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Mitsurugi Kamui Hikae

Mitsurugi Kamui Hikae é um jogo de hack´n slash de arena, desenvolvido em 2013 pelo estúdio indie Zenith Blue. Já desde o começo de 2016 o game está disponível para Windows 10, Xbox One, Playstation 4 e Steam.

Se com o termo “indie” você imediatamente imagina que Mitsurugi Kamui Hikae é um projeto tocado com poucos recursos financeiros e por consequência é um game com baixo valor de produção, você está absolutamente certo. Felizmente isso não significa um game ruim.

No game o jogador assume o controle de Misa, uma “Blade Templar” que está à procura de um artefato demoníaco poderoso conhecido como “The Demon Blade”. Esse artefato / espada subjuga seu usuário para cometer atos demoníacos e suga a energia vital e sangue de seu portador no processo, até que o mesmo morra.

Suzuka, companheira de combate de Misa e também assassina do mestre de ambas, está em posse de tal artefato. Cabe a Misa perseguir Suzuka e recuperar a espada demoníaca, mesmo que isso signifique matar sua amiga no processo.

O enredo é clichê e sem desdobramentos ao longo da jogatina. Apesar disso, a única coisa que realmente me intrigou é o porquê diabos Misa e Suzuka estão nessa estanha história demoníaca trajadas de uniformes escolares japoneses. Japoneses e suas Japonesisses.

Toda a história acima descrita é explicada nos dois primeiros minutos de jogo e é mais do que suficiente para justificar os combates contra inimigos ao longo da campanha.

O título é um hack´n slash de arena, ou seja, nada de fases grandes e elaboradas. Cada uma das fases do game se limita a uma arena circular e é nesse espaço que enfrentamos hordas de inimigos.

O jogo possui cinco fases no total. As quatro primeiras possuem a mesma estrutura que consiste em 5 waves (ondas) de inimigos seguidas de um chefe, já a quinta fase é inteiramente dedicada ao Final Boss que contém duas formas distintas.

E antes que se perguntem: sim, o jogo é muito pequeno.

Na verdade, imagino que um jogador que já possua experiência com esse tipo de game, e que não queira fazer grinding para upgrades das habilidades de Misa, consiga terminar a campanha de Mitsurugi Kamui Hikae em aproximadamente uma hora.

Caso o jogador queira fazer grinding de upgrades, já que é possível reiniciar o jogo a qualquer momento sem perda das habilidades já adquiridas, esse tempo pode ser estendido. Entretanto, ganhar pontuações que permitam liberar e maximizar as habilidades de Misa é um trabalho fácil e rápido para quem já tem experiência com games do gênero, ou seja, o tempo extra de jogo que se ganha indo atrás disso não é muito alto.

Além da campanha principal o game possui somente um modo tutorial que é bem enxuto e não ensina ao jogador muitas das técnicas necessárias para uma boa experiência de jogo. Elementos básicos como “just defense”, “counter” e afins ficam de fora das explicações e só são explicados por meios de dicas que o jogo dá na tela de Game Over.

Visualmente o game segue o que eu chamo de “linha remaster de PSVita”. Tecnicamente não chama a atenção, mas o design de Misa, dos chefes e de Suzuka é belo e possuem um bom nível de detalhamento dadas as limitações técnicas do projeto.

Os inimigos comuns não possuem nada de muito inspirados a nível de design e são bem repetitivos ao longo da campanha, mas como o jogo é bem curto isso não chega a ser um agravante.

Nos cenários o background é morto, sem elementos interativos e nada de especial. As texturas ali são extremamente simplistas e isso sim é um ponto negativo do jogo no que cerne a seu visual. Não importa o quão simples o projeto como um todo o é, considerando que os cenários são pequenos e estáticos se esperava o mínimo de capricho.

Os efeitos especiais se não se destacam, pelo menos não incomodam. A dublagem é a original japonesa, o que é sempre bom, mesmo que culturalmente exagerada. A trilha sonora é boa, mas pouco variada e se baseia em loops do mesmo seguimento musical ao longo de toda a fase.

E daí você leu essa análise até aqui e imagina que o jogo não seja merecedor de sua atenção, mas é aí que você se engana. Recomendo Mitsurugi Kamui Hikae para todo jogador que curte games japoneses, que curte games hack´n slash e que goste de um bom Musou.

Faço essa recomendação pelo o único aspecto que o game é acima da média, em especial para um projeto notadamente tão pequeno. Aspecto esse no qual jogadores dos gêneros que citei acima mais presam em um jogo. O gameplay.

As mecânicas de combate de Mitsurugi Kamui Hikae são deliciosas. É muito prazeroso eliminar hordas de inimigos no controle de Misa, pois o combate flui muito bem e possui todo o estilo e estética da ação oriunda do oriente.

O core ofensivo do combate consiste em ataques fracos e fortes, para cada qual um botão de ativação. Cada tipo de ataque possui seu combo em chain de execução simples, bastando “mashar” o dito cujo botão. Cada combo desse pode se tornar maior ou mais forte graças ao sistema de upgrades.

Para estender a cadeia de ataques é necessário unir os combos com botões fracos e fortes, bem como com os novos ataques adquiridos no sistema de upgrades. O grande trunfo aqui é compreender quais ataques podem ser executados ao final de cada um dos combos em chain que Misa possui.

Não basta sair apertando os botões para fazer sequências de ataques enormes, mas sim conhecer as combinações possíveis para montar sequências lógicas de ataques.

Muitos dos combos em chain e golpes mais fortes individuais de Misa possuem um grande período de recuperação da ação exercida, deixando-a com a guarda aberta para ser acertada por um inimigo. Saber qual golpe pode continuar com a cadeia de ataques serve não somente para a ofensiva, mas também para uma ação defensiva, pois tira Misa do estado de recovery do último golpe aplicado.

Defensivamente existem os movimentos de evade, de defesa propriamente dita e o “just defense”. Esse último permite ser completado com a ação de contra-ataque.

Dentre as mecânicas de combate, destaque para o Zanshin. Esse comando faz com que Misa guarde sua espada na bainha com um efeito visual e de câmera diferenciados e possui importante função nos combates.

Quando um inimigo está em estado de Bleeding, o que o deixa “piscando em vermelho”, realizar o Zanshin faz com que esse inimigo receba dano (normalmente o mata) e recupera um pouco do Health e da “Katana Gauge” de Misa.

“Katana Gauge” é a barra azul que fica no lado superior esquerdo da tela, junto a barra de vida, e é ela quem permite a realização de ações especiais ofensivas da personagem principal.

O jogo a priori pode não parecer muito desafiador. Mas essa impressão passa rapidinho ao tentar jogá-lo em seus modos mais difíceis, apesar de que nesses modos fica muito claro que a câmera do game pode ser um problema.

Uma vez compreendido o sistema de combate de Mitsurugi Kamui Hikae, esse despretensioso jogo nipônico indie pode conquistar o fã do gênero hack´n slash e ao mesmo tempo fazê-lo se perguntar o porquê de não terem investido mais tempo e dinheiro em um jogo mais ambicioso se utilizando desse sistema de combate. Eu perguntei.

Gostaria, verdadeiramente, de uma continuação mais ambiciosa. Fica aí a dica para o estúdio Zenith Blue.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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