Resident Evil 4: Recomeço

Resident Evil 4: Recomeço (Resident Evil: Afterlife, EUA, 2010)
Gênero: Terror/Ficção/Ação
Direção: Paul W. S. Anderson
Atores: Milla Jovovich, Ali Larter, Kim Coates, Shawn Roberts, Spencer Locke
Duração: 97 minutos
Trailer: Clique aqui
Site Oficial: Clique aqui
Censura: 16 anos


Amigos da Gamehall, hoje venho aqui em uma missão diferente. Venho hoje aqui analisar, mesmo que rapidamente, algo que transcende a minha mera compreensão humana acerca das coisas por intermédio de um filme que acabo de assistir e que é uma obra que, “aparentemente”, é baseada em uma série de games que está no coração de muitos gamers.

Venho aqui hoje analisar / contar minha experiência sobre, Resident Evil 4: Recomeço (Resident Evil 4: Afterlife). Assim como eu, imagino, todos os gamers que aqui estão lendo esse texto, e que gostam da série Resident Evil, por certo já assistiram os três filmes live motion da série. E todos que assistiram e que conhecem a série de games em que a trilogia cinematográfica se baseia, concordam em algo: de Resident Evil nesses filmes, só referências vagas e o nome.

Os filmes estrelados por Mila Jovovich ignoram praticamente tudo o que de importante os games possuem, não passando de filmes de ação “B” com bons efeitos especiais. Nada de survival horror, ou mesmo de boa história encontramos ali. Em resumo, a série cinematográfica de Resident Evil tem como personagem principal Alice (Mila Jovovich), que de segurança da entrada de um dos complexos mais importantes da Umbrela, se torna ao longo dos filmes um ser com poderes extra-sensoriais por conta de experimentos com o T-Virus em seu corpo.

Ao longo de seu percurso, que vai de tentar se encontrar, ao clássico “temos de destruir Umbrela”, Alice encontra muitos personagens e criaturas vindas diretamente dos games, mesmo que com personalidades muito deturpadas, se considerarmos os personagens como o são nos filmes com suas contrapartes originais. Dentre o Hall de personagens, temos, por exemplo, Carlos Oliveira, Claire Redfield, Jill Valentine, Barry Burton e até mesmo membros da Familia Ashford, sendo estes não representações dos mesmos personagens conhecidos em Code Veronica, mas os consto aqui devido à importância dos mesmos.

Dentre as criaturas temos o Licker, temerária criatura de Resident Evil 2, os cães zumbis, os zumbis… A lista vai longe aqui, mas o destaque por certo nos três primeiros filmes vai para Nêmesis, o antagonista principal do segundo filme. Cada um dos personagens acima teve suas alterações de personalidades, e alguns casos até mesmo de coloração de pele. Nunca vou me esquecer do susto que levei ao ver Barry, um cara “brancão” de tudo, ser interpretado por um “negão” no segundo filme. Jill perdeu sua doçura, se tornando uma “mulher machão” (mas está muito gostosa), Claire sofreu do mesmo mal de Jill nos filmes, se tornando praticamente uma gladiadora. E por ai vai….

Com relação às criaturas, o caso triste é Nêmesis, que teve uma caracterização bem abaixo do esperado para um monstro tão idolatrado pelos fãs. Ficou parecendo uma fantasia de dia das bruxas barata. Pior mesmo, foi seu desfecho, ficando todo bonzinho e salvando Alice. O que tento mostrar aqui, até agora, é que a série de filmes não se propõe a tentar seguir de perto os acontecimentos do game, estando mais interessada em se insinuar para o gamer com personagens e momentos, fazendo com que o jogador vá ao cinema ver o filme, mas tentando possuir apelo para gamers e não gamers.

Isso não seria ruim se fosse bem feito. Os filmes são sem sentido, um com enredo mais fraco e mais cheio de furos ou momentos sem explicação que o outro, e normalmente, sem um final conclusivo deixando um gancho para uma eventual continuação. Assim foi com o primeiro filme, que é razoável, pois não “interfere” na linha de enredo dos games, sendo mais um “side quest” da história do primeiro e segundo games.

Assim foi com o segundo filme, que nos mostrou o Nêmesis mais apático que poderíamos conceber e que mostrou também ser somente mais um filme de ação acelerado e sem enredo dentre tantos no mercado. Assim foi com o terceiro filme, que além de ter todos os defeitos do segundo filme, dá a Alice poderes extra-sensoriais e clones. Esse filme consegue ser pior do que o segundo, fazer alusão a drogas e dar a entender que, em um próximo filmes, descobrirmos que Alice na verdade é descendente de Zeus e que tem sangue azul. É terrível!

Ironicamente, e eu não consigo compreender o como e muito menos o porquê, apesar de tantos efeitos e de inúmeras críticas negativas cinematograficamente falando, a série de filmes Resident Evil faz algo que é o que importa para Hollywood: DINHEIRO! E com esse pensamento, eis que surge Resident Evil 4: Recomeço.

Lançado nos cinemas brasileiros em 17/09/2010, uma semana depois do lançamento oficial nos Estados Unidos e mais alguns outros países ao redor do mundo, Resident Evil 4: Recomeço é mais do mesmo que poderíamos conceber, tendo em vista os filmes anteriores, no entanto, vem com um extra, o 3D. Filmado se utilizando da mesma tecnologia utilizada por Avatar, Resident Evil 4: Recomeço não é mais um filme convertido para o 3D na pós-produção apenas para ganhar um troco extra nas bilheterias, mas sim um filme projetado desde o rascunho para ser filmado em 3D. E o resultado não poderia ter sido melhor.

O produtor, e regresso à direção da série, Paul Anderson se mostra completamente confortável com a nova tecnologia. As cenas de ação se aproveitam muito bem do 3D, não somente demonstrando um ótimo senso de profundidade nas cenas, mas também pelos famosos momentos “tem algo vindo acertar minha cabeça!”. A cena que envolve uma batalha contra o Executoner, conhecido dos fãs da série de games, é fantástica plasticamente, em muito, devido ao 3D de altíssima qualidade do filme.

Na verdade, fui assistir ao filme somente por conta de reviews americanos mencionando que o 3D do filme era fantástico, porque cá entre nós, desde que essa nova tecnologia está em vigor, assistir um filme que não seja convertido em 3D tão somente está difícil…

Infelizmente, não pude conferir o 3D do filme em toda sua glória, pois em Uberlândia, cidade natal de quem aqui vos escreve, o cinema é muito fraco, tendo uma estrutura muito aquém do necessário para a exibição desse filme. O ideal mesmo seria assisti-lo em uma sala de IMAX 3D, indisponível por aqui, pois dessa forma sim, poder-se-ia conferir todo o esplendor visual que Resident Evil 4: Recomeço oferece.

Bom, tecnicamente Resident Evil 4: Recomeço é um vislumbre, mas saindo desse setor e analisando o que mais importa em um filme, o enredo, o filme sofre exatamente dos mesmos problemas do anterior. É um filme inconsistente, apressado e atabalhoado, cheio de furos de enredo, e que comete o maior dos pecados: deturpa o (talvez) personagem mais importante da série de games, de forma hedionda!

Paul Anderson até tenta consertar a besteira que fizeram no terceiro filme. Logo nos minutos iniciais, o diretor cria uma forma de fazer com que Alice volte a ser um humano normal, sem todos os poderes que ela ganhou ao longo dos três primeiros filmes, entretanto, como o usual da série cinematográfica, a solução é apresada e sem muita explicação. Essa exclusão dos poderes de Alice sequer influencia muito no seguimento do filme, afinal de contas ela continua sendo capaz de dar saltos mirabolantes a agüentar uma machadada de toneladas e se levantar quase ilesa.

Claire Redfield está de volta nesse quarto filme da série, mas possui os mesmos traços de personalidade do terceiro filme, mas com um agravante, agora ela começa o filme sem memória. A memória de Claire vai voltando aos poucos, no entanto, e o faz de forma atrapalhada e sem explicação, assim como tudo no filme vai acontecendo. Alice e Claire são, por certo, as personagens principais no filme, mas em um filme que possui um nível de enredo próximo ao zero, isso quase não tem relevância alguma, assim sendo, é possível assistir ao filme inteiro e não conseguir identificar quem era realmente o destaque.

As duas grandes adições, ou assim era para ser, no filme são dois pesos pesados dentro do enredo dos games: O primeiro deles é Albert Wesker, vulgo “o cabloco que todo mundo quer descer a mão”. No filme ele foi claramente inspirado por sua aparição no quinto game da série, tendo inclusive cenas no filme, inspiradas em cenas dele no game Resient Evil 5. Entretanto, aqui vale a velha rega para os filmes Resident Evil: sua construção como personagem é atrapalhada e apresada. Quem não conhece sua importância nos games, achará, somente de assistir o filme, que Wesker é somente mais um vilão.

A outra adição é ninguém menos do que aquele quem eu considero o supra-sumo da série nos games: Chris Redfield. Ora vamos, todos conhecem Chris e sabem que ele é um “monstro sagrado” dentro da mitologia dos games. No filme, entretanto, Chris é somente mais um, está na tela somente para atirar. Em nenhum momento se faz importante o fato de Chris estar em cena, em nenhum momento se faz importante seu reencontro com Claire, ou mesmo com Wesker!

O senhor Paul Anderson reduziu Chris Redfield a um coadjuvante de luxo em seu filme. Ponto final. Gostaria muito de dar algum relance da história do filme aqui, mas na verdade, se eu fizer isso, acabo contando todo o filme, pois como já foi dito aqui, enredo nunca foi o ponto forte de Resident Evil nas telonas.

Para finalizar, no final do filme, Jill Valentine faz uma participação que seria importante, caso o filme tivesse algum enredo mais firme, no entanto, essa cena não significa nada para quem não conhece os games, pois sequer mencionam que Jill é a “Jill”, e como ela some misteriosamente, como mais uma falha de enredo da série dos cinemas do segundo para o terceiro filme e está loira (e novamente deliciosa) é possível que a maioria do cinema sequer fique sabendo quem é que está ali falando no pós-créditos, para mais um gancho para uma nova sequência.

Bom, como eu disse no começo, aqui seria um papo rápido. Mais uma vez perderam uma grande chance de se produzir um bom filme baseado em um game, mesmo que Resident Evil a muito não seja uma série de filmes que se sustente de sua contraparte gamística. Assim como achei no segundo, tive a certeza no terceiro, e mantenho a mesma opinião depois do quarto filme, o mundo não precisa de mais “Resident Evil + Mila Jovovich + Paul Anderson” nos cinemas…

Mas vai ter! Afinal de contas, o filme teve um “enxuto” orçamento de 60 milhões de dólares de custo, valor esse já ultrapassado em bilheteria já no fim de semana de estréia do filme, período esse em que o Resident Evil 4: Recomeço sequer estava em cartaz no mundo inteiro.

Resident Evil 4: Recomeço é mais um filme completamente passável que estréia nos cinemas, assim como tantos outros, mas por certo, serve como uma aula sobre como realizar filmes em 3D, pois nesse único fator, a produção de Paul Anderson brilha como poucas.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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