Análises

Never Alone

Há grandes chances de que seu conhecimento sobre a cultura dos nativos do Norte do Alasca não seja muito vasto, não é? Confesso que eu pouco sabia, isso até jogar “Never Alone“, que traz como tema os vários valores e costumes interessantes desse povo. E olha só, além de ganhar um aprendizado cultural, também me diverti jogando esse game de puzzles, que faz a sua “cachola” trabalhar com raciocínios lógicos de forma bem divertida e descontraída.

Lançado no final de 2014 para PC, Xbox One e PlayStation 4 (atualmente disponível gratuitamente para assinantes da PS Plus) foi desenvolvido pela novata Upper One Games em parceria com a comunidade Inupiat, povo que habita o inóspito e gelado Alasca desde tempos pré-históricos.

O jogador assume o comando de dois personagens distintos (também pode ser jogado cooperativamente com outra pessoa), a jovem Nuna e a sua companheira, uma raposa do Ártico, cada qual com sua habilidades. A mecânica do jogo consiste na troca de controle entre as duas personagens para poder progredir na aventura, resolvendo os quebra-cabeças, lembrando games como “Limbo“.

A raposa é mais ágil e seus pulos tem um alcance maior, além disso ela é capaz de interagir com os espíritos da natureza, que são essenciais para superar obstáculos. Já a garota Nuna tem como principal vantagem usar uma boleadeira, que serve para abrir caminhos ou acertar inimigos.

A história do jogo é baseada em folclores milenares dos Inupiat, que conta a história de um membro (na lenda um homem) de uma tribo que parte em uma jornada para solucionar uma forte nevasca que assola o seu povo. Outras referências, como a raposa branca, que é um símbolo de proteção e os espíritos materializados da “Silla“, uma força que envolve a vida e controla tudo que existe, tipo a Mana, também estão presentes.

Para ajudar a divulgar a vida e mitologia dos Inupiat há 24 vídeos com membros da comunidade, que contam vários aspectos e curiosidades desse povo em forma de mini-documentários, que são muito bacanas de se assistir. Por exemplo, eles acreditavam que as auroras boreais eram compostas por espíritos de crianças que morreram prematuramente, e que agora brincam nos céus – e sempre saia de capuz, senão elas arrancam a sua cabeça para jogar futebol (há uma fase no jogo com auroras que tentam agarrar a personagem).

No entanto, se a pegada cultural e educacional de “Never Alone” é o seu ponto forte, ele como jogo deixa a desejar. São apenas oito estágios que não oferecem grandes desafios e que podem ser terminados em poucas horas, sem extras que incentivem o jogador a revisitar o game. Suba plataformas, empurre caixas, abra caminhos, nada de excepcional ou desafiador. Os visuais são simples, mas muito bonitos e delicados, com um design artístico composto principalmente pela cor branca e sombras, beirando a um tom poético.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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