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Análise | Star Wars: Squadrons tem jogabilidade divertida, mas peca pela falta de conteúdo

Sendo fã de carteirinha dos clássicos X-Wing e Tie Fighter, lançados para PC nos anos 90, fiquei animado com o anúncio de Star Wars: Squadrons, com a promessa de que iria nos entregar uma experiência similar a destes dois jogos, mas ao mesmo tempo atual.

A responsabilidade ficou com a EA Motive, fundada há poucos anos e que até então só havia trabalhado em Star Wars: Battlefront II em conjunto com a DICE e a Criterion Games, duas produtoras já consagradas. Squadrons é o primeiro jogo no qual o estúdio conseguiu mostrar a que veio e o resultado disso você confere a seguir.

Império Galáctico vs. Nova República

A história de Squadrons se situa majoritariamente algum tempo após os acontecimentos do filme “O Retorno de Jedi”. O Império está tentando sobreviver à perda de seus líderes – Imperador Palpatine e Darth Vader – enquanto que a Aliança Rebelde se organiza, fica mais forte e começa a se estabelecer como a Nova República.

Você tem a oportunidade de observar os dois lados da moeda, jogando como um piloto no esquadrão Vanguarda na Nova República e como outro piloto no esquadrão Titã à serviço do Império, obtendo cada um deles em um modo de criação bastante limitado, que te oferece apenas dez opções de visuais de pilotos em cada facção.

Ao invés de você jogar primeiramente as missões de apenas uma facção e depois as da outra como é de costume nesse tipo de abordagem, em Squadrons as missões entre ambas facções vão se alternando do começo ao fim da campanha. Cada missão lhe é introduzida em uma sala de briefing. Antes e depois disso, você pode conversar com alguns dos personagens para conhecê-los um pouco melhor. Nada muito complexo, sendo apenas diálogos vazios onde você não tem nenhuma opção de interação.

Os objetivos das missões envolvem essencialmente atacar, defender ou investigar um ou mais alvos determinados. No geral, são divertidas de se jogar e lhe deixarão bem preparado para o modo multiplayer, sobre o qual falarei mais adiante.

A história em si alguns pontos altos, mas não é nada de especial. Os personagens são incrivelmente genéricos, nada memoráveis e provavelmente você esquecerá os nomes deles pouco tempo após terminar a campanha para um jogador, que dura aproximadamente 8 horas.

Jogabilidade quase perfeita

O ponto que mais me preocupava em Squadrons era este: a jogabilidade. Felizmente ela é ótima, lembrando muito aquela presente em Tie Fighter e X-Wing. Durante as batalhas, você pode modificar certos aspectos da nave em tempo real, como a força nos propulsores, escudos e lasers, de acordo com o que pedir cada situação. Os painéis da nave são importantíssimos pois lhe permitem visualizar os dados das naves adversárias, aliadas e também o status da sua própria nave. Dá também para ordenar comandos para seus companheiros, se você assim desejar. Quanto mais rápido você se acostumar com tudo isso, mais eficaz será contra os inimigos.

Há a opção de customizar as naves no Hangar antes das missões, trocando o tipo de laser, os mísseis, os motores, a fuselagem e os acessórios. Existem quatro modelos de nave para cada facção: Caça Tie, Bombardeiro Tie, Interceptador Tie e Ceifador Tie para o Império, e X-Wing, Y-Wing, A-Wing e U-Wing para a Nova República. No caso das naves imperiais, elas são mais focadas em causar dano, enquanto que as naves da República possuem escudo de energia e por causa disso tem mais resistência.

Durante a campanha, você não tem acesso a todas as naves de imediato. Na verdade, apenas em algumas missões essa opção existe, enquanto que na maioria delas você ficará restrito a utilizar a nave que o jogo escolher para você.

O ponto fraco da jogabilidade e que me incomodou um pouco, existente apenas na versão para PC, é que apesar do jogo ser apenas em primeira pessoa, é incrivelmente difícil mirar usando o mouse, não importando o DPI dele ou a configuração de sensibilidade no game. Entretanto, se você utilizar um controle de PS4 ou de Xbox One, conseguirá mirar sem nenhuma dificuldade, dando a entender que faltou atenção por parte da EA Motive na hora de adaptar a jogabilidade do game ao mouse e teclado.

Multiplayer é bom, mas poderia ser melhor

Após você terminar a campanha, não existem maiores motivos para continuar jogando ela, a não ser que você esteja com vontade de terminá-la novamente em um nível mais difícil ou queira obter todas as medalhas que as missões dela oferecem. Então, depois disso, chega a hora de conhecer o multiplayer.

Existem apenas dois modos online: Batalha Aérea entre duas equipes de cinco jogadores cada, e Batalha de Frotas, onde duas equipes precisam se enfrentar até que uma consiga destruir as naves principais da outra.

O primeiro modo é sem sombra de dúvidas o mais divertido, sendo rápido e direto, sem rodeios, de fácil acesso para qualquer jogador. Você pega sua nave, customiza ela, procura uma partida, acha uma equipe e espera o jogo começar. A equipe que matar mais oponentes, ganha.

O outro modo é um pouco mais complexo e fica melhor se você puder interagir com os outros jogadores da sua equipe para bolar uma estratégia, já que destruir nas naves mães dos oponentes não é uma tarefa das mais fáceis. Você pode praticar contra a IA para treinar, mas aí seu ranking online não será afetado caso tenha sucesso.

Ao término de uma partida, você ganha experiência pelo que fez nela, que aumentam o nível do seu piloto e lhe dão Requisição e Glória, que podem ser trocados por novas armas e equipamentos para suas naves, assim como novos itens cosméticos para as naves e os pilotos. Não existem microtransações, sendo tudo obtido apenas jogando.

O ruim do multiplayer é que ele é um tanto limitado com apenas dois modos, o que pode acabar fazendo os jogadores enjoarem de jogar após algum tempo. Eu sinceramente espero que mais conteúdo voltado para isso seja adicionado no futuro por meio de atualizações.

Visuais que dão pro gasto

Graficamente Squadrons não chega a ser tão impressionante quanto Star Wars: Battlefront II ou Star Wars: Jedi Fallen Order, mas os visuais são bonitos e dão conta do recado. Apesar de haver falta de capricho nos cenários, as naves em si são muito bem detalhadas, assim como os efeitos envolvendo explosões e destruição delas.

A simplicidade no gráfico permite que o jogo seja bastante leve. Com um muito bem-vindo suporte para Ultrawide, rodei sem nenhuma dificuldade em 2560×1080 na minha GeForce RTX 2070 Super sempre mantendo 60 quadros por segundo cravados, com gráficos no Ultra e HDR ativado.

Problemas técnicos graves

Além do já mencionado defeito na jogabilidade caso você pretenda jogar com o mouse, há outros problemas graves em Squadrons no PC que precisam ser mencionados e consertados o quanto antes, pois estragam muito a experiência do jogo e afetam principalmente os jogadores que possuem computadores mais rápidos ou que desejam jogar usando a Realidade Virtual.

Por alguma razão, Squadrons roda pior se você decide jogá-lo em mais de 60 fps. Quanto maior a taxa de quadros por segundo, pior fica, acredite se quiser. O motivo disso é que o fps elevado causa uma quantidade enorme de dessincronização na tela, passando a impressão de que o jogo está rodando mais lento. Isso afeta negativamente ao ponto de deixar Squadrons injogável, obrigando você a manter a taxa de atualização do seu monitor ou TV em 60hz e travar o V-Sync para não esbarrar com esse problema.

Só que aí surge outro empecilho. Para jogar na Realidade Virtual, você precisa de mais de 60 fps, senão a experiência fica horrível. E isso vale para qualquer jogo. Então limitar a taxa de quadros acaba deixando impraticável experimentar Squadrons no PC usando esse recurso, algo que certamente deixará furiosos os jogadores que o comprarem apenas para isso.

Os problemas sérios não param por aí. No modo multiplayer, por alguma razão, o V-Sync não funciona, e como a taxa de quadros alta atrapalha a jogabilidade por causa do problema citado mais acima, você não consegue jogar direito. Você acaba se vendo obrigado a ativar manualmente no driver da placa de vídeo o V-Sync ou então limitar o fps para 60 por meio de programas como MSI Afterburner, para somente assim conseguir aproveitar o multiplayer.

Vale ressaltar que estes problemas afetam apenas a versão para PC. Não tenho como dizer pessoalmente como o jogo está no PS4 ou Xbox One, já que não tive acesso a estas versões.

Conclusão

Star Wars: Squadrons é um jogo divertido e que lembra muito os clássicos X-Wing e Tie Fighter, mas que em sua versão para PC é afetado negativamente por alguns problemas os quais espero que sejam resolvidos o quanto antes. A campanha, apesar de possuir uma história sem sal, mostra muito bem os aspectos da jogabilidade e lhe deixará entretido durante suas cerca de 8 horas de duração. O multiplayer, que no momento possui somente dois modos, também embora seja limitado, tendo potencial para se tornar algo mais robusto no futuro.

Prós:

  • Jogabilidade é ótima, se você usar um controle de PS4 ou Xbox One
  • Jogo é muito leve e você conseguirá alcançar 60 fps no PC sem muita dificuldade
  • Textos e interface bem traduzidos para o português
  • Modo Batalha Aérea é simples, mas divertido
  • Nenhuma microtransação

Contras:

  • Alguns problemas técnicos graves no PC e que precisam ser consertados o quanto antes
  • Embora seja em primeira pessoa, jogar com o mouse é horrível
  • Apenas dois modos no multiplayer
  • Criador de pilotos extremamente limitado
  • História com narrativa fraca e personagens pra lá de genéricos

Nota: 7.5

Uma cópia do jogo para PC (Origin) foi fornecida pela Electronic Arts para elaboração desta análise.

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