Análises

Myst

Lançado em 24 de setembro de 1993, o adventureMyst” marcou uma geração de gamers por apresentar um estilo inovador, situado numa ilha misteriosa bastante imersiva, além de ajudar a popularizar o então novo formato CD-ROM. O sucesso foi imenso, e logo se tornou o título mais vendido para PC na história, isso até o lançamento de “The Sims“, em 2002.

Foi criado pelos irmãos Robyn e Rand Miller, que passavam por uma fase economicamente difícil e que entraram nessa para ganhar uns trocados. O desespero era tal que eles nem faziam ideia de como começar o projeto do game, já que nenhum dos dois entendiam tanto de videogame assim. Resolveram criar algo voltado para o público adulto, com ênfase numa história simples mas atraente, com quebra-cabeças acessíveis a todas as pessoas e que fosse o mais real possível.

“Myst” coloca o jogador na pele de Stranger, um sujeito azarado que ao encostar num livro especial é transportado até a misteriosa e deserta ilha de Myst. Lá, o jogador usa outros livros especiais escritos por um artesão e explorador chamado Atrus, para viajar por vários mundos conhecidos como “Eras”. Pistas encontradas em cada uma das Eras ajudam a revelar as histórias dos personagens envolvidos – no contexto geral, um enorme drama familiar. O jogo possui quatro finais diferentes, dependendo das ações tomadas pelo jogador.

Inicialmente o seu estilo pode assustar muitos jogadores, que ficarão perdidos pensando “o que diabos devo fazer agora?“. Você simplesmente é jogado em uma ilha misteriosa sem uma viva alma, sem saber o que, onde, como ou porque fazer as ações que o jogo necessita. Não há introdução de personagens, nem contexto do ambiente, nada de tutoriais para jogabilidade ou dicas na tela do que fazer, coisas comuns nos games de hoje em dia. A primeira vista, não é uma tarefa fácil ou atraente para jogadores mal acostumados com telas de ajuda, mas com um pouco de esforço e imersão na narrativa, a experiência pode ser incrível.

A interface do jogo é a mais simples possível, com apenas uma mãozinha na tela para clicar nos cenários e objetos. Não há menus complicados ou lista de itens infinitos, apenas você e 2.500 áreas para explorar e mexer nas estranhas máquinas espalhadas, abrir fechaduras malucas e resolver os quebra-cabeças, nem todos tão intuitivos como gostaríamos, e realmente desafiadores.

Diferente dos adventures clássicos da LucasArts ou Sierra, “Myst” apresenta um universo 3D  com imagens estáticas pré-renderizadas, com visão em primeira pessoa, sendo que os visuais e a concepção artística são os elementos mais importantes do que diálogos ou menus. Para deixar a aventura mais dinâmica, há vários vídeos espalhados, que ajudam a aumentar a imersão, apesar da tecnologia limitada da época. É claro que, se comparado com os jogos atuais, “Myst” pode ser considerado bem primitivo e ultrapassado, mas para o padrão da época seus gráficos eram considerados bastante atraentes.

A trilha sonora é um dos elementos de imersão mais importantes de “Myst”, com a grande maioria dos temas memoráveis compostos por Chris Brandkamp. Ironicamente, os irmãos Miller eram contra músicas no game por acreditarem que isso atrapalharia a sensação de realismo, mas a distribuidora Broderbund achou um absurdo e conseguiu faze-los mudar de ideia. Os efeitos sonoros também fazem parte crucial durante a aventura, inclusive alguns quebra-cabeças têm solução através dos sons (como esquecer aquele maldito piano?).

“Myst” foi lançado originalmente para Mac, mas em pouco tempo ganhou versões e remakes para vários sistemas. Além disso recebeu quatro sequências e um MMO, mas nenhuma delas tão famosa ou importante quanto o original. O jogo não tem muito tempo de duração, inclusive, se o jogador chegar ao fim uma vez e souber tudo o que tem que fazer, pode terminá-lo em menos de três minutos. E quando você for se aventurar no game e se sentir perdido, lembre-se das três regras clássicas: restaurar energia das máquinas, seja através de água, vento, eletricidade, etc; olhar atrás de todos os objetos como portas e escadas e anote num papel (sim, usando uma caneta ou lápis, se você ainda lembra o que é isso) todos os símbolos estranhos que encontrar, eles podem ser usados em outros locais.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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