Se você assiste a filmes de assalto a bancos, como os excelentes “O Plano Perfeito” e “Onze Homens e Um Segredo“, e fica extasiado pelas histórias intrincadas, os planos complexos (que nem sempre saem como deveriam), a tensão com os reféns, a troca de balas com a polícia e ainda fica torcendo pelo bandido, agora é possível realizar o seu sonho de viver essa “vida bandida”, ao menos virtualmente, com “Payday 2″, um FPS que mantém a fórmula do seu predecessor, mas ampliando seus horizontes e deixando a experiência em trabalho de equipe ainda mais divertida e desafiadora.
Piadinhas com o nome do jogo à parte, o jogador faz parte de uma gangue de assaltantes com a missão de encher os bolsos de grana roubando bancos, joalherias, shoppings e outras “fontes de renda” disponíveis. Mas não pense que o negócio aqui é chegar no banco atirando em todo mundo e simplesmente sair pela porta da frente numa boa. A coisa toda é, na teoria, planejada, e se você conseguir bons parceiros, dá até pra realizar um assalto perfeito, ou seja, entrar no local, permanecer oculto, fazer a limpeza e vazar antes da polícia chegar, sem disparar um único tiro. Mas chegar a esse nível de sintonia é extremamente desafiador.
Além de você, outros três parceiros ajudam na bandidagem, que podem ser controlados pela IA, ou por outras pessoas através do multiplayer online. Jogar a campanha solo é muito mais fácil e tranquilo, porém perde-se toda a diversão com a qual o game foi planejado. A IA dos seus companheiros é medíocre, e não espere planos mais sutis como uma invasão silenciosa ou esconder-se de inimigos. O jogo foi planejado para se jogar online, e realmente é onde a diversão reside. A opção ideal é jogar com três amigos e todos usarem microfones para manter contato direto de suas ações e para criar ou mudar planos. Ao pegar parceiros aleatórios, especialmente gringos, tudo pode acontecer, e pode gerar alguns estresses, mas ainda assim a diversão rola solta.
O próprio jogo incentiva o trabalho cooperativo, com bônus para quem ajuda os colegas caídos e que ajudam na segurança dos outros, certificando-se que todos vão sair vivos da missão. Se você faz o estilo lobo solitário de se preocupar apenas com a própria segurança, ou o estilo “Rambo”, de sair atirando em todo mundo, provavelmente não vai fazer muitos amigos online.
Além das ações dos parceiros, há muitas outras variantes que podem estragar aquele plano perfeito, como uma ação suspeita que desperta atenção de seguranças ou câmeras, o dinheiro que você espera encontrar não está lá, os reféns podem aparecer do nada no meio do tiroteio (matar civis aciona a polícia mais rapidamente, além de gerar perda de dinheiro), o dispositivo para abrir cofres pode falhar, um policial pode virar a esquina quando você não está esperando, entre outras coisas. E é todas essas possibilidades, que podem ou não acontecer, que tornam o game excitante e com situações EXTREMAMENTE tensas.
São diversas missões com diferentes níveis de dificuldade, que afetam o quão lucrativo vai ser o “trabalho”. Alguns são realizados em poucos minutos, mas outros podem se estender por vários dias, como transporte de drogas, roubar um museu, preparar metanfetaminas, roubar senadores, etc. Algo bacana é que certos detalhes das missões são aleatórios, então se você acha que decorou todo o mapa, pode ter uma surpresa. Câmeras e seguranças, por exemplo, podem não estar sempre no mesmo lugar, assim como portas trancadas, posição de cofres e até os pontos de fuga podem variar. Lembre-se, arrogância prega peças, então seja sempre cauteloso.
Quando o alarme soa, em poucos momentos os policiais chegam, mas ainda assim é possível gerenciar a situação, como usar civis como reféns para atrasar o tiroteio, mover a grana para um lugar mais seguro, fechar portas e janelas também pode ajudar, especialmente em lojas pequenas. Os policiais chegam em massa, e você deve resistir enquanto o arrombamento e “limpeza” está sendo realizado, ou aguardar até chegar o carro (ou helicóptero) de fuga. Mas se demorar muito, não importa o quão habilidoso você seja em tiroteios, inevitavelmente você será superado pela polícia e pela Swat, que chega momentos depois e com artilharia e defesa mais pesadas.
A medida em que o jogo vai avançando, é possível subir seu bandido de nível e aprimorar suas habilidades (ou comprar outras totalmente novas), armas (podem ser modificadas com mira laser, silenciadores, etc), acessórios e até máscaras, e quem sabe até, você pode se tornar um ladrão lendário. As missões ficam mais difíceis e maiores, e de um simples ladrão pé-de-chinelo, você pode se transformar em um especialista em arrombamentos, ou ganhar habilidades para manuseio de armas de fogo, ou a mais interessante de todas, ir para a modalidade stealth, ou seja, deve se infiltrar maneira furtiva e inteligente, passando desapercebido por guardas e desativando mecanismos de segurança. Essa variedade de classes (pode-se ter mais de uma) permite uma maior personalização aos jogadores e criam partidas mais dinâmicas. O montante de dinheiro também aumenta, e pode ocorrer de haver mais grana do que você pode carregar. Se ficar muito ganancioso e tentar obter um “pagamento mais gordo”, corre um maior risco de ser pego pela polícia, além de gerar atritos com os membros da equipe que querem fugir logo.
O jogo apresenta alguns bugs, como muros invisíveis, policiais e civis agindo de moda estranha, objetos que atravessam paredes, entre outras bizarrices, que não chegam a atrapalhar a jogabilidade, mas estão lá. Os gráficos não são nenhum primor da última geração, mas cumprem bem o seu papel. A trilha sonora eletrônica é envolvente e praticamente narra cada momento do jogo, alternando situações tensas com outras que exigem mais calma, deixando a adrenalina a mil.