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Análise | Scorn traz boa atmosfera e gráficos convincentes, mas deixa a desejar no resto

Desde a revelação inicial de Scorn há 8 anos eu fiquei bastante intrigado com o game, já que além de ser um jogo de terror, também seria inspirado artisticamente pelos trabalhos de H. R Giger, que fez parte da equipe responsável pelos efeitos especiais de Alien: O Oitavo Passageiro (1979), e Zdzisław Beksiński, um artista conhecido pelas suas obras de surrealismo distópico.

Agora finalmente com o jogo em mãos e devidamente zerado, devo dizer que embora ele consiga entregar uma boa ambientação e cenários cuidadosamente bem produzidos graficamente, todo o restante deixa a desejar.

Desenvolvido na Unreal Engine 4, é possível notar que a equipe da Ebb Software teve muito cuidado e capricho na hora de criar a parte artística, tendo obtido um claro sucesso nisso. Os cenários são satisfatoriamente grotescos e exclamam H. R. Giger, sendo impossível não lembrar do trabalho dele em Alien durante quase toda a experiência. Os monstros, apesar de carecerem de variação, também contam com designs bizarros.

O único problema nesse aspecto, ao meu ver, é que em momento algum eu me senti com o estômago revirado ou com medo de alguma coisa que estaria por vir. Por ser um jogo de terror, faltou alguma coisa que servisse para assustar o jogador ou deixá-lo perturbado. Há apenas foco na sanguinolência, que deve causar algum espanto em jogadores que se impressionam mais facilmente com que esse tipo de coisa, mas nada além disso.

Outro aspecto positivo do jogo é que, embora ele tenha sido feito na Unreal Engine 4, que costuma dar problemas no PC devido à forma como ela carrega os materiais, a otimização foi tão bem feita aqui que os problemas costumeiros deste motor gráfico mal me incomodaram durante as minhas quase seis horas de jogo. Houve sim uma engasgada aqui e ali, mas nada grave como, por exemplo, o que presenciei em Ghostwire: Tokyo, que me incomodou ao ponto de abandonar a versão PC e jogar no videogame.

Scorn é tão incrivelmente bem otimizado, que consegui jogar com tranquilidade na minha GeForce RTX 3070 em 4K e 100 fps+, com todas as opções gráficas no máximo e usando FSR no modo Qualidade.

Falando agora dos aspectos negativos, o primeiro deles são os quebra-cabeças, que é o principal foco da jogabilidade. Apesar de fáceis de serem resolvidos depois que você entende o que precisa ser feito, a maneira na qual eles foram concebidos quebra e muito o ritmo de jogo, minando um pouco a experiência como um todo.

Nos combates, a situação fica ainda pior. Você passa boa parte do jogo apenas com uma arma de curto alcance, que é péssima nos confrontos e mais frustra do que qualquer coisa. Quando estiver quase chegando na metade do game, finalmente encontrará uma arma de fogo. Todas as armas com disparos (são poucas) demoram muito para serem recarregadas e, se você não se precaver, poderá ficar sem munição. Em certas situações, isso pode ser fatal, lhe obrigando até mesmo a recomeçar o Ato em que se encontra para se planejar melhor.

Outro aspecto que me deixou inconformado é a maneira como o jogo cria os salvamentos automáticos. Você não tem como acessá-los manualmente, sendo obrigado a dar “continue” e torcer para que o último destes salvamentos não tenha ocorrido muito tempo antes de você morrer. Me vi diversas vezes tendo que fazer uma mesma tarefa por causa disso. Também não existe a possibilidade de salvar manualmente.

Eu até entendo a ideia da desenvolvedora por trás disso. Deixaram dessa forma para que o jogador tenha mais cuidado ao explorar as fases, mas isso não foi bem aplicado aqui, pois mesmo agindo desta forma, há horas em que você acaba morrendo e se vê tendo de refazer alguns passos que já havia feito antes simplesmente porque o game não tem um número mais adequado de salvamentos automáticos e também não lhe permite salvar por conta própria.

Sobre a história, ela é do tipo que provavelmente a maioria dos jogadores se verá tentando entendê-la, sem sucesso, mesmo após zerar o jogo. Não é lhe dito absolutamente nada sobre qual é seu objetivo, seja diretamente ou indiretamente, cabendo a você apenas se encontrar com base naquilo que está ao seu redor e o que acontece com você.

Conclusão

Scorn traz uma atmosfera auspiciosa e cenários cuidadosamente bem concebidos no ponto de vista artístico, mas seu ritmo lento, quebra-cabeças entediantes, horror que não assusta e combate medíocre acabam minando aquela que poderia ser uma ótima experiência. Suas quase seis horas de duração se arrastam e parecem durar uma eternidade. O resultado final foi decepcionante, especialmente para um jogo que ficou em desenvolvimento por tantos anos.

Prós

+ Atmosfera foi bem trabalhada
+ Parte artística chama muito a atenção

Contras

– Quebra-cabeças maçantes
– Jogabilidade nos combates é irritante
– Ritmo de jogo é muito lento
– Péssimo sistema de salvamento automático

Nota 6,0/10,0

Uma cópia do jogo para PC foi fornecida pela Kepler Interactive para a elaboração desta análise

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