Análises

The Guided Fate Paradox

O JRPGRPG japonês tradicional – é um gênero que fazia bastante sucesso antigamente, tendo como maiores expoentes representativos a série “Dragon Quest“, “Final Fantasy” (os jogos mais antigos) e “Chrono“. O estilo era principalmente definido pelo seu visual estilizado de mangá/anime, com tramas envolventes e batalhas por turnos. Mas com a globalização e o domínio do mercado de game pelo ocidente, esse gênero caiu no ostracismo aos poucos, e hoje nem chega perto do status que tinha antigamente.

Mas ainda temos alguns JRPGs sendo lançados (como “Ni no Kuni”), e a companhia NIS America certamente é a principal representante por trazer este gênero ao mercado ocidental – coisa que muitas outras empresas não têm coragem de fazer, preferindo restringir os jogos tradicionais japoneses no oriente. E “The Guided Fate Paradox” é o mais recente título trazido pela NIS America, exclusivamente para PS3, para os fãs de games com influências orientais.

Produzido pela Nippon Ichi e pelo mesmo time que desenvolveu a série de sucesso “Disgaea“, TGFP não é um RPG de turnos tático como o seu irmão mais velho, mas um RPG de ação com alguns elementos de turnos, que pode agradar aos fãs mais fervorosos do gênero, mas pode decepcionar você que procura um game diferente para se distrair. Confira em nossa análise abaixo o que achamos de TGFP.

Brincando de Deus

A história é centrada em Renya, um jovem estudante de 17 anos, totalmente comum e sem graça, um total azarado que nunca conseguiu ganhar nada na vida. Mas isso muda quando ele ganha um prêmio numa loteria para se tornar simplesmente Deus. Você então é levado para o paraíso para aprender seus novos deveres divinos, o que inclui batalhas com lindas sereias e flertar com belas anjinhas. É como assistir “O Todo Poderosomade in Japão.

E falando em anjos, você terá uma assistente que irá ajudá-lo em suas tarefas. Mas não espere a tradicional versão com enormes asas brancas e auréolas – apesar delas existirem no game – mas sim uma espécie de anjas com cosplay de empregada ao estilo japonês. Ah sim, elas possuem sobrenomes japoneses, e os anjos masculinos aqui são parecidos com belíssimos garçons. Bastante confuso não? Mas tudo bem, até o próprio protagonista fica perdido sem saber o que fazer em toda essa situação, e temos até alguns momentos engraçados, como quando ele conhece outras anjas e numa delas, ao ver os seus “enormes atributos“, pensa: “uau, veja o tamanho daqueles peitos, com certeza ela é um anjo!”.

Após cerca de uma longa e enfadonha hora com diálogos e explicaçõeso começo do jogo é muito chato – é explicada a missão principal: entrar numa máquina de seleção de preces para conceder desejos aos mortais – e inclusive personagens de contos de fada. O jogador é levado para um mundo paralelo onde terá que enfrentar monstros que podem alterar o destino da história ou de personagens como a Cinderellaque deseja ter a sua história original alterada. E são essas narrativas que são o ponto alto do game, pois queremos saber o que vai acontecer com os personagens envolvidos (tem até zumbi chorão querendo ser mais confiante), o que acabam sendo mais interessantes do que o próprio protagonista.

A jogabilidade é uma mistura de RPGs de turno e ação, que nem sempre funciona bem. Os comandos são meio complexos e pouco funcionais, mesmo para fazer coisas simples como agarrar um objeto ou inimigo e jogá-lo para outro lado. Os combates não oferecem desafios ou estratégias e acabam se tornando enfadonhos com o passar do tempo. De vez em quando surge um chefão que pode oferecer um desafio mais complexo, mas no geral o game se resume a ir do ponto A ao B, com alguns combates chatos pelo caminho. Entretanto, há situações que a “coisa fica preta” repentinamente, em que seu personagem é rodeado por uma enchente de inimigos e pode acabar morrendo, e se isso acontecer você perde boa parte dos equipamentos e extras ganhos, o que é bastante frustante e injusto.

Apesar de ser Deus, seu personagem pode ter atributos evoluídos, além de ser possível equipar equipamentos e armas divinas, ganhando novos ataques, magias e habilidades especiais – assim como nos RPGs tradicionais. O interessante aqui é que, ao começar uma nova área, você volta ao nível 1 e perde tudo aquilo que ganhou antes. Mas calma, não se desespere, você tem um status base, que vai evoluindo quando se ganha experiência, então seu personagem estará aos poucos ficando mais forte. Junto do protagonista, teremos sempre um companheiro angelical que age independentemente contra os monstros dos cenários (mas é possível direcionar suas IA de ações de combate e explorações). Cada anjo possui habilidades diferentes que influenciam na jogabilidade, ataques, defesa, magias, etc, e nas batalhas contra os chefões eles ficam de fora, auxiliando apenas com comentários.

Visualmente, TGFP oferece personagens com design charmosos (que mudam conforme os itens equipados) ao estilo anime, com sprites bem grandes, coloridos e detalhados na tela, além de algumas cenas animadas e artes desenhadas das personagens. Mas é tudo num nível bastante básico, nada que vá impressionar, mesmo porque os jogos da série “Disgaea” são mais bem trabalhados nesse aspecto. Mas o game se destaca pela trilha sonora, com “temas divinos” orquestrados bastante intensos e empolgantes. As músicas de metal orquestradas (algumas cantadas) são simplesmente fantásticas, é como ouvir uma música do Nightwish, ou outra boa banda de metal finlandesa, tocando ao fundo. As dublagens em inglês estão excelentes, bem engraçadinhas e combinando com os personagens, mas caso deseje as originais em japonês, que são ainda melhores, também estão disponíveis.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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