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Crítica – Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Tobey Maguire conquistou os fãs do Homem-Aranha com a sua trilogia dirigida por Sam Raimi no começo dos anos 2000. Em um passado não tão distante, Andrew Garfield tentou repetir a façanha, mas por vários motivos não conseguiu ser bem-sucedido.

Quando tudo parecia perdido para o popular herói aracnídeo, eis que em 2015 Sony e Marvel anunciam uma inusitada parceria para a realização do sonho de muita gente: o Homem-Aranha seria introduzido no Universo Cinematográfico da Marvel, interagindo com outros heróis como Homem de Ferro e Capitão América – tudo que os fãs sempre quiseram ver!

E no ano seguinte já tivemos uma amostra desse feliz parceria no grandioso “Capitão América: Guerra Civil“, marcando não só a estreia do herói nos filmes da Marvel, como também a do ator Tom Holland como o novo Peter Parker/Aranha.

Já de cara Holland possui uma grande vantagem em relação aos seus antecessores: ele tem cara de um jovem colegial (Peter tem 15 anos neste filme), aos seus 20 anos de idade – Maguire tinha 27 e Garfield 29 quando interpretaram o herói pela primeira vez!

Quer outro ponto positivo? Holland é um dançarino e acrobata (foi praticante de ginástica olímpica quando pequeno), habilidades que o tornam perfeito para interpretar o herói sem a necessidade de dublês, cabos, efeitos especiais ou outros recursos utilizados pelos seus antecessores, mesmo nas mais simples piruetas.

Um dos maiores medos dos fãs era se a Marvel/Sony conseguiriam fazer algo diferente das duas versões anteriores, e eu posso garantir a vocês: “De Voltar ao Lar” é totalmente diferente das versões de Maguire/Garfield, com uma pegada e atmosfera bem distintas  – mas temos uma homenagem/piada de uma cena clássica do primeiro filme com Tobey Maguire.

O diretor, praticamente desconhecido, Jon Watts foi feliz em se concentrar na vida colegial de Peter Parker (ao invés da passagem entre a adolescência e a vida adulta dos outros filmes), que começa de maneira bem descontraída, leve e adorável que nos lembra clássicos juvenis dos anos 80 como “Curtindo a Vida Adoidado” (que recebe uma singela homenagem), “De Volta Para o Futuro”, “Clube dos 5”, “Mulher Nota 1000”, entre outros.

Os problemas de Holland são os típicos de um adolescente: participar de festas, o desabrochar da vida amorosa, a busca por popularidade, trabalhos e provas da escola e claro, todo aquele sentimento de “looser”, de adolescente “nerd estranho”, que acompanha o personagem desde a sua criação lá nos anos 60, e que estão presentes aqui.

O Homem-Aranha sempre foi o mais “humano” de todos os heróis da Marvel (ou mesmo de outras editoras), e esse sempre foi o seu apelo, ao se identificar com as pessoas “normais” e que garantiu seu sucesso nos quadrinhos, agora fielmente retratado nas telas dos cinemas.

Além de Holland, a escolha do elenco (extremamente diversificado) de apoio bem mais jovem também reflete nessa atmosfera juvenil mais colorida do filme, seja no vestuário, nos diálogos, na visão do mundo, que na verdade são meramente uma adaptação aos anos modernos das primeiras histórias do Aranha nas HQs. E esse certamente é o maior mérito desta produção.

Mas a aventura não é só de Peter Parker, seu alter ego também está muito bem representado como um sólido filme de super-herói do Universo Cinematográfico Marvel, muito bem equilibrado entre cenas de escola-ação-drama-humor. Temos um Aranha divertido, contador de piadas, que ainda está aprendendo a lidar com suas habilidades e ter que enfrentar o peso de suas escolhas e responsabilidades.

A presença de Tony Stark/Homem de Ferro não é gratuita e se encaixa bem na narrativa, com Peter buscando desesperadamente a aprovação do veterano herói. A jovial tia May de Marisa Tomei também dá um novo ar para essa importante personagem coadjuvante na vida de Peter.

Por fim vale destacar também a trama construída para o vilão AdrianToomes/Abutre, que ganha vida com a bela interpretação de Michael Keaton, totalmente diferente daquela mostrada nas HQs, mas resultando em um antagonista poderoso (diferente de um certo Ares) – com um gancho acertado para o primeiro filme dos Vingadores (2012).

E ae, vale a pena?

Homem-Aranha: De Volta ao Lar” não tem a ambição de trazer uma produção grandiosa e épica sobre o escalador de paredes, pelo contrário, ela é totalmente despretensiosa e espirituosa, com a missão de trazer uma aventura de super-herói leve e alegremente divertida. Um dos melhores filmes do Universo Cinematográfico Marvel que vai agradar em cheio aos fãs ou mesmo aqueles que não acompanham filmes de heróis. Mais do que recomendado!

PS: O filme tem duas cenas pós-créditos!

 

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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