Análises

Dragon: The Bruce Lee History

Baseado no bom filme de mesmo nome, em que acompanhamos os fatos mais importantes ocorridos na vida do maior dos mestres das artes marciais, Dragon: The History of Bruce Lee é mais um game amaldiçoado pela aparente inevitável incompetência de ser fazer um bom game baseado em um filme.

No game, controlando o lendário Bruce Lee, combatemos os mesmos inimigos que vimos Bruce confrontar no filme, além de algumas batalhas extras e sem sentido. Antes de cada batalha, temos pequenas cut-scenes para ambientalizar o jogador acerca da luta que se segue. Obviamente, tais cut-scenes acompanham os eventos ocorridos no filme. Nada demais até aqui, afinal de contas se o game é baseado no filme, tudo nesse parágrafo dito é mais do que obrigação, e corriqueiro.

Os problemas começam quando a primeira cut-scene termina e a primeira luta começa. Melhor dizendo, os problemas começam sim nas cut-scenes, pois são de um teor artístico extremamente duvidoso, mas relevemos isso e continuemos.

Assim como no filme, o primeiro oponente é um marinheiro, em que Bruce caça encrenca em uma festa por conta de uma garota. Logo de cara vemos que o inimigo não segue o visual de sua contraparte cinematográfica, o que não tem nenhum sentido. Isso se nota até o fim do game, seja na luta na academia de musculação, já com Bruce na América, seja na batalha em que o seu inimigo o deixa paralitico de maneira covarde ou em qualquer outra batalha. Nem mesmo o próprio Bruce “game” segue o Bruce “filme”, tendo ele sempre a mesma vestimenta clássica o game inteiro, ou seja, calça preta, sem camisa e de sapatos pretos. A única exceção é o demônio que persegue Bruce ao longo de sua vida que teve seu layout fielmente retratado no game. Bom, mas isso seria completamente passável se o game fosse bom, mas veja bem o tempo verbal aqui usado…

A luta começa e logo se nota o quão truncada a movimentação do game o é. A animação dos personagens não flui de forma natural, é muito robótica. A maioria dos movimentos de batalha de Bruce possui somente um frame de animação. A coisa não muda de figura com relação à animação dos inimigos.

A movimentação dos inimigos em campo de batalha ou é demasiadamente lenta ou é demasiadamente veloz e a variedade de golpes pequena. Esses dois fatores, aliados a burrice de todos os inimigos, que podem ser derrotados apenas encantoando-os, faz com que as lutas se tornem monótonas e fáceis, o que para um game de luta é lamentável. A batalha final, contra o demônio, clímax do filme e, em teoria, do game, é tão fácil, tão boba, que fica difícil de engolir.

O visual do game é até interessante para quem conhece o filme, pois retratam, com um bom índice de fidelidade, os ambientes em que as batalhas foram filmadas na versão cinematográfica da história de Bruce Lee. Os personagens também seguram até bem a onda, apesar da precariedade da animação, afinal de contas, se o astro principal do game já sofre com uma animação ruim, o que dirá os inimigos.

A adição de lutas fora do contexto do filme é sem sentido e não adicionam nada ao game, se tornando completamente desnecessárias.

O som do game não possui nenhum demérito, mas também não é nenhum virtuose. É possível dizer que o som de Dragon: The Bruce Lee Story é a melhor coisa do game. As músicas dão o clima para as batalhas e o famoso “gritinho” de Bruce esta lá, intacto.

A jogabilidade tem seus altos e baixos, com o controle eventualmente respondendo de maneira muito lenta aos comandos realizados. Isso, aliado a já mencionada pouca variedade de golpes, faz com que o game se torne monótono e nada atrativo para quem gosta de se aprofundar em games de luta.

Um ponto interessante no game é a possibilidade de se variar entre a luta com as mãos e um Nunchaku com Bruce, fato esse que, caso a jogabilidade do game fosse competente, traria ao jogador o verdadeiro sentimento de se controlar Bruce Lee, afinal de contas, Bruce e seu Nunchaku são clássicos imortais!

Por fim vale ressaltar que o game tem um modo multiplayer para que duas pessoas possam se divertir ao mesmo tempo. Entretanto esse modo é o mais mal pensado o possível. No Multiplayer de Dragon: The Bruce Lee Story, ambos os jogadores jogam com um Bruce Lee para batalhar contra o mesmo oponente, seguindo a cronologia do filme, assim como no modo singleplayer, no entanto, um jogador acerta o outro. Como não existem mais de um plano de ação, afinal é um game de luta, se torna impossível jogar sem acertar o companheiro. Ao fim da luta, um tem de lutar contra o outro para derrotá-lo e fazer o amigo perder um continue. Não consegui compreender verdadeiramente se existia um propósito nisso, ou se foi somente falta de criatividade (preguiça) dos programadores em fazer algo melhor, se bem que, analisando o game como um todo, esse sentimento toma conta de todo o projeto.

Sei que estou caçando briga com muita gente que gosta desse game, basta dar uma olhada por ai em fóruns e em blogs. Mas a verdade é que, em um console que possui tantos bons títulos no gênero luta como o SNES, Dragon: The Bruce Lee History sobra, e sobra feio.

Existe também uma versão para Mega Drive, que é a mesma versão do SNES mas com o som um pouco piorado, ou seja, se tiver mesmo que escolher entre uma das duas, vai saber lá o porquê, escolha a versão SNES, agora caso tenha somente acesso a um Genesis, vá jogar Pit Fighter e seja bem mais feliz.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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