Financiado através do Kickstarter em uma campanha que arrecadou mais de 400 mil euros, Everspace teve seu acesso antecipado liberado para quem o financiou, e também para quem resolver pré-comprá-lo no Steam ou GOG.
Como fã de jogos de tiro espaciais que sou, desde quando joguei os clássicos X-Wing e Tie Fighter em meu modesto PC 486 nos anos 90, tive a oportunidade de experimentar este jogo, que logo de cara me chamou a atenção pelos belíssimos visuais, conseguidos através do uso da Unreal Engine 4.
De fato, voar pelo espaço sideral nunca foi tão prazeroso aos olhos. Os gráficos de Everspace são lindos, de cair o queixo. Este visual estonteante é que te segura a princípio, quando você está ainda aprendendo a controlar a nave e entendendo como funciona a jogabilidade. Falando da performance, não tive problemas em rodar o jogo em 1080P e 60fps constantes com as opções gráficas no máximo. Se você tiver uma GTX 970 ou similar e um Core i5, provavelmente não terá dificuldade em apreciar o jogo em seu esplendor máximo.
No começo você aprende que necessita de recursos para obter combustível, criar acessórios e melhorar suas armas, que você obtém atirando em certos tipos de asteroides, formações rochosas, cristais, caixas, destruindo naves ou partes de uma estação espacial. Há a possibilidade de comprá-los com uma nave mercadora, caso você encontre-a enquanto explora a galáxia. Desafios definidos pelo jogo também são uma fonte de renda se forem completados.
Os acessórios são bem variados. Existe um que aumenta sua velocidade por alguns segundos mas remove temporariamente seu escudo, um que escaneia a região onde você está em busca de recursos, outro que faz sua nave ficar indestrutível por alguns instantes e assim por diante.
As batalhas espaciais consistem em atacar um ou mais inimigos utilizando três armas principais. Um raio de energia que serve principalmente para remover o escudo protetor das naves, uma metralhadora para causar dano na fuselagem, e mísseis. Versões melhoradas ou pioradas de todas as armas podem ser obtidas destruindo os inimigos ou atirando em caixas.
Controlar a nave não é uma tarefa difícil, você acaba pegando o jeito depois da primeira hora. Há também a possibilidade de alternar entre visão em 1ª ou 3ª pessoa. É necessário, contudo, ficar atento aos marcadores na interface, pois eles indicam tudo aquilo que está acontecendo com a sua nave. Por exemplo, atirar consome energia, assim como voar em alta velocidade. Há uma barra junto da mira que lhe indica quanta energia você ainda tem. Fortunadamente, ela regenera de maneira automática.
Outro aspecto interessante é que ao ser atingido muito gravemente, partes específicas de sua nave podem ser danificadas, necessitando que você as repare o quanto antes, caso contrário irá morrer. Para efetuar os reparos é necessário usar nano bots, um pouco raros de se achar.
As espaço-naves das facções inimigas estão sempre marcadas em vermelho, sendo que uma ou outra possui um crânio o qual indica que trata-se de um adversário mais habilidoso, com o qual você precisa ter cuidado redobrado. Há uma facção neutra, de cor amarelada, que ajuda você nas batalhas e até mesmo lhe dá recompensas se você responder a um chamado de socorro. Ela tem algumas estações espaciais nas quais você pode reabastecer o combustível de sua nave, repará-la e comprar itens. Você pode atacar as naves e bases desta facção também, mas não é algo inteligente de se fazer caso não esteja bem preparado, pois fazer isso a tornará hostil.
Everspace tem elementos de roguelike, ou seja, você vai explorando os setores da galáxia, achando itens, matando inimigos, até chegar em um momento no qual você morre, mas mantém parte daquilo que conseguiu obter. No caso, o dinheiro na forma de créditos que podem ser utilizados, por exemplo, para melhorar aspectos de sua nave para que ela fique melhor e mais forte, de modo que você tenha mais chance de sobreviver na sua próxima jornada ao espaço infinito.
Há um mapa estelar que você usa sempre que deixa uma determinada região e segue para a próxima. O legal nisso é que na maior parte das vezes você pode sair de uma determinada região assim que chegar nela, caso não esteja interessado em explorá-la. Ao chegar no último ponto do mapa, você pode avançar de setor, onde haverá novos desafios e regiões para serem descobertos.
O jogo prende sim a atenção por algumas horas, especialmente por causa da boa jogabilidade e belos gráficos, mas fica um tanto repetitivo depois de um certo período pois ele te obriga a passar por vários locais que você já havia estado antes. Se chegar ao setor 3 e morrer, terá de ir até lá de novo desde o setor 1, lembrando que cada setor tem várias regiões. A dificuldade consideravelmente alta também não ajuda muito. Leva um bom tempo e muitas mortes até você conseguir obter créditos suficientes para deixar sua nave bem evoluída, e mesmo assim se der bobeira poderá morrer para um grupo de inimigos logo que você começar uma nova tentativa.
Outros aspectos que não me agradaram é que é possível apenas evoluir sua nave depois de morrer e, tirando o dinheiro, todo o resto você perde. Armas, acessórios e recursos que você pegou antes disso, simplesmente somem, o que frustra bastante.
Apesar da versão atual de Everspace conter apenas um elemento single player com progressão constante, sem história alguma ou personagens, prometidos para o futuro, nota-se que a Rockfish Games está no caminho certo para lançar um ótimo jogo, desde que melhore alguns de seus aspectos para manter o interesse da maioria dos jogadores depois das primeiras horas, de modo que a experiência seja longa, prazerosa e recompensadora.
A versão final de Everspace está prevista para sair no 1º trimestre de 2017 para PC e Xbox One.
