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Análise | “Death Stranding” é uma jornada homérica para salvar o mundo

Enfim, a espera acabou! Após três anos de muito segredo, “Death Stranding” chega ao mercado. Mesmo com muito material divulgado, o game continua sendo um mistério e com enredo complexo de se entender apenas com a observação de trailers. Nesta análise iremos respeitar este suspense, que é tão importante para apreciar esta nova IP de Hideo Kojima. Estrelado por Norman Reedus e Mads Mikkelsen, esta é uma jornada ao Oeste diferente de tudo já produzido pelo pai de Metal Gear.

Quem é você e qual é a sua missão?    

Em “Death Stranding” você assume o papel de Sam Porter Bridges, filho adotivo da presidente da União das Cidades Americanas (UCA), uma nação que surge após obliterações que dizimaram a população estadunidense e o mundo como o conhecemos hoje.

Sua missão não é pequena. Você precisa seguir em direção ao oeste para resgatar Amelie, a filha da presidente, que foi sequestrada pelo grupo terrorista Homo Demens, liderado por Higgs. Mas não é só isso. Antes de chegar até Amelie você deve reconectar o país à UCA por meio da Rede Quiral, uma tecnologia muito à frente de nosso tempo que permite, entre outras coisas, recuperar todo o conhecimento perdido pela humanidade.

E como isso será feito? Através de entregas. Para conectar à Rede Quiral é necessário o consentimento dos líderes das diversas bases isoladas que existem pelo mundo de “Death Stranding”. Cada base tem uma necessidade e à medida em que você completa a missão, entregando a eles o que precisam, eles permitem que você expanda a conexão.

Um mundo aberto a ser construído

Como entregador da Bridges (UCA), você caminhará pela América em busca de seus destinatários, que se encontram nas diversas bases espalhadas pelo mapa. Como visto nos trailers, o mundo “Death Stranding” é gigante e também vazio. Mas não se engane: parte do desafio do game é justamente isso.

O mapa é impressionante. A América devastada tem uma geografia irregular com uma variação surpreendente em seu solo. Planícies, escarpas, depressões, córregos, montanhas, neve, chuva e muito mais. Caminhos distorcidos e difíceis de se alcançar que se tornam ainda mais complexos quando se tem uma carga pesada nas costas.

Para facilitar este processo você pode criar ferramentas nas bases da Bridges: cordas, escadas e CQPs. As cordas são excelentes para descidas, as escadas são versáteis, podem servir de ponte, bem como subir e descer regiões íngremes. Já os CQPs são mais complexos. Esta última ferramenta permite a criação de estruturas tecnológicas, como estradas, geradores de energia, abrigos, dentre outras coisas legais.

A melhor parte é que tudo que você deixa pelo caminho é compartilhado, ou seja, as suas ferramentas podem ser utilizadas por outros jogadores e vice-versa. Em outras palavras, é como se o cenário fosse um LEGO enorme e a comunidade vai encaixando peças em regiões estratégicas que servem não apenas para a sua jogatina, mas a de outras pessoas.

Gameplay

O game tem uma jogabilidade ampla. Controlar Sam é uma experiência que beira a simulação, pois o jeito de comandar o personagem muda de acordo com o ambiente e o clima. Por exemplo, se você correr sem segurar R2+L2, que fazem com que a carga das costas fique mais firme, e tropeçar, as chances de você cair é bem maior. Isso vale para a chuva, vento, inclinação do terreno e muito mais. Cada canto do mapa exige uma mecânica e comportamento diferente do jogador.

O combate e as estratégias de furtividade bebem da fonte de seu primo mais velho, “Phantom Pain”, então, não há o que reclamar. O que realmente poderia ser melhor é dirigibilidade dos veículos, pois não funcionam tão bem em todo tipo de solo, atolando facilmente. Aparentemente, a ideia é que os veículos sirvam para rodar nas estradas que são construídas ao longo do game, mas sendo bem sincero, pelo tamanho do mapa poderiam ser mais versáteis.

E o bebê? O Bridge Baby (BB) que aparece junto ao Sam é o seu principal aliado contra EPs. Estas crianças tem a habilidade de identificar a presença de entidades e, por meio de uma conexão, permitem a Sam detectar as criaturas sobrenaturais.

EPs, Mulas, Terroristas e Chefes

Ao todo, existem quatro ameaças: As EPs, entidades que podem atrair criaturas maiores; Mulas, que são ladrões de carga dispostos a atrapalhar sua entrega; Terroristas, que são bem semelhantes as Mulas; e ps Chefões que aparecem por meio das EPs quando você é capturado por elas.

Na dificuldade padrão do game (Normal), a inteligência artificial deixa a desejar, pois é muito fácil passar pelas ameaças e sobreviver aos ataques. Até mesmo as lutas mais complexas podem ser finalizadas na primeira tentativa, desde que você tenha o equipamento certo nas mãos. Sem falar que, graças aos recursos online de cooperação, itens de outros jogadores aparecem para você durante o combate contra os chefes, deixando a situação ainda mais fácil.

As EPs, que representam a maior ameaça do game, deixam de ser um problema quando se entende o padrão de comportamento delas, sendo possível atravessar regiões inteiras sem gastar munição contra estas entidades.

Dá para entender “Death Stranding”?

O jogo é extenso, com aproximadamente 50 horas de duração. A história é contada de forma gradativa, sendo grande parte através de documentos e conversas rápidas com os personagens ao finalizar uma entrega importante. Então, aos poucos, você vai entrando no clima do game e entendendo o que se passa. As cutscenes acontecem em momentos cruciais da campanha, ou seja, não é um jogo inteiramente “filminho”. Quando as peças começam a se encaixar e, por fim, o quebra-cabeça se completa, você já está com uma bagagem enorme e preparado para lidar com o desfecho da história.

É interessante ver como os personagens são tratados. O jogo dedica um momento especial para cada um, dando ao jogador a oportunidade de conhecer de fato o histórico e as motivações individuais deles, inclusive a origem dos codinomes, sem deixar pontas soltas.

Pode ser considerado um novo gênero?

“Death Stranding” traz uma perspectiva diferente para elementos já conhecidos e ao mesmo mostra algo novo ao jogador. Embora suas missões sejam entregas, o game não é sobre isso. O desafio está entre sair do ponto “A” e chegar ao ponto “B”. É preciso analisar quantos equipamentos levará nas costas, quais ferramentas e armas irão te acompanhar, se preocupar com a chuva, pois ela deteriora os itens sem proteção, e também quais estruturas se irá construir ao longo do caminho. E mais do que isso, a medida que o jogo evolui, um sentimento empático é despertado e você começa a se preocupar em como suas estratégias podem ser úteis para outros jogadores, uma vez que suas estruturas, e até itens deixados para trás, podem ajudar alguém. Ou seja, mesmo se tratando de um game voltado para um jogador, o sentimento de comunidade existe.

Assim como há 11 anos “Demon’s Souls” deu origem a um gênero popularmente conhecido como souls-like, “Death Stranding” pode ser o pontapé inicial que inspirará dezenas de outros títulos no futuro.

Conclusão

“Death Stranding” é um jogo progressivo. Durante toda a campanha novos elementos são apresentados, seja na história, nas ferramentas, itens ou armas utilizadas. As pequenas doses que adicionam conteúdo ao game o tornam interessante do começo ao fim, sendo, de fato, gratificante olhar para trás e ver onde você foi capaz de chegar, quantas pessoas ajudou, o quanto seu trabalho foi relevante na comunidade online, quantas ferramentas e itens e você construiu, e assim por diante.

A junção destes elementos torna o game uma experiência inédita, com uma história digna dos cinemas, graças ao seu enredo maduro, personagens bem construídos e fotografia fantástica.

Como sempre, Hideo Kojima apresentou algo com uma pitada a mais que, deve ser experimentado não apenas pelos seus fãs, mas por todos os jogadores interessados em algo diferente, que querem sair da mesmice e explorar um mundo aberto te esperando para ser construído.

Prós

  • Excelente história
  • Personagens bem construídos
  • Gameplay progressivo, sempre apresentando algo novo
  • Gráficos realistas

Contras

  • Os veículos poderiam ser melhores
  • Higgs merecia um destaque maior
  • O modo normal não oferece muito desafio
  • Há momentos que podem ser cansativos para alguns jogadores

Nota: 8.0

Uma cópia de “Death Stranding” foi fornecida pela Sony para elaboração desta análise.

Gabriel Magalhães

Colaborador do GameHall, fundador do Forever Jogando e Analista de Marketing.

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