Análises

Prince of Persia Classic

Lançado em 2007 para Xbox Live e posteriormente, em 2008, para PSN, a aclamada série de games Prince of Persia ganhou uma versão que prometia atender as necessidades nostálgicas de jogadores Old School e mostrar aos jogadores mais novos um pouco da jogabilidade que cativou os jogadores das décadas de 80 e 90. Prometendo manter a essência de gloriosos tempos passados, mas com um visual totalmente refeito, surge Prince of Persia Classic, game do qual tratarei a seguir.

O game conta com a mesma história do clássico de 1989: O Vizier Real e poderoso feiticeiro Jaffar, assume o trono como sultão e quer de qualquer forma se casar com a princesa das arábias (Jasmim? “Just kidding”). Sua obsessão para com a princesa era tão grande que o levou a um momento “se eu não a tenho ninguém mais a terá”, assim sendo, Jaffar a prendeu dentro de uma gigantesca ampulheta que cobriria completamente a área inferior onde a princesa estava em uma hora, para ajudá-la a se decidir se casar-se-ia com ele ou não . Sua única esperança era seu pretendente a casamento que havia sido preso na masmorra do castelo, que nesse dado instante iniciava sua fuga da prisão a fim de se reencontrar novamente com sua amada. Agora esse homem sem nome terá tão somente uma hora para escapar por completo da masmorra, derrotar Jaffar e se encontrar com a princesa para fazer (…) não interessa seu tarado!

Desde o momento em que se inicia o jogo temos claramente a impressão de uma fantástica transposição do game clássico para as tecnologias atuais.

Os cenários estão absolutamente magníficos. Saltam aos olhos a beleza única que somente um ambiente das arábias poderia transpor. Essa beleza fica mais evidente ainda aos olhos de um jogador Old School, que terá bem vívida as lembranças de sua infância, completamente evoluídas visualmente com muita maestria. Por certo não faltou imaginação à equipe responsável pela concepção artística destes novos cenários.

Todo o game ganhou o aspecto visual de “Sands of Time”, tanto nos cenários quanto no design dos personagens, o que não é nada ruim se levarmos em consideração que o visual de “Sands of Time” é soberbo, tanto tecnicamente quanto artisticamente.

A animação dos personagens é outro aspecto a ser aplaudido. É uma animação que agrada muito mais aos olhos do que seu “irmão” mais velho de Playstation 3, o atual “Forgotten Sands”. Apesar disso, os personagens, em especial o “príncipe” continuam a ter uma movimentação bem travada, um mau que já existia no game de 1989, mas que me parece extremamente sem explicação aqui. Muitos dirão que isso é nostalgia, mas não acho que nostalgia tenha de ser aplicada para justificar problemas não compatíveis com a atual tecnologia com que lidamos aqui.

As batalhas estão mais demoradas e verdadeiramente mais fáceis, mas isso não chega a ser um incomodo. Aqui sim, a jogabilidade é bem mais fluida do que no game original, ainda assim é um pouco travada e não consigo aceitar isso pelos mesmos motivos acima mencionados.

Os puzzels e armadilhas, tão marcantes no game original, obviamente regressaram, no entanto com adições para o bem e para o mau.

As armadilhas, posicionadas milimetricamente para lhe causar raiva e emoção ao se passar pelas mesmas e sobreviver continuam lá, com a mesma tensão e perigo de outrora.

Quanto aos puzzels, e por consequência, a exploração e senso de imersão no game, Prince of Persia Classic perde feio para o original. Visando agradar a jogadores mais acostumados com “diversão eletrônica Fast-Food”, a equipe de produção optou por mostrar o caminho pelo qual o jogador deve seguir para o correto prosseguimento no game, por intermédio de uma borboleta azulada que voa em direção ao caminho correto.

Tal auxílio faz com que o jogador não se perca no cenário, alguns realmente complexos, e assim não se frustre por jogar várias vezes o game e não conseguir finalizá-lo dentro do tempo de 60 minutos condizentes com o tempo de vida que a princesa possui.

Entretanto, se por um lado isso ajuda o jogador a finalizar o game, por outro faz com que todo o senso de imersão se vá, afinal de contas o jogo clássico depende bastante exploração pelo cenário, correndo contra o tempo sempre. Sabendo para onde se deve seguir, não se sente o “peso” e importância limite de tempo no game, afinal de contas não existem motivos para não finalizá-lo dentro do tempo estipulado. Daí, surge mais um problema.

Jogando pela primeira vez o game e o finalizando, isso levando menos de uma hora, não se tem mais nenhum motivo para jogá-lo novamente, pois o game não possui segredos destraváveis e nem mesmo recompensas por troféus. Assim sendo, o replay vai à zero, o que é compreensível e bastante óbvio dado tudo o dito acima. Ora, o game de 1989 se sustentava nessa exploração e no “tente mais uma vez” para ser jogado de novo, se arrancam o único motivo de se jogar mais de uma vez o game, não se jogará o game de novo!

Em resumo, Prince of Persia Classic se tornou um game fácil, pequeno e que não dá devida motivação para ser jogado de novo, indo contra o próprio principio de agradar jogadores “Fast Food”, já que esses querem algo normalmente fácil, rápido, mas que os compensem com conquistas, sejam itens destraváveis no game para motivar uma segunda visita ao jogo, sejam troféus.

A trilha sonora, assim como no original, é somente incidental e pouco soma a esse remake. Na verdade sempre achei a trilha sonora o ponto mais fraco do game original, e isso não foi maximizado aqui.

Belo de se olhar, regular para se jogar, pífeo para cativar mais uma jogada, Prince of Persia Classic é um remake que agradou bastante crítica e jogadores Old School, mas que, não me motivou em nenhum momento a dar a ele muito crédito. No final das contas, é um game que, tenta sobreviver da magia do game de 1989 tão somente, mas que não parece ter procurado fazer nada a mais do que isso para se destacar por méritos próprios. É um game belo e que hipnotiza o jogador no primeiro momento, mas que, ao longo da jornada, se mostra um game muito mais “mascarado” do que digno da relativa atenção a ele dada pelo peso do nome que carrega.

Recomendo a jogadores Old School a dar uma olhada em Prince of Persia Classic tão somente por dois motivos, mas já aviso de ante-mão que acho melhor que revisitem o Prince of Persia de 1989.

Em primeiro lugar por ser um game relativamente barato, somente $9,90. Em segundo lugar, por ser um game exatamente como o original, porém extremamente mais belo, apesar de que, mesmo assim, não conter o charme “em si” do original.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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