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Análise | Saints Row é reinício de altos e baixos para a franquia

Saints Row está começando uma nova jornada em um universo inédito e com personagens que jamais passaram pela série. É o tal do ‘reboot’, que chega para atualizar franquias para um novo público, como aconteceu também com Tomb Raider e Hitman, para citar exemplos mais recentes.

O resultado, no caso de Saints Row, é repleto de altos e baixos, havendo vários pecados cometidos justamente na campanha, o que deve dividir o público, principalmente os fãs veteranos da franquia.

Um novo começo

As mudanças de Saints Row estão concentradas principalmente nos seus personagens. Desta vez não acompanharemos Jhonny Gat e os demais membros da 3rd Saints. A missão agora é fundar a gangue do zero em um mundo totalmente novo: a cidade fictícia de Santo Ileso.

O início é bem explosivo, com tanques, aviões a jato, muita bala para todos os lados e um vilão caricato vestido de cowboy do velho oeste. Esse lado lembra bastante a vibe de filme de ação galhofa que Saints sempre teve, que perdura por boa parte das melhores missões do jogo. Mesmo assim, há algumas mudanças já neste ponto, uma vez que a ação é, acredite se quiser, um pouco mais pé no chão, sem armas que disparam abelhas ou dildos sendo usados como martelo.

Os quatro fundadores dos novos Saints são bem jovens e enfrentam dilemas que são tema de redes sociais. Nosso personagem inicialmente é um mercenário que precisa pagar sua dívida escolar, talvez a maior reclamação da juventude norte americana na atualidade, enquanto os outros três – Neenah, Eli e Kevin – são membros de gangues da cidade em busca de conseguir recursos e oportunidades de realizar os seus sonhos. O pano de fundo pode parecer mais complexo do que deveria, mas tudo isso é tratado de forma bem leve, sem se levar muito a sério e apostando nas piadas.

Após notarem que podem unir seus talentos para criar uma gangue própria, irão fundar os icônicos Saints, aqui ainda uma gangue de fundo de quintal, ou fundo de igreja, um local abandonado onde iniciam suas atividades. Essa caminhada é o foco das 25 missões, algumas delas opcionais, na curta campanha do jogo.

A duração definitivamente não ajuda na construção e desenvolvimento dos personagens, que não parecem de forma alguma criminosos legais e tem dilemas bem bobinhos. As piadas são sem graça na maior parte das vezes, deixando os diálogos com aquela aura de vergonha alheia. Por conta disso, a campanha sofre e acaba sendo no máximo medíocre.

As missões principais vivem de bons e maus momentos, afetadas pela repetição. Naquelas mais legais há situações épicas de ação, com bom uso do cenário para criar algumas situações divertidas, como assaltar um trem em movimento ou invadir um forte fictício brincando de faz de conta. No entanto, a grande maioria foca apenas em dirigir até um local e combater ondas de inimigos que não possuem variação o suficiente para continuar renovando a experiência. O combate nem de longe é ruim, na verdade a jogabilidade é boa, mas o samba de uma nota só aqui merecia mais variação.

Customização incrível

Se por um lado a campanha não entrega como deveria, por outro o mundo aberto é bem divertido. As ruas povoadas e o design dos bairros como um todo dão um aspecto bem vivo para Santo Ileso, sendo um lugar legal de explorar. A cidade foi construída no deserto e lembra um pouco Las Vegas. O visual é maneiro, embora por vezes pareça um pouco datado dependendo do seu foco. É bem verdade que boa parte das atividades disponíveis aqui são voltadas para o combate também, mas o lado de gerenciamento da gangue ajuda bastante a dar uma variada.

Em um mapa na sede dos Saints, você pode escolher como vai ser investido o dinheiro conseguido. É possível comprar empreendimentos por toda a cidade, cada um deles com um mini game que ajuda a impulsionar o negócio. Roubar carros específicos, guinchar veículos, limpar cenas de crime, dirigir caminhões com material tóxico e várias outras atividades são oferecidas para alavancar esses investimentos.

As recompensas são sempre interessantes, podendo ser armas, roupas e objetos que servem para customizar a base. Aliás, a customização de tudo é um dos pontos mais altos do jogo. Do seu personagem, que pode ser modificado nos mínimos detalhes, passando pelos veículos, armas e base, tudo é repleto de opções, que vão se abrindo aos montes à medida em que o dinheiro vai entrando, dando a impressão de que você está construindo um verdadeiro império do crime. E ainda há a parte “Ubigame” do jogo, com pontinhos para completar nos diversos distritos da cidade, que incluem tirar fotografias, fazer algumas corridas ou executar procurados da polícia a troco de grana. 

Conclusão

Saints Row tem altos e baixos e deve dividir a base de fãs que construiu ao longo do tempo. A campanha e os personagens não engatam como deveriam e as missões acabam ficando repetitivas com o tempo. Por outro lado, o aspecto “sandbox” do jogo diverte e a customização prende o suficiente para voltar várias vezes em busca de novos itens para personalizar os seus Saints.

Prós

  • Jogabilidade divertida, com boa variação de habilidades
  • Santo Ileso é uma cidade legal e com algumas atividades interessantes
  • Customização cheia de camadas e detalhes, com muito conteúdo

Contras

  • Personagens não convencem e dilemas são bobos
  • Humor que raramente consegue arrancar um sorriso
  • Missões principais se tornam repetitivas e apostam sempre no combate
  • Campanha rasa e muito curta

Nota: 7,0/10,0

Uma cópia do jogo para PC (Epic Games Store) foi fornecida pela Deep Silver para a elaboração desta análise.

 

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