, a jogabilidade que atingiram é o que temos de mais próximo a uma simulação de futebol e, mesmo com alguns erros insistentes ano após ano, o jogo continua divertido, sendo algo que não mudou em EA Sports FC 24.
Desde a implementação do HyperMotion, ainda na transição para a nova geração de consoles, o jogo visualmente ficou mais realista, com mais animações. Na versão deste ano há ainda mais delas, com o resultado sendo visível. Ainda há alguns bugs de colisão que fazem várias interações entre os jogadores não muito naturais, mas o saldo continua positivo.
A inteligência artificial dos jogadores, por outro lado, continua sendo o maior defeito do jogo. Goleiros tomam gols inacreditáveis sem motivo aparente, sendo esta uma reclamação que deve estar fazendo meia década na franquia, e muitos jogadores saem de posição de forma bizarra, tanto para atacar quanto para defender. Com o foco competitivo e multiplayer cada vez mais central no jogo, por conta do FUT, esse defeito pesa demais e irrita em diversas partidas.
A grande novidade da vez são os “Play Styles” que acrescentam novas características aos jogadores, complementando seus atributos padrões. Há uma série de árvores de habilidades, como chute, defesa, controle de bola e passe, como se fosse um RPG. Nelas há habilidades que melhoram qualidades específicas, dando ainda mais diferenciação entre os atletas. A EA conseguiu balancear bem demais as habilidades dos jogadores mais famosos, o que deixou a sensação de estar jogando com um Haaland da vida, por exemplo, ainda mais autêntica.
Essa novidade também agrega em outros modos, principalmente no FUT. Os atletas mais fracos agora têm mais utilidade com essas habilidades específicas e mais deles podem encaixar no seu elenco. Essa novidade vai ajudar elencos “Free to play”, que não gastam com pacotes e precisam fazer seus jogadores renderem por mais tempo.
No geral, FIFA continua divertido, focado no realismo, mas com os mesmos defeitos e qualidades de sempre. Adições aqui e ali dão uma melhorada no todo, mas falta algo de impacto, principalmente na inteligência artificial, para que uma evolução maior seja sentida.
FUT é o Foco
O Ultimate Team continua sendo o foco do EA Sports FC 24. O modo é o que recebe as novidades mais impactantes e onde a grande massa de fãs da franquia vai gastar horas e horas de jogatina.
Nesse ano há duas adições, em especial, que mudam tudo no FUT. A primeira delas é a inclusão de cartinhas do futebol feminino. Não uma ou duas jogadoras, mas centenas delas de diversos clubes do mundo todo. Para a visibilidade do esporte e de suas jogadoras, deve ser um dos maiores incentivos de todos os tempos. Os atributos aqui são exatamente iguais aos dos jogadores masculinos, o que garante jogadoras de ponta que rivalizam com nomes como Mbappe e geram uma série de novas possibilidades para os elencos, já que todos podem jogar juntos.
Outra novidade de muito peso é a possibilidade de evoluir as suas cartinhas. Cada cartinha recebe uma série de desafios que, ao serem completados, garantem um boost nos atributos principais do jogador. Assim como o sistema de Play Styles, essa nova mecânica permite que cartinhas menos expressivas e que ficariam de lado em anos anteriores agora encontrem lugar em diversas formações. Mais uma vez, acaba atraindo jogadores que não gastam dinheiro real a jogarem por mais tempo, especialmente agora no início, antes de cartas milionárias estarem em todos os elencos de quem investe dinheiro de verdade na equipe.
No ponto das microtransações, EA Sports FC ainda encontra a sua principal barreira para diversos jogadores. O incentivo a gastar descontroladamente em pacotes tira muito o balanceamento do jogo e quem tem mais grana vai sempre ter times muito superiores, o que sempre se agrava no decorrer do ano com as cartas especiais. Continua – e provavelmente continuará a ser para sempre – o principal motivo do jogo existir, e quem está disposto a jogar sem gastar mais que o já salgado valor inicial terá que lidar com isso.
Modos para um jogador decepcionam
O principal defeito de EA Sports FC é o seu conteúdo para um jogador. Ele está bem parecido com o do FIFA 23 em questão de variedade, com o Volta e os modos carreira como destaque, mas continua sem evoluir, diferentemente do FUT, e não valem muito a pena para quem já dedicou horas e horas nas versões passadas.
A carreira de jogador é a maior decepção. O modo continua cheio de ideias sem pé nem cabeça para progressão, como atingir metas aleatórias – gol de voleio por exemplo – para alcançar um nível esperado para ser contratado por um clube, mesmo sendo o destaque do campeonato, que é o que realmente deveria importar. As cutscenes recicladas ao longo da carreira se tornam cansativas muito rápido e há pouco incentivo para continuar jogando.
Já a carreira de técnico é mais interessante, com novas abordagens para o sistema do time, contratação de auxiliares técnicos que fazem diferença na progressão dos jogadores e uma série de técnicos reais do mundo todo para escolher. Se trata de uma adição legal, mesmo que os modelos 3D muitas vezes não pareçam nem um pouco com o escolhido.
O ponto fraco fica sendo a imersão. Mesmo tendo adicionado entrevistas com jogadores de forma visual nos intervalos, o jogo carece de detalhes que fazem você se sentir na partida. Não há mais vídeos de entrada nos estádios com o time e perfilamento de hino, uma tristeza para finais de campeonato. Também vale citar a falta de incentivo para brasileiros, já que a EA continua sem a licença do brasileirão, com poucos clubes do nosso país, todos com jogadores genéricos e sem a nossa seleção.
Já o Volta é o destaque positivo de sempre, com bons modos de jogo para diversão rápida e aquela pegada de FIFA Street que todo mundo gosta. Também poderia ter evoluído mais, mas pelo menos não está tão cansativo quanto os modos carreira.
Conclusão
EA Sports FC 24 marca o início de uma nova era para a franquia, ao menos no que diz respeito ao nome. A jogabilidade tem incrementos marginais, mas continua divertida. Já os modos para um jogador parecem abandonados e diminuem a riqueza do conteúdo disponível no pacote. Para quem gosta de fazer compras no jogo, entrar no Ultimate Team e não sair mais, continua sendo uma compra que vale a pena. Já para os demais, não há o que fazer pela falta de concorrência no mercado.
Prós
Modo FUT tem novidades de peso para os jogadores “Free to Play”
Novos “Play Styles” deixam os jogadores mais variados em jogabilidade
Modo Volta continua super divertido
Contras
Modos carreira parecem abandonados
IA continua com problemas graves no ataque e na defesa
Nota: 7,5/10,0
Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Electronic Arts para a elaboração desta análise
