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Análise | Forspoken desperdiça bom combate em jogo problemático

A Square Enix atual é uma caixinha de surpresas, para o bem e para o mal. Ao mesmo tempo que a gigante japonesa pode premiar seus fãs com jogos do calibre de Final Fantasy VII Remake e Dragon Quest XI, também pode lançar bombas do nível de Ballan Wonderworld e Marvel’s Avengers.

Forspoken não fica nem tão ao norte nem tão ao sul, mas definitivamente é decepcionante. Com marketing agressivo por conta da exclusividade com o PlayStation nos consoles, deu a entender que seria um dos pontos altos de 2023, mas no momento figura entre os mais baixos.

De Nova Iorque para Athia

A história de Forspoken segue a linha clássica de mandar a protagonista que veio do mundo real para um mundo de fantasia. Você já viu isso em Alice no País das Maravilhas, que o jogo faz referência literal com um livro no apartamento de Frey, e também nos mangás do gênero Isekai. Frey é uma garota nova iorquina que cresceu sem os pais, levando uma vida problemática pelos subúrbios da cidade. A introdução é bem tocante e mesmo os maneirismos do diálogo e as fracas animações faciais dos personagens não prejudicam o objetivo de conectar o jogador à situação delicada que ela vive entre a vida do crime e o sonho de se mudar para um lugar melhor. Ao encontrar um bracelete dourado e misterioso no momento mais crítico da sua vida, Frey acaba viajando para outro universo, para um continente mágico chamado Athia.

Nesse momento somos introduzidos ao coadjuvante mais importante da história, que é o próprio bracelete. Ele fala com Frey o tempo todo e é a única que consegue ouvi-lo, dando início então aos problemas na história que estão amplamente divulgados nas redes sociais neste momento. A dinâmica entre os dois raramente funciona e a tentativa de dar um ar cômico para os diálogos acaba acertando poucas piadas e deixando tudo com aquele jeitinho de vergonha alheia e exagero desnecessário.

O cerne da história, no entanto, é interessante e por momentos te prende. Athia já foi um paraíso protegido por quatro grandes guerreiras chamadas Theias. Após um acontecimento misterioso o qual é chamado de Ruptura, as protetoras dessa terra enlouqueceram e começaram a atacar o próprio povo. Os efeitos da Ruptura atingiram também as pessoas, transformando a maior parte delas em indivíduos ensandecidos ou zumbis que vagam pelos campos. A última esperança da humanidade é uma cidade chamada Cipal. Não é preciso ser um detetive para imaginar que o objetivo será caçar as quatro grandes protetoras do passado e desvendar o mistério da Ruptura. Embora por vezes perca o ritmo, e os mistérios são desvendados muito rapidamente ou de forma vagarosa, o roteiro acaba guardando boas surpresas sobre o passado da protagonista e como ela estava o tempo todo conectado com Athia.

Em Cipal há um bom núcleo de personagens e é neste local que a história sobre a formação da magia e grupos deste mundo é contada, mesmo que por vezes mal aproveitada em missões secundárias construídas de forma pobre do ponto de vista da jogabilidade. No geral, o jogo tem pontos positivos no mundo aberto, como abordarei adiante, mas cai bastante de qualidade na cidade por conta das atividades enfadonhas e ritmo lento.

Destaque para o combate

Todo o aspecto da Ruptura é refletido no mundo de Forspoken. Os campos são grandes e vazios, povoados apenas por inimigos, muitos deles as pessoas que foram transformadas em zumbis, e as ruínas do passado. Com uma boa variação de cenários, seria um deleite explorar se não fosse os gráficos abaixo da média para um exclusivo da nova geração, e a performance terrível. No PS5, onde joguei, o modo fidelidade tenta manter a resolução na mais alta possível, mas o resultado não é dos melhores. Para piorar, não consegue travar o FPS em 30 nas lutas e em vários locais cai bem abaixo disso, dando lentidão na tela e falta de responsividade aos controles. O modo desempenho consegue ser ainda mais frustrante, com quedas absurdas de resolução, ficando às vezes abaixo de 1080p. Algo inaceitável em pleno 2023.

Mesmo com todos esses problemas técnicos, as mecânicas de travessia se destacam. À medida que novas árvores de habilidade vão sendo liberadas e Frey domina mais magias, a sua velocidade de transição pelo mundo aberto vai aumentando, com corridas mágicas, pulos, uma prancha para flutuar em alta velocidade pela água e saltos longos e poderosos para escalar os locais mais altos. Mesmo com objetivos distantes, não fica tedioso ir de ponto A ao B, já que o jogador se sente empoderado e no controle de alguém realmente impressionante.

O mundo aberto conta com várias atividades que a princípio são interessantes e você passa poucos momentos sem ter algo o que fazer. Há labirintos para explorar em busca de novos equipamentos, áreas para liberar, tesouros para encontrar e monstros poderosos para caçar. O problema é que a maior parte destas atividades gira em torno do combate, que apesar de ser o ponto alto do jogo, em algum momento inevitavelmente vai te deixar cansado. Isso é agravado à medida que o jogo avança, já que todas as áreas contam com as mesmas atividades e o mapa se torna mais um daqueles repletos de tarefas para marcar em uma listinha.

Falando mais do combate, ele permite que Frey domine magias de terra num primeiro momento, podendo criar plantas para ajudar nas lutas, prender inimigos com raízes e usar dessa ligação com a terra para correr mais rápido por ela. Por si só essa árvore de habilidades já é bem divertida de utilizar e demanda um bom tempo para ser toda liberada. No entanto, ela ainda aprende mais árvores à medida que vai derrotando as Theias e absorvendo seu poder. Há árvores de eletricidade, fogo e água, por exemplo, cada uma com um leque muito diverso de poderes especiais que funcionam tanto em combate quanto no mundo. Os efeitos das magias, suas diversidades, e quantidades de inimigos na tela impressiona e faz as lutas diversas vezes memoráveis, principalmente com tudo já liberado e podendo trocar de árvores para explorar a fraqueza de cada adversário.

As lutas contra os chefes também são bem legais e com boas animações no geral. O jogo acaba sendo bem fácil, o que por vezes frustra uma ou outra luta contra um ser poderoso, mas ainda assim consegue fornecer momentos empolgantes nestes embates. Mais uma vez, é uma lástima que a péssima performance atrapalhe tanto o jogo como um todo e mine o potencial que Forspoken raramente alcança.

Conclusão

Forspoken é decepcionante pelo que poderia ter sido e desperdiça um combate muito interessante e variado em um mundo aberto genérico, gráficos medíocres e diálogos pavorosos. O ponto mais baixo é definitivamente a performance técnica, muito abaixo da média, que é inaceitável em um jogo exclusivo para um console da geração atual. Ainda assim há o que elogiar, especialmente na jogabilidade, que com bom uso das magias consegue carregar a jogatina até ceder às atividades repetitivas de Athia.

Prós

  • Combate dinâmico e repleto de magias diferentes
  • A história do mundo onde o jogo ocorre é interessante e tem potencial
  • Travessia pelo mundo aberto é rápida e cheia de possibilidades

Contras

  • Gráficos e animações faciais aquém da geração atual
  • Performance e resolução minam todos os pontos positivos do jogo
  • Dinâmica entre Frey e o bracelete não funciona e os diálogos são ruins
  • Mundo aberto genérico e com atividades exaustivas
  • Atividades em Cipal e missões secundárias são mal construídas

Nota: 6,0/10,0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Square Enix para a elaboração desta análise.

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