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Final Fantasy XV: Episode Gladiolus

Eis que finalmente o primeiro DLC de expansão de conteúdo de Final Fantasy XV está entre nós. Ao contrário das atualizações e suporte (timed quests, entre outros) fornecidos ao game até então, Final Fantasy XV: Episode Gladiolus é um DLC pago, exceto para os usuários que adquiriram a season pass do game.

Como se trata de uma expansão de conteúdo de Final Fantasy XV, esse texto não possuirá o formato tradicional de review (com nota e afins). No entanto se tratará sim de uma análise crítica de o que Episode Gladiolus proporciona aos jogadores ávidos por sua chegada.

Esse DLC se foca no personagem Gladiolus e tem como propósito mostrar o porquê o brutamontes da party de Noctis deixou o grupo por um determinado período de tempo na campanha principal de Final Fantasy XV, bem como o que ele estava fazendo durante esse período.

Pode parecer a princípio que o jogador experimentará uma interessante e importante expansão no storyline de Final Fantasy XV e também de que conhecerá mais a fundo o personagem Gladiolus, mas infelizmente não é isso o que temos aqui.

Nessa DLC ficamos sabendo que Gladiolus, após uma derrota em específico durante a campanha principal, se sente inseguro com suas habilidades e resolve passar por uma provação que o fará ser um “Escudo do Rei” melhor e mais preparado a auxiliar o futuro rei Noctis. Para tal ele recorre a Coru para leva-lo ao local de tal provação, que culminará no embate contra Gilgamesh, também conhecido como “Senhor das Armas”.

A sinopse acima parece propositalmente rasa, mas isso é realmente tudo de storyline que é oferecido ao jogador. Nem mesmo as conversas entre Gladiolus e Coru, que deveriam ser relevantes ao expor fatos do passado de ambos, possuem peso narrativo, o que é decepcionante.

Antes do jogo em si começar, é possível passar por um tutorial para aprender o básico das novas mecânicas de combate de Gladiolus. É um tutorial simples, mas muito competente no que se propõe.

Quanto ao gameplay de Episode Gladious, temos dois polos bem distintos.

O ponto positivo é que controlar Gladiolus é bem diferente de Noctis, o que faz a experiência de combate ser algo bem único. Ademais, as mecânicas de combate apesar de simples, são divertidas e competentes.

Gladiolus empunha sua ignorante espada e um escudo. O ataque é realizado apenas se utilizando da espada, tendo como única utilidade do escudo defender ataques de inimigos. Defender adequadamente encherá o medidor de fúria de Gladiolus, o que garantirá ataques mais destruidores, enquanto atacar enche o medidor de ataques especiais, que pode alcançar até três níveis (inicialmente dois).

Não é possível ficar se defendendo o tempo todo. Ficar com o escudo em guarda gasta o medidor de defesa que quando chega a 0 deixa Gladiolus completamente vulnerável a investidas inimigas. É necessário fazer a leitura do que está acontecendo na tela para se defender e atacar nos momentos adequados.

O jogador é recompensado por realizar defesas “just in time”, permitindo um contragolpe avassalador. Mas é necessário se atentar a quem está atacando, pois existem momentos em que os inimigos realizam ações que não podem ser defendidas.

Há também a adição de real interação com o ambiente ao longo do combate. Aqui é possível arrancar colunas de pedra do chão e usá-las para atacar. É muito específico e deixa o jogador vulnerável a ataques inimigos, mas é divertido.

O combate com Gladiolus é mais baseado em timing, precisão e reação do que com Noctis e isso é interessante e renova a experiência. Graças e isso a batalha final contra Gilgamesh é intensa, recompensadora e desafiante.

Importante citar que level de Gadiolus não será o mesmo do último save point da campanha principal, ou seja, nada de “Escudo do Rei” overpower nessa DLC. Isso é algo contextualmente coerente ao momento do jogo de Final Fantasy XV em que Episode Gladiolus se passa.

Se de um lado as mecânicas de combate são muito boas, por outro é tudo o que esse DLC possui.

O ambiente em que ele se passa e basicamente um enorme corredor em que o jogador deverá seguir caminhando e derrotando os inimigos que à sua frente aparecerem. Não há nada além da “campanha principal” em Episode Gladiolus para se fazer.

O senso de exploração é nulo aqui. É verdade que existem itens a serem coletados ao longo da jogatina, mas como o cenário é simplório e linear, não se pode chamar o ato de procurar tais itens verdadeiramente de exploração.

Não há aumento de levels, não há acessórios novos a serem encontrados, tão pouco é possível equipar algum tipo de acessório. Os itens encontrados são somente os três únicos que podem ser usados ao longo do gameplay aqui: Pluma de Fênix, Poção e Superpoção.

Essa limitação de itens que são permitidos é bem estranha, tendo em vista que é possível que Gladiolus seja infectado por alguns status negativos. Nesses casos não há o que fazer senão aguardar tal mazela se findar.

Não é possível equipar outra espada que não a já equipada Claymore, tão pouco o escudo. Aliás, nem há informação acerca do escudo usado. Só é possível escolher entre dois Trajes, o da Guarda da Coroa com ou sem jaqueta. Posteriormente, em um replay da campanha, é possível escolher entre um terceiro, o novo “Vestimenta Rústica”.

Em suma, Episode Gladiolus se assemelha mais a um Hack and Slash do que a propriamente um action RPG e isso pode frustrar muita gente.

Outro problema é a duração desse DLC. Um jogador com o mínimo de experiência poderá finalizá-lo facilmente em menos de uma hora e meia. Esse tempo poderá ser facilmente reduzido em uma segunda investida, já que o jogador já saberá o como as mecânicas de combate funcionam desde o começo e poderá reiniciar a jogatina já com os dois mais poderosos especiais disponíveis.

Após finalizado pela primeira vez, dois novos conteúdos são disponibilizados. O primeiro deles é o Pontuação Competitiva, que nada mais é do que um time attack, no mesmo cenário e enfrentando os mesmos inimigos da campanha principal do DLC, visando a maior pontuação. O segundo é o Provação Final, que é uma batalha contra Coru, que sequer é mais desafiadora do que a contra Gilgamesh.

A trilha sonora é de pouca variedade de músicas, como era de se esperar, entretanto a qualidade é soberba.

“Somnus” e “Battle of the Big Bridge” ganharam versões exclusivas para Episode Gladiolus e continuam belíssimas. A segunda possui um tom muito mais animado, voltado para ação, que se incorpora muito bem no momento em que é executada ao longo da jogatina.

Das novas músicas, destaque para “Shield of the King” e o tema de batalha novo. A primeira é a música tema de Episode Gladiolus. Ela possui vocal e é tão épica o quanto se pode esperar de uma composição para um tema de Final Fantasy. A segunda é puro Rock and Roll e injeta a dose necessária de adrenalina no jogador para encarar cada uma das batalhas.

Por fim, a arma principal que se ganha ao final da batalha contra Gilgamesh, bem como o novo Traje mencionado ao longo do texto, ficam disponíveis para Gladiolus na campanha principal. O Traje é fraquíssimo, mas a arma é muito boa, apesar de não ser a melhor disponível.

O conjunto da obra de Final Fantasy XV: Episode Gladiolus tinha tudo para ser uma enorme decepção. Tal sentimento pode ser amenizado pelo baixo valor cobrado por seu download: somente R$15,50.

Se você é um grande entusiasta de Final Fantasy XV e esperava ansioso para mais conteúdo jogável desse universo, Episode Gladiolus vale sim a compra. Mesmo com pouco conteúdo, você vai se satisfazer. Caso esse não seja o seu perfil, ou seja, apenas gostou do jogo, ou mesmo não ficou muito satisfeito com Final Fantasy XV, o DLC não vale a compra, mesmo que a um preço módico.

Fica a expectativa que os episódios que se foquem em Prompto e Ignis possuam um conteúdo mais extenso e que possuam maior peso narrativo dentro do storyline de Final Fantasy XV.

PS: Episode Gladiolus acaba sem explicar o porquê diabos Gladiolus só retorna para a party principal, enfiado em uma roupa térmica, em um dado momento da campanha principal. Para um DLC que tem como foco mostrar ao jogador justamente o que Gladiolus aprontou enquanto estava distante de Noctis, Prompto e Ignis, ficou faltando essa explicação.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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