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Para analistas, o MMO Titan pode ter custado mais de US$ 50 milhões para a Blizzard

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Depois de 7 anos de desenvolvimento e poucas informações divulgadas, a Blizzard cancelou o MMO Titan, alegando que eles “não encontraram a diversão”, e para uma empresa que preza a diversão acima de tudo, o cancelamento de um projeto de larga escala é significativo e acabou virando notícia. O jogo nunca verá à luz do dia, e analistas do mercado financeiro norte-americano comentaram que o jogo pode ter custado uma fortuna para os cofres da empresa. O site Games Industry conversou com alguns analistas, e para o Michael Pachter (famoso analista da Wedbush Securities), se for analisar o custo de desenvolvimento com uma equipe de 100 a 200 pessoas, temos 100 mil dólares por ano para cada, chegando a um valor entre 70 a 140 milhões de dólares, e ele ficou triste por conta da Blizzard ter demorado tanto tempo pra perceber que o jogo não iria pra frente, e esperava que o jogo voltasse para a “prancheta de desenho”. O jogo chegou a ser reiniciado em 2013, mas aparentemente o desenvolvimento não deu certo.

Outra questão é que hoje o mercado de MMOs mudou radicalmente em comparação com 7 anos atrás. Antigamente as pessoas estavam dispostas a pagar assinatura pelo World of Warcraft, mas de lá pra cá foram surgindo outras opções mais baratas e com custos menores de desenvolvimento. Evolução dos dispositivos móveis, MOBAs gratuitos como o League of Legends (que consegue ter um faturamento enorme com skins e campeões regulares) e os MMOs free to play, e isso pode ter pesado nas decisões da empresa de competir com esse mercado com um produto novo, fora os MMOs ocidentais que estão tendo dificuldade para crescer, como o Star Wars: Old Republic, Wildstar e o Elder Scrolls Online. O Final Fantasy XIV está tendo um relativo sucesso, mas o jogo passou por um processo total de re-desenvolvimento, mas por ser um game da “marca” Final Fantasy acabou tendo mais chances de conseguir fãs e um faturamento regular para a Square-Enix.

Já o David Cole, da DFC Intelligence, comentou que na matéria que 7 anos é um tempo enorme, e pelas tecnologias mudarem rapidamente, eles tinham de “tirar o plugue” do Titan, justamente por conta dos custos terem de diminuir. O Hearthstone, por exemplo, está tendo um sucesso enorme e responde por 1/3 do faturamento da Activision Blizzard, tendo um custo muito menor de desenvolvimento. David acredita que a Blizzard possa continuar com foco em produtos de alta qualidade, mas também focar em produtos com ciclos de desenvolvimentos mais rápidos. “O mercado não é mais um local onde pode haver jogos com ciclos de 7 anos de desenvolvimento. Ele está mudando muito rápido”.

Em muitos casos, esse tipo de custo entra muito em “pesquisa e desenvolvimento”, e as tecnologias internas podem ser usadas em outros projetos. Para uma empresa do porte da Blizzard, que tem o World of Warcraft como carro chefe de faturamento e um faturamento enorme da Activision (que tem a série Call of Duty), eles poderiam dar ao luxo de ter um jogo sem prazo de término de desenvolvimento, como ocorria antes com os desenvolvimentos de Starcraft e Diablo III. Mas as coisas andam mudando. O Diablo III está vendendo bem, teve lançamento para consoles e tem o Hearthstone também ganhando destaque, mas ela sabe que as assinaturas do World of Warcraft caem ano após ano e as expansões a cada 2 anos está sendo difícil de segurar os jogadores, que acabam migrando para outras opções. Talvez a os executivos da empresa podem ter revisto que eles precisam fazer jogos com mais rapidez para continuar tendo um faturamento elevado e continuar mantendo a estrutura da Blizzard.

E em uma época onde o Hearthstone está tendo sucesso com o modelo F2P, provavelmente eles podem estar analisando internamente projetos futuros, já pensando em jogos com esse formato de monetização. Muitos MMOs de assinatura conseguem sobreviver hoje graças ao modelo F2P, mas há jogos que acabam forçando o jogador a pagar ou tem barreiras que dificultam o jogador que não queira pagar para jogar, e ele acaba desanimado e parte para outras opções. Fora os jogos de celulares e tablets, que estão ficando mais avançados e estão conseguindo um faturamento elevado, e promoções no Steam são bem atraentes para o jogador que não queira gastar muito. Os jogadores hardcore clássicos de consoles e PCs não curtem tanto esses tipos de jogos, mas tenho de admitir que o futuro dos jogos acaba indo um pouco para este lado. Terá espaço pra todos os tipos de jogos e públicos? Acredito que tenhamos sim, mas dependendo do custo de desenvolvimento, pode não compensar tanto pra empresa arcar com tudo isso no futuro. Em novembro teremos a BlizzCon, e saberemos os planos da Blizzard para os próximos meses.

Rodrigo Flausino

Editor de conteúdo do GameHall e do Select Game e desenvolvedor de softwares nas horas vagas. Meio ranzinza de vez em quando, mas é gente boa. Vivia reclamando. Gamer quase hardcore. Tem um PS3, um PlayStation 4 e um PC razoável que roda a maioria dos games atuais!

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