AnálisesGamesr7

Análise | Remake de Resident Evil 4 é a versão definitiva de um dos melhores jogos já feitos

Quando o assunto é jogo influente, Resident Evil 4 com certeza fica entre os maiorais da indústria de videogames. Diversos diretores de sucessos contemporâneos, como Neil Druckman, de The Last of Us, não escondem que o jogo de terror da Capcom está não só entre os seus favoritos, como também é influência direta em suas obras.

Por esse peso e também por ser visto como um patinho feito pelos fãs mais saudosistas da franquia, que preferem a trilogia original mais voltada para o terror, esse remake foi talvez o mais complicado desde que a distribuidora japonesa decidiu refazer Resident Evil 2. A boa notícia é que, mais uma vez, o resultado ficou incrível.

Ambientação sombria sem perder a essência

Com tantos relançamentos ao longo de várias gerações e plataformas, é quase impossível que um jogador mais dedicado não tenha experimentado esse capítulo de Resident Evil em algum momento. Se é o seu caso, a premissa é a seguinte: Leon, que foi protagonista em Resident Evil 2, passou por um treinamento pesado desde os eventos aterrorizantes em Raccoon City. Como agente americano, agora ele é escalado para uma missão também super complicada – resgatar a filha do presidente que sumiu em uma área rural da Espanha. Nesta jornada não há zumbis, mas sim um novo tipo de praga local garante inimigos que variam de fazendeiros ensandecidos e cultistas fanáticos, e até mesmo gigantes monstruosos. Coitado do Leon!

Embora a jornada seja idêntica em vários pontos, a ambientação é bem mais sombria e o poder e detalhamento da nova geração permitiu uma imersão maior que a versão original do jogo, mesmo comparando com o remaster mais recente. Vários momentos agora acontecem durante a noite e o uso da lanterna, iluminando o ambiente de forma precária, dá a tensão extra que garante alguns momentos de terror. Mesmo com essa mudança mais radical no visual, a essência foi mantida e as doses cavalares de ação são entregues ao jogador, minuto a minuto. Leon também continua cheio de momentos “protagonista de filme de ação dos anos 90”, com esquivas exageradas, frases de efeito e uma auto confiança digna de inveja. Quem curtiu o original, se sentirá rapidamente em casa.

O remake é quase 1:1, ou seja, mantém a estrutura e faz poucos cortes. E o melhor é que, na maior parte deles melhora o jogo. Não há mais momentos onde é preciso pressionar algum botão repetidas vezes para passar de um desafio bizarro, como correr de pedras ou estátuas. A ilha, última localização do jogo, está mais coesa e interessante, sem ficar maçante. A única derrapada, e aqui é uma crítica muito subjetiva, talvez fique em um ou outro chefe ou tratamento de personagem. Eu preferi a participação da Ada original, por exemplo, e também não gostei tanto da luta contra o Salazar – já que ficar girando em um cubículo enquanto atira não foi lá muito criativo.

Mesmo com a crítica a um ou outro personagem ou luta, é preciso ressaltar que a esmagadora maioria deles evoluíram bastante nesta versão. Bitores Mendez tem mais presença durante toda a parte do vilarejo, Ashley é infinitamente mais interessante e bem escrita que no original, e o Luis, então, ficou excelente. A história ainda é pura galhofa e não dá para ser levada muito a sério na maior parte do tempo, mas esse tratamento mais refinado dos personagens deixou o todo ainda mais divertido.

Jogabilidade refinada

Se Resident Evil 4 envelheceu bem, há quem diga que o Remake sequer era necessário, mas a nova versão cuidou de fazer melhorias e adições o suficiente para conquistar até mesmo os mais saudosistas.

A movimentação e tiro são os maiores destaques, claro. O original foi revolucionário como TPS e redefiniu quase tudo do gênero que veio a seguir, mas já há soluções mais modernas para várias decisões por limitações da época, implementadas aqui com muito sucesso. Atirar é responsivo, enquanto que explorar os cenários, com o mapa sem loadings, é recompensador. Até a Ashley ganhou mais inteligência e agora não é um fardo pesado como no passado, se movimentando bem e respondendo rápido aos comandos do jogador.

Há diversas novidades como abater inimigos sorrateiramente, aparar golpes com a faca, dentre outras. A maleta pode ser organizada com um botão e há até opções de customização para ela, garantindo alguns bônus.

O mercador é outro destaque. Continua icônico como o original, com frases de efeito e sua roupa clássica, mas traz diversas novidades, incluindo o mini-game de tiro ao alvo reformulado e missões secundárias para serem executadas em cada área.

Houve também um cuidado ímpar com o endgame. A forma como novas armas podem ser conseguidas e todo o conteúdo extra para ser liberado, sem contar as conquistas, garantem vários replays e atiçam o jogador a se desafiar. É natural acabar uma campanha e começar imediatamente de novo em busca de um tempo melhor ou bater um modo mais difícil.

Essas boas adições fazem até a falta do modo Separate Ways, que contava a visão da Ada dos acontecimentos, e do modo Mercenários, menos sentidas. Ambos devem chegar em breve, com Mercenários previsto para abril, e vão adicionar ainda mais conteúdo nesta experiência simplesmente imperdível.

Conclusão

O remake de Resident Evil 4 acerta em praticamente tudo e se torna a versão definitiva do clássico influente. A ambientação mais sombria deixa o jogo mais imersivo e aproveita bem os recursos da nova geração. Os personagens também obtiveram um tratamento mais refinado, a jogabilidade está excelente e o fator replay é altíssimo. Um outro errinho aqui ou ali passam praticamente despercebidos e não tiram o brilho da obra.

Prós

  • Ambientação faz bom uso dos locais escuros para dar mais tensão em diversas partes
  • Personagens, como a Ashley, receberam um tratamento muito mais refinado
  • Jogabilidade responsiva e cheia de possibilidades
  • Novidades adicionam muito sem comprometer a essência

Contras

  • Um ou outro personagem ou luta pode ficar abaixo do todo
  • RE Engine começa a mostrar sua idade

Nota: 9,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Capcom para a elaboração desta análise.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!