Análises

The Terminator

“As máquinas erguem-se das cinzas do fogo nuclear. A guerra para exterminar a humanidade durava décadas, mas a batalha final não seria no futuro. Seria decidida aqui, no presente. Esta noite…”

A frase acima apareceu pela primeira vez nas telas dos cinemas em 1984 e dava início ao filme “O Exterminador do Futuro” (The Terminator), um longa-metragem de ficção científica de baixo orçamento, com atores desconhecidos e um diretor em começo de carreira – era um filme que não prometia muito. Mas indo contra às vibrações negativas, o filme explodiu e foi um grande sucesso, lançou para o estrelato o ator Arnold Schwarzenegger e o diretor James Cameron, além de render até hoje uma franquia de bilhões de dólares e uma série de filmes cultuados (mesmo que os mais recentes não tenham a qualidade dos dois primeiros filmes).

Naquela época, nenhum game foi lançado baseado no filme, mas quando lançaram o segundo em 1991, vários títulos surgiram, inclusive do primeiro filme. A maioria dos jogos era ruim, mas teve dois títulos que marcaram época pela sua boa qualidade: “The Terminator” para Mega Drive (1992) e Sega CD (1993). E não pensem que o jogo é o mesmo para ambas as plataformas, como geralmente acontecia na época. A versão de Mega Drive, que já era muito boa, foi totalmente reformulada para o CD, que ficou maior e melhor, sendo que até hoje é reconhecida como a melhor adaptação do primeiro filme em um game.

Mas vamos começar a análise com a versão de Mega Drive. Lançada em 1992 e produzida pela Probe Software/Virgin Games, segue fielmente a história do filme: no ano de 2029 o mundo foi destruído numa guerra contra as máquinas, que se tornaram inteligentes e auto-suficientes. O líder da resistência humana, chamado John Connor, é a única ameaça para a dominação total das máquinas, que para se livrar dele, mandam para o passado um exterminador – um robô humanóide revestido de pele humana – para localizar sua mãe, Sarah Connor, e matá-la, impedindo assim o nascimento de John Connor. Mas John descobre o plano das máquinas e manda um soldado de sua extrema confiança, o corajoso Kyle Reese, que tem a missão de voltar para o passado e proteger Sarah Connor do terrível assassino robótico.

No game você joga justamente com Kyle Reese em apenas quatro fases (sim, o jogo é curtíssimo, e esse é o seu único ponto negativo) de ação intensa com plataformas e tiros por todo o lado. A primeira fase se passa no futuro pós-apocaliptico, em que Reese deve alcançar a máquina do tempo e voltar para o ano de 1984.

A segunda fase se passa nas ruas de Los Angeles de 1984. Assim como no filme, Reese está usando uma capa e uma espingarda calibre 12 e deve enfrentar policiais e marginais, até chegar ao Tech Noir Bar, onde se encontra Sarah Connor (e o exterminador também).

 

Já a terceira fase se passa numa central policial, onde Sarah foi tentar se proteger, mas o exterminador vai atrás dela e faz a maior carnificina por lá. Você deve encontrá-la antes do exterminador (além de enfrentar o próprio, terá que passar por policiais e bandidos).

E finalmente a última fase, dentro de uma fábrica, onde ocorre a batalha final com o exterminador, que é esmagado em uma prensa gigantesca.

Apesar de ter apenas quatro fases, os gráficos e cenários são muito bem construídos, contendo toda a atmosfera sombria do filme, com boas animações e cenários de fundo coloridos e detalhados. A jogabilidade é meio dura e travada, especialmente na hora de fazer o personagem pular, mas também os cenários não oferecem designs com grande desafios, basta apenas andar e atirar, e pular de vez em quando ou subir e descer escadas.

O jogo conta com uma excelente trilha sonora, com temas enérgicos que aproveitam bem a capacidade sonora do Mega Drive, com batidas e ritmos que grudam na cabeça e combinam perfeitamente com a ação do jogo. Para completar, o game possui um desafio acima da média, com apenas uma vida e sem continues, para compensar o baixo número de fases. Mas com apenas algumas jogadas você já pega o “jeitão” do jogo e facilmente pode terminá-lo em 10 minutos, o que é bem frustrante pois é um título com um grande potencial para se tornar um clássico. Mas o que faltou na versão Mega Drive, a Virgin corrigiu na versão para Sega CD, confira abaixo.

Sega CD

Um maior número de fases, gráficos melhores e uma trilha sonora arrasadora, é o que a Virgin fez para melhorar, um ano depois, o jogo em sua versão CD. Apesar de usar as mesmas bases gráficas da versão cart, a empresa se empenhou em fazer um produto melhor e mais arrojado. Agora ao invés de apenas quatro fases, temos 10 longos cenários (quatro no futuro, dois nas ruas de Los Angeles, um no Tech Noir Bar, um na estação de polícia e dois na fábrica). Além de mais fases, os cenários sofreram uma alteração no seu design, com caminhos mais longos e desafios maiores, tanto na horizontal como na vertical, deixando o jogo mais interessante.

Há um maior número de inimigos (até mesmo cães robôs-exterminadores) e a jogabilidade está mais suave e com controles mais precisos (inclusive os pulos), com o tiroteio comendo solto. Graficamente o jogo se apresenta muito bem na tela, já era bonito na versão cart e ficou melhor ainda no CD. Boas animaçõs, bom uso da palheta de cores e animações, com personagens com tamanhos grandes e detalhados na tela. Entre uma fase e outra há pequenos vídeos tirados diretamente do filme. Apesar da qualidade estar muito baixa (há outros games com vídeos no Sega CD com qualidade melhor), é um extra a mais para a versão CD, aumentando a imersão do jogador na história do game.

Mas certamente o ponto alto do jogo é a sua fantástica trilha sonora, assinada por Tommy Tallarico (mais conhecido por ser um dos idealizadores do espetáculo musical Video Games Live). Tirando a música tema do filme, todas as outras são exclusivas para o Sega CD, e junto com a trilha sonora do “Spider-Man vs the Kingpin”, é uma das melhores que se encontra no console. Os temas são vibrantes e contam, em sua maioria, com guitarras brutais e pianos/teclados melancólicos, que criam a atmosfera perfeita para se jogar e ouvir no talo (e tem até um tema eletrônico para o Tech Noir Bar ao melhor estilo The Prodigy).

A dificuldade do game continua difícil no CD, sem opção para continues ou passwords. Mas há vidas escondidas nas fases, o que vale perder um tempinho para explorá-las melhor. Após ganhar vários game-over nas primeiras jogadas, deve-se levar mais ou menos 1 hora para se terminar o jogo (explorando bem as fases e tal).

“I’ll Be Back!”

 

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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