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Homem-Aranha & Gata Negra: O Mal no Coração dos Homens

Prefácio

Antes de mais nada, um pequeno prefácio explicando este artigo. No antigo site da Gamehall além de matérias de games, também publicávamos esporadicamente matérias sobre outros assusntos, como quadrinhos, cinema, seriados, animes e mangás. Por isso não estranhe se de vez quando você encontrar por aqui matérias abordando outros assuntos fora do mundo dos games. Esta matéria por exemplo, foi feita em 2006 quando da publicação da minissérie do Homem-Aranha e da Gata Negra (que na época chegou a sair com destaque no site principal da UOL). E se vocês quiserem, podemos continuar abordando outros assuntos, mandem suas opiniões. Boa leitura!

Gata + Aranha = Curtição

O Homem-Aranha é um herói que não teve muitas namoradas em sua vida (não é pra menos, nerds, pobretão e azarado…), mas ele teve uma gata que vale por todas as modelos (e travestis) que Ronaldo “Fenômeno” já catou, e não estamos falando da recatada Gwen Stacy ou da extrovertida Mary Jane Watson, e sim da sensual Felicia Hardy, vulgo a Gata Negra.

A bela personagem apareceu nos anos 80 para apimentar a vida do então solteirão Peter Parker. Porém os dois estavam em lados diferentes, ele lutava pela justiça, e ela contra. Uma ladra que roubava dos ricos para dar aos pobres? Não, ela ficava com tudo, e aproveitava muito bem o prazer que o dinheiro podia oferecer.

De vez em quando fazia o Aranha de trouxa (com curvas como aquelas, quem pode culpa-lo?), outras ele a pegava, mas dava um sermão na gatinha, devolvia os roubos e fazia vista grossa, pois ele sabia que no fundo ela era boa pessoa.


essa parceria deixou saudades no mundo dos quadrinhos


Não demorou muito e os dois engataram um namoro e lutaram contra o crime juntos. A Gata adorava namorar o Homem-Aranha, mas para ela Peter Parker não passava de um fracassado nada interessante. Peter até que tentou, mas o namoro não foi muito longe. Foi nessa época também que apareceu o uniforme negro do Aranha, que anos mais tarde se transformaria no Venom, um dos maiores inimigos do aracnideo.

Muitos fãs consideram essa saga com a Gata Negra como uma das melhores fases do Aranha nos quadrinhos. Peter então se casa com Mary Jane e a Gata Negra foi aos poucos sumindo das histórias do Aranha, aparecendo esporadicamente em algumas edições, mas sem aquela força de antigamente.


Aparece Kevin Smith

Surge então Kevin Smith, cineasta nerds que é conhecido por fazer filmes cômicos (Barrados no Shopping, Procurando Amy, O Retorno de Jay e Silent Bob) recheados de cultura pop (como filmes, celebridades, bandas, etc) e referências a sua cidade natal, New Jersey. Para provar que é um bom nerds de quadrinhos, no filme Barrados no Shopping ele coloca o próprio Stan Lee (o criador da maioria dos personagens Marvel, como o Aranha e X-Men) no filme, com várias piadas e grandes sacadas que apenas os leitores mais atentos de HQs poderiam entender (ele até coloca um personagem perguntando ao Stan Lee se o Sr Fantástico poderia mudar o tamanho do seu…. ah, “equipamento”).

Brincadeiras a parte, o cara também já produziu roteiro para HQs de sucesso, como o Demolidor (as mortes da namorada do Demolidor, Karen Page e do vilão de longa data do Aranha, Mysterio, são culpa dele – o que gerou um grande rebuliço na época entre os fãs, resultado, ressuscitaram Mysterio tempos depois). Mas certamente Smith é mais conhecido pela sua minissérie do Arqueiro Verde, da Dc Comics.

Em 2001 ele voltaria para a Marvel então daria início a uma das novelas quadrinísticas mais longa dos últimos tempos. Para ajudá-lo temos o casal de desenhistas Terry e Rachel Dodson, um casal de certo renome por desenhar personagens femininos.

Assim nasceu o projeto “The Evil That Men Do” (por aqui batizada de O Mal no Coração dos Homens e para os fãs do metal do Iron Maiden, nome de uma música), uma minisssérie em seis capítulos que colocaria o Teioso junto com a sua ex novamente.

Houve muita publicidade na época, a Marvel aproveitou os dotes do casal Dodson para lançarem previews e teasers que traziam uma Gata Negra em 99% em poses provocantes e insinuantes. Em 2002 três edições foram lançadas e nelas podemos conferir que a parceria entre Smith e os Dodson deu pra lá de certo.

O estilo de Smith pode ser facilmente reconhecido quando vemos os quadrinhos com muitos textos explicativos, esbanjando humor, ironia e deboche, aliados a desenhos super sensuais do casal desenhista.

A história inicial é bem simples, sem grandes enrolações, mostra o Aranha investigando a morte de um dos seus alunos. O rapaz, um aluno exemplar, aparentemente morreu de overdose de heroína. Mas a autópsia não revela qualquer traço da droga em seu organismo. Intrigado com a morte do bom rapaz, o Aranha começa a investigar o caso. Paralelo a isso, a Gata que havia aposentado suas garras e que vivia traquilamente em Los Angeles, recebe um telefonema para descobrir o paradeiro de uma amiga que simplesmente sumiu em Nova York.

Por coincidência do destino (ou não?) os casos estão interligados, e a bela garota de cabelos platinados acaba reencontrando seu ex-aracno-affair. E então Smith começa o seu show.

as belas curvas pelo casal Dodson

E como é bom ver um nerds como Smith fazendo o roteiro de uma mini assim. O encontro entre os dois possui sacadas ótimas, como os dois discutindo sobre o passado, como o Aranha olhando para a Gata e ela pensando “ah meu pai, lá vem sermão…”, ou quando a Gata chega junto e se prende na cintura do Aranha e ele diz “sentido de Aranha vibrando”, e a resposta ligeira da Gata “é assim que você está chamando isso agora, é?” ou ainda quando a Gata convida o Aranha para ir em seu apartamento. O Aranha hesita (afinal, ele é casado e está na companhia do Pecado em pessoa). Ela diz “como se eu fosse dar em cima de um cara casado” e vai embora, mas os seus pensamentos são bem diferente “por favor, me segue…”. Enquanto isso o Aranha ainda na dúvida, pensa consigo mesmo “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades… ah, que se dane” e vai atrás dela.

Aranha pensando se deve seguir esse avião… Mary Jane que se cuide

Kevin Smith não economizou na pimenta e colocou os dois personagens em situações bem provocantes, com um roteiro recheado com diálogos (e pensamentos) memoráveis, com um humor afiadíssimo que irá agradar em muito os fãs das antigas, por causa da nostalgia, como também os novos leitores.

Mas então um pequeno empecilho acontece. Kevin Smith tem que abandonar o projeto para cuidar de outros assuntos cinematográficos. Por um longo tempo os fãs ficaram esperando pela continuação da mini, que só voltou para as mãos do “gorducho” em meados de 2005, sendo concluída em março deste ano. Complicado não? Mas o recorde ainda é de Alan Moore, que levou 10 anos para terminar o seu “Do Inferno”.

O interessante é que durante esse tempo de “férias forçadas”, podemos conferir algumas mudanças no estilo de Smith e também nos desenhos do casal.

beijo nos ares… “vai lá e detona, Aranha!”

A quarta edição (para nós aqui será a segunda) vamos ver uma completa reviravolta na história, com um clima mais pesado. A arte também está diferente, mais robusta e com cores mais fortes. Mas não se preocupem, essas mudanças foram para melhores, os personagens ganharam mais profundidade e pode até influenciar suas personalidades, principalmente da Gata Negra (que esperamos ganhe força com essa mini e volte a aparecer mais frequentemente). Com a palavra, o próprio Smith: “É uma história muito melhor agora do que se eu a tivesse completado em 2002”.

Resumindo, Homem-Aranha & Gata Negra: O Mal no Coração dos Homens é uma minissérie que vale o dinheiro investido. Kevin Smith prova que é um bom roteirista e nos presenteia com uma história despretensiosa e muito bem humorada, com desenhos belissimos da escultural Gata Negra. Uma mini com um ar de nostalgia, que resgata aquela época em que o Aranha pulava por aí com a Gata, entre tapas e beijos, prendendo bandidos, brigando, dando uns amassos. Uma época muito melhor que as histórias atuais da revista mensal do Aranha (com excessão do universo Ultimate, é claro).

A minissérie está sendo lançada em três edições pela Panini e já se encontra nas bancas a primeira e segunda edição, com 60 páginas e custando R$6,50 (a segunda edição tem 52 páginas e é um pouco mais barata, R$5,90) formato americano e papel LWC.

capas das edições brasileiras


GALERIA DA GATA

gata molhada… miaaaaauuuuu

“I can feel Peter staring at me behind the mask… I bet he´s excited”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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